Domingo 19 de Maio de 2024

Juventude

Entrevista

"Construção de um espaço não burocrático"

20 Jan 2005 | O jornal Palavra Operária entrevistou Bia, estudante de psicologia da PUC-SP coordenadora do CA de Psicologia, membro da gestão Catarse e militante do bloco “A Plenos Pulmões”. Essa militante independente é parte da importante luta pela construção de um pólo nacional anti-burocrático, e desenvolve abaixo suas idéias sobre a Conlute, o bloco “A Plenos Pulmões” e sua construção.   |   comentários

Palavra Operária: Qual sua opinião sobre a Conlute?

Bia: Eu acho que temos primeiro que pensar porque está sendo construindo essa nova coordenação. A UNE é um espaço onde a burocracia já domina, não pode ser mais pensada como um instrumento de luta. A construção institucional da UNE inviabiliza esse projeto. Ela já é desacreditada pelos estudantes, e por isso pensar uma UNE democrática e livre é impossível. A UNE não é um espaço a ser conquistado, é um espaço a ser destruído.

A gente tem que olhar para a conjuntura nacional e da América Latina, principalmente porque acho que estamos tendo um levante de governos populistas e que no caso do Brasil vem sendo implementadas reformas que são reformas tidas “para os pobres” , como é o caso da “Universidade Para Todos” , que você olha e fala “olha o governo, está ajudando a população” . Aqui na PUC-SP, estamos perdendo bolsas e recebemos vários informativos de que a reitoria está implementando o ProUni e como isso é bom para uma universidade democrática. O governo diz que está conversando com os estudantes, porque está conversando com a UNE. Se tivéssemos uma verdadeira coordenação dos estudantes, onde os estudantes fizessem a luta e não as entidades, acho que já teríamos barrado essa reforma. A reforma é só uma das coisas que os estudantes devem estar olhando. Deveríamos estar atentos num âmbito maior: reestruturar as grades para que a nossa formação fosse mais crítica e não voltada ao mercado. A universidade deve ser crítica porque para os fiéis já existe a Igreja.

PO: Por que você faz parte do bloco político “ A plenos pulmões” ?

Bia: Desde que começou esse debate da Conlute eu venho querendo participar enquanto independente. Aqui no CA, essa discussão vem acontecendo desde o primeiro Encontro Contra a Reforma Universitária. Desde então, a nossa gestão vem querendo entrar na Conlute para lutar para que esse espaço não seja mais um espaço burocrático do movimento. Durante a nossa luta em 2004, quando a gente radicalizou a ruptura com a UNE, eu tenho visto como atuam as diversas organizações no movimento.

Quando me apresentaram a tese que estamos defendendo, olhei e percebi que era um grupo político com o qual eu havia lutado em 2004 e que era menos sectário com o movimento. Li a tese e fui discutir já na primeira reunião do bloco na Casa Socialista, e percebi que, mesmo sendo independente, minhas idéias eram discutidas como quaisquer outras. Logo, concordando com a tese e com a nossa discussão, resolvi entrar no bloco. Eu acho importante entrar em um bloco porque a luta pela construção de um espaço de luta não burocrático não será uma tarefa fácil.

PO: Como você pretende construir “A plenos pulmões” na PUC e mais especificamente na Psicologia?

Bia: Primeiro vou ficar só na Psicologia, porque a Psico é um pouco mais complicada que os outros cursos. Temos uma renda “per capita” muito alta, e isso faz com que os estudantes sejam menos politizados. Eu acho que trazendo essa discussão pra uma linguagem um pouco mais da Psico a gente vai conseguir “conscientizar” os estudantes. Depois de um pouco mais de discussão, chamaremos assembléias para decidir como será nossa atuação na Conlute. E isso na Psico da PUC já está começando.

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