Segunda 6 de Maio de 2024

Movimento Operário

PARA ENFRENTAR AS DEMISSÔES

Como enfrentar as demissões: com pressão e negociação ou combate de classe?

07 Mar 2009   |   comentários

Diante das demissões na Embraer e demais empresas, como não poderia deixar de ser, as diversas estratégias das direções sindicais saem à luz. Os pelegos, como já falamos, se aliam aos capitalistas iludindo os trabalhadores de que não há outra alternativa que não seja aceitar os males da crise. Esses sindicalistas ’ CUT, Força Sindical, CTB etc. ’ se apegam mais aferradamente a esse sistema porque só podem manter seus privilégios ligando-se cada vez mais ao cadáver capitalista.
Está cada vez mais cristalino que com a tática de pressionar os patrões com manifestações e até paralisações esporádicas, por fora de um verdadeiro plano de luta ’ plano de guerra da classe trabalhadora contra a classe inimiga ’, só pode levar a patronal a abrir negociações que no final das contas garantirá demissões, rebaixamento salarial e retirada de direitos.

Diante das demissões na Embraer, o PSTU e o Sindicato dos Metalúrgicos de São José não têm preparado um plano de luta que unifique primeiramente os sindicatos da Conlutas para dar forças aos trabalhadores das empresas que sofrem ataques. Mesmo denunciando os capitalistas seguem com algumas ações isoladas, esporádicas, com o objetivo de pressionar a patronal a negociar, como se estivessem diante das conhecidas datas-base, nas quais se apresenta uma “pauta” e abre-se negociações para ver “o que se pode conquistar” . É justamente o contrário, pois os tempos agora são de crise capitalista e guerra patronal contra os trabalhadores.

Em entrevistas (vide site do sindicato) após a reunião com Lula (05/03), Mancha (dirigente do PSTU e secretário-geral do Sindicato), deixa claro a estratégia que seu partido utiliza diante das 4.200 demissões: organizar caravanas (de dezenas de trabalhadores) para pressionar Lula, com o objetivo de pressionar a patronal a abrir negociação com o sindicato. Como se fosse pouco, contribuem para que os trabalhadores continuem acreditando que a justiça burguesa pode ser uma “trincheira” de luta, e não apenas uma “manobra” a ser utilizada na luta operária condicionada aos métodos e objetivos hegemonizados pelos trabalhadores.

Ouvindo o áudio das entrevistas de Mancha e à ndio (presidente do sindicato) podemos descobrir algumas expressões importantes da pressão que esses sindicalistas ainda sofrem da estratégia “lulista-petista-cutista” de pressionar ’ mesmo com ações de luta ’ para negociar e resistir, não para vencer, derrotando os planos capitalistas e buscando impor partes significativas do programa operário. O repórter pergunta e Mancha responde: “O que seria esse ”˜negociar”™ com a empresa...? De nossa parte falar para a empresa negociar é falar sobre as bases que está: as demissões foram revertidas, portanto não existem as 4.270 demissões, elas foram revertidas pela justiça do Trabalho.” Ou seja, declara que pela ação da justiça burguesa as 4.270 demissões “não existem” mais, e que a patronal tem que aceitar essa “nova” situação! Todos sabemos que a justiça, por mais que tenha sido obrigada a conceder uma sentença favorável, que poderia servir para dar mais força aos trabalhadores em sua preparação de um plano de luta combativo, reverterá a decisão e amarrará o sindicato a “aceitar” um acordo que preservará os interesses da empresa, talvez diminuindo algumas demissões ou fazendo pequenas concessões. A única força capaz de garantir que as 4.270 demissões “não existam” será uma luta firme e bem preparada com os métodos da luta de classes ’ greves, piquetes, ocupações de fábrica etc. _, conquistando apoio popular para vencer. Até um repórter lembrou de perguntar se haveria um plano preparado, traçado, de luta contra as demissões na Embraer. Questionado se “Vai haver paralisação, greves...?” , Mancha respondeu: “ Estamos num processo de mobilização... e vão continuar...” , porém deixou claro sua confiança de que “amanhã a empresa reverta essas demissões” , não como produto de uma grande e exemplar luta, mas “atendendo pedido da justiça do Trabalho” . Outro repórter perguntou: “Cruzar os braços é opção de vocês...?” , tentando compreender qual o plano “de luta” . Mancha respondeu: “ Sim, está avaliado, se no final dessa história não se chega a uma conclusão, a greve está colocada como uma possibilidade.” Vejam que para Mancha a greve seria uma “possibilidade” ’ não parte de um plano concreto que estivesse sendo preparado com os trabalhadores ’ mas mesmo assim somente “no final” , caso não se chegue “uma conclusão” (acordo com o patrão).
É preciso que a Conlutas mude o rumo e leve à luta de classes o programa de transição que utilizam para fazer propaganda em seus jornais e boletins, podendo responder aos ataques dos capitalistas.

Val Lisboa

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