Domingo 19 de Maio de 2024

Juventude

Programa para o CEUPES da USP

Chapa "A Plenos Pulmões"

06 Nov 2007 | Esse ano se deu uma das mais importantes greves na USP e nas estaduais. A partir da radicalização dos estudantes com a ocupação da reitoria, foi conformada a greve com dezenas de cursos e assembléias massivas. Para a Chapa A Plenos Pulmões, é fundamental que o movimento saiba extrair lições não apenas das lutas que travou, mas também de todas as principais lutas estudantis, operárias e populares que já aconteceram. Se não souber aprender a superar cada debilidade que descubra em seu seio estará condenado a recomeçar sempre do ponto zero. É necessário tornar essas lições parte do patrimônio do conjunto dos lutadores do ME, preparando cada vez melhor, os novos lutadores, no sentido de organizar um setor do movimento combativo, que busque se aliar aos trabalhadores e que na sua prática cotidiana trave a luta contra aqueles que hoje mandam na universidade, a burocracia acadêmica.   |   comentários

SE ATACAM UM, ATACAM TODOS! PELA DEFESA DOS OCUPANTES E GREVISTAS!

A partir da década de 90 se dá uma multiplicação sem precedentes das universidades privadas que hoje estão em séria crise de “superprodução” , com diversas vagas ociosas. Ao mesmo tempo, as universidades públicas se tornam cada vez mais precarizadas e a sua pesquisa cada vez mais elitizada e direcionada ao capital. O governo Lula responde a essa crise com um discurso de “democratização da universidade” , com pequenas concessões e grandes ataques. Primeiramente, com o PROUNI, enquanto propagandeava o acesso à universidade aos pobres (em um número ridículo), garantia o lucro dos grandes empresários do ensino pagando bolsas. Agora, vem aplicando o REUNI, que contém uma expansão de vagas nas universidades federais, porém não garante verbas sequer para manter as más condições de ensino que temos hoje. Por trás da demagogia da ampliação do acesso à universidade pública, constrói grandes “escolões” de mão-de-obra barata, ao mesmo tempo que elitiza ainda mais a pesquisa.

A greve das estaduais foi uma resposta a esse processo que se dava estadualmente pela via dos decretos. Porém, a partir da radicalização do movimento, abriu espaço para uma série de ocupações nas universidades de todo o país. Hoje existem diversas universidades com a sua reitoria ocupada, contra o REUNI, expressando a disposição de luta dos estudantes frente a todos esses ataques.

A burocracia acadêmica, enquanto seleto grupo de professores titulares que controlam a universidade, está completamente comprometida em garantir esses ataques e por isso reprimem os estudantes seja com sindicâncias como na Unicamp, com mandatos de prisão na Unesp Araraquara, com a entrada da tropa de choque na universidade com na Fundação Santo André, Unifesp, UFF...

Esse processo não se dá somente entre estudantes, pois ao mesmo tempo foram 63 metroviários demitidos por organizarem greves, trabalhadores das estaduais indiciados pela ocupação da USP, controladores de vóo presos por paralisarem suas atividades e o projeto aprovado de “regulamentação das greves” que busca, na verdade restringir esse direito e permitir a repressão àqueles que se organizam.

É fundamental que o M.E. responda a essas questões e que organize uma ampla campanha contra a repressão, reivindicando os nossos métodos de luta e a independência do movimento frente à burocracia acadêmica, aos governos e ao estado. Não podemos permitir que estes setores respondam à sua maneira as mobilizações que se dão pelo país, e para isso é necessário estar junto aos trabalhadores nas suas lutas e construir essa campanha, na defesa do direito de greve.

TODO APOIO ÀS OCUPAÇÕES!
CONTRA O REUNI!
CONTRA A REPRESSÃO AOS ESTUDANTES E TRABALHADORES!
PELO DIREITO DE GREVE!

REVOLUCIONAR O NOSSO CURRÃ CULO! REVOLUCIONAR A UNIVERSIDADE!

Não queremos apenas reformas, que tem se mostrado uma grande utopia... É necessário revolucionar a universidade!!!

Hoje o nosso curso é estruturado, não no sentido da compreensão da sociedade e da sua transformação, mas sim na perspectiva de justificar teoricamente o que está colocado. Não é a toa que o estudo do marxismo gira em torno apenas da Sociologia II e da fundamental obra “O Capital” e freia justamente na teoria política e de estado de Marx. Por que será? O que prima é exatamente a tentativa de naturalizar a democracia e o estado burguês, como vemos nas matérias de Política os debates sobre voto aberto ou fechado, parlamentarismo ou presidencialismo e todas essas questões fundamentais para a superação das mazelas do capitalismo!!!!!!!!
Todo o nosso currículo, longe de armar os estudantes como sujeitos que pensam a realidade e buscam transformá-la, objetivo de muitos de nós quando entramos na Ciências Sociais, está comprometido em formar importantes quadros da política nacional como o FHC, Eva Blay (ministra do governo FHC e professora da sociologia), Paul Singer (porta-voz do governo Lula e professor da política) ou de excelentes conselheiros dos partidos burgueses e do estado, como Limongi que integra um fórum de discussão para reformar as instituições políticas brasileiras com figuras como: Renan Calheiros, Aldo Rebelo, Marco Maciel e Severino Cavalcanti. Se preferirem, também Amâncio, que pesquisa ALCA junto à Câmara de Comércio Norte Americana!
Ao departamento de Política que lançou uma carta reivindicando a “excelência” da universidade e a necessidade de restringir radicalmente o movimento sindical de trabalhadores nas universidades (certamente a este departamento um sindicato combativo como o Sintusp não é um exemplo nem de democracia nem de métodos políticos) é necessário que o movimento estudantil combativo responda questionando o que é a espinha dorsal da universidade: a produção de conhecimento.

Desta forma que achamos que temos que lutar por um currículo que nos dê base para o questionamento da sociedade e sua superação radical. Matérias como filosofia, história, teoria do conhecimento e arte deveriam ser base de nosso curso. Não podemos mais aceitar que vários professores queiram jogar em nossa cara que não sabemos a filosofia de Kant... sem ter filosofia... Ou alguns como Leopoldo Weizbort que chega a dar aula inicial do curso de sociologia em alemão... sem ter alemão! Queremos sim saber alemão, francês, etc, então que os professores estejam junto a nós nesta luta!

Também não podemos aceitar que um cientista social se forme sem um debate constante das principais questões nacionais e internacionais. Alguém se lembra de alguma grande discussão sobre o mensalão, ou a guerra do Iraque e, mais recentemente a crise na economia mundial na Sociais? Infelizmente, a intelectualidade prefere se calar nas salas de aulas e mostrar seu posicionamento político no planalto central e na casa branca! Lutemos para que exista na formação de um cientista social matérias que nos liguem à realidade nacional e internacional nos dando base para uma formação crítica e questionadora que não tire nossa sensibilidade social, como tanto tenta fazer hoje a grande Ciência Sociais uspiana.

Por matérias de economia política, teoria económica e economia atual oferecidas pelos departamentos da Sociais!
Línguas como parte de nosso currículo!
Formação crítica: filosofia, teoria do conhecimento, história, artes!
Acabemos com o status quo professor iluminado X estudante ignorante!
Por uma faculdade a serviço dos trabalhadores!

Combater a burocracia universitária parasita que mantém um regime feudal na universidade

A burocracia universitária não é um ente abstrato: é um setor minoritário que parasita a universidade do mesmo modo que a burguesia parasita a sociedade. É parte dos professores que nos dão aula e que fazem parecer que a universidade não sofre as influências das contradições sociais para assim legitimar seu feudo e utilizar as verbas públicas como fonte de privilégios pessoais e profissionais. Como parasitas que são, a burocracia acadêmica suga e por isso defende o regime universitário tal como é: racista, elitista e a serviço de naturalizar e prolongar a nefasta vida da sociedade burguesa que mata trabalhadores e o povo pobre de fome, de doença, de guerra, de violência policial...

É necessário lutar contra a atual estrutura de poder, na qual meia dúzia de professores titulares iluminados decidem e organizam o nosso curso nas reuniões de departamento ou na congregação. Os estudantes e trabalhadores devem poder decidir sobre os cursos e a universidade! Precisamos concretizar em nosso programa e em nossa prática a negação da universidade atual, por uma nova universidade, não crítica em abstrato, mas a serviço dos trabalhadores e do povo, que se expresse em seu acesso, conteúdo, formação crítica e capaz de alçar teorias e respostas à exploração e opressão do sistema capitalista e à sua superação. Não basta ser “crítica” em abstrato, afinal a universidade será criticamente defensora dos empresários ou dos trabalhadores? Neste sentido também achamos que qualquer tipo de filtro para entrar na universidade como o vestibular tem que acabar e que temos que levantar uma luta conjunta com os estudantes das particulares pela estatização das universidades, como votamos em no Encontro Regional de Ciências Socais de 2007.
É um absurdo que podemos votar para presidente e não para reitor!!! E mais, quando nos deixam votar em algumas universidades, nosso voto vale 300 vezes menos que o de um professor. Basta! Eleições diretas para reitor e todos os cargos da universidade, sem necessidade de titulação, com voto universal!

Abaixo a estrutura de poder feudal da USP!
Abaixo a universidade elitista e racista!
Fim do vestibular e estatização das universidades privadas!
Por uma universidade a serviço dos trabalhadores e do povo!

Por um Centro acadêmico combativo, militante e democrático.

Entendemos que o CA é uma ferramenta política do conjunto estudantes para conquistar nossas demandas, sendo assim, deve ser capaz de responder aos principais problemas que hoje se colocam para o novo ME: a repressão que a burocracia acadêmica e os governos promovem contra as mobilizações para garantir que as “suas” universidades aprofundem o rumo privatizante e sucateado, ligando-as cada vez mais ao capital privado, como forma de resolver a crise da universidade, o que só podemos conquistar se nos aliamos ao conjunto de estudantes (de dentro e de fora da USP) e aos trabalhadores.

Defendemos a mais ampla democracia no movimento estudantil para responder a todas as questões colocadas hoje e achamos necessário um centro acadêmico ligado aos estudantes, que esteja nas salas de aula e que construa assembléias preparadas.

Porém, não há uma democracia que possa se erigir em valor absoluto, ser neutra, diante do conflito entre estudantes que defendiam a greve e os que a furavam. Obviamente a adesão à greve pressupõe o diálogo e a concordância da maioria dos estudantes em assembléias. Porém, assim que esta etapa da greve for cumprida (debate/decisão) a liberdade que Eduardo Marques exigia de dar aula, por exemplo, é a liberdade de enfraquecer o movimento. Para convencer a maioria dos estudantes, o movimento deve ser muito criativo e paciente, mas diante dos setores estudantis e docentes fura-greve o movimento estudantil deve utilizar seus métodos para se defender e avançar!
Defendemos a mais ampla democracia no movimento estudantil para todos os estudantes que se oponham à repressão contra os ativistas das greves e ocupações e propomos que todas as vertentes deste setor possa se expressar igualmente na gestão do CA através do critério da proporcionalidade. Isso significa que estudantes que defendem a punição aos lutadores não devem ser permitidos na gestão das nossas ferramentas de luta: se defendem a repressão que se organizem na polícia e com a reitoria! O CA é arma do movimento!

Nem o velho reformismo petista, nem o novo reformismo sem conteúdo!

As atuais ocupações nas universidades federais são mais uma prova do que já apontavam as ocupações no primeiro semestre: está surgindo um novo movimento estudantil radicalizado e combativo! Este novo movimento precisa de um novo programa que acabe com as práticas viciadas no petismo, o modo petista de militar.
O modo petista de militar, grosso modo, é aquele que, no movimento estudantil se limita a pensar calendários, dar respostas organizativas a problemas que são políticos, que falam de democracia mas se colocam contra qualquer forma de democracia direta, que atua com a lógica de mobilizações de pressão sobre uma ala da burocracia acadêmica, que vocifera a “unidade” , mas sem um conteúdo que de fato represente nossos interesses, que SEMPRE fala que fomos vitorios, independentemente se sofremos uma derrota fragorosa.....
Enfim, para combater essa prática, de nada adianta propor comissões no nosso curso para responder a burocrática Reunião Ampliada. A resposta organizativa não pode substituir a política. Todos os estudantes lembram do papel que cumpriram as comissões durante a ocupação... longe de massificar e unificar os estudantes, se constituiu como um grupo de poucos que falavam por milhares.... É necessário radicalizar o nosso programa!

O movimento estudantil precisa de um programa que oriente a sua prática e não seja “papel molhado” . Somente quando colocamos claramente nossas perspectivas e concepções, é que podemos avançar no que nos propomos. O que pensam os companheiros da “Reflorestando” e “Bandeira sem Bandarra” sobre o mundo? Como os companheiros propõem unificar os estudantes das federais que estão em luta? Como responder a atual crise da universidade? Como combater o conteúdo que hoje é dado no nosso curso? Para a Chapa A Plenos Pulmões, se negar a responder ou não ter a perspectiva de pensar essas questões, pouco ou nada mudam do que foi o velho movimento petista: presos nas armadilhas e nos limites que colocam os governos e a burocracia acadêmica. A negação de ambas a chapas da teoria e de uma concepção política capaz de contestar, minimamente a ordem vigente caminha para essa direção.

Por isso, é fundamental elaborar um programa que não se limite ao que é mínimo e parta exatamente dele para questionar de maneira mais profunda a universidade, ao mesmo tempo em que parta do balanço das nossas práticas, dos processos de luta. Reivindicamos nossa atuação durante a ocupação da reitoria da USP quando lutamos em um primeiro momento contra o PSOL (parte da chapa Reflorestando), PSTU e o próprio DCE na defesa da ocupação frente aos que no segundo dia queriam desocupar, porque já éramos vitoriosos.

Ao mesmo tempo fomos contra a corrente mostrando a necessidade de massificar a greve através da constituição de um comando de greve composto por delegados mandatados nas assembléias de base e revogáveis. Esta era a única maneira de compor uma direção ao mesmo tempo democrática e capaz de unificar os milhares de estudantes e funcionários dispersos pelos muitos campi que estavam em luta, fazendo com que as assembléias de base, os estudantes no curso, decidissem sobre os rumos da ocupação, assim como nos mostrou: a experiência da grande greve estudantil da Universidade Autónoma do México (UNAM) e das lutas contra a Lei do Primeiro Emprego (CPE) na França que conseguiram se massificar pondo em prática a forma mais avançada de democracia no movimento, a auto-organização!

O Movimento A Plenos Pulmões é composto por militantes da LER-QI e independentes

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