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Mulher

8 DE MARÇO

Bloco Pão e Rosas no ato da Conlutas

10 Mar 2008   |   comentários

Reuniram-se dia 8 de março para comemorar o Dia Internacional da Mulher cerca de 500 pessoas na marcha convocada pela Conlutas em São Paulo. A LER-QI impulsionou o Bloco Pão e Rosas composta por militantes desta organização e independentes. Também estiveram presentes ao ato o PSTU, além de outras organizações da esquerda, militantes da CST, e de coletivos de mulheres de diversas partes de São Paulo.

O ato se originou após a ruptura com a Marcha Mundial de Mulheres, que é dirigida pela DS do PT, assumindo um caráter anti-governista e pelos direitos da mulheres, em especial a luta pelos direitos democráticos das mulheres, como o direito ao aborto legal, seguro e gratuito para não morrer, igual salário por igual trabalho, pela infra-estrutura necessária para acabar com a dupla jornada de trabalho, além da necessidade de lutar contra o imperialismo e os governos capachos da América Latina.

O Bloco Pão e Rosas foi o único bloco a levantar como eixo o abuso sofrido pela menina presa no Pará, estado governado por Ana Júlia Carepa, integrante da DS que cinicamente organiza a Marcha Mundial de Mulheres. Sob o canto de: “Meninas em cadeias estupradas no Pará! Abusos de mulheres não podemos aceitar! A todos os culpados nós temos que punir! E o governo conivente do PT tem que cair!” o Bloco Pão e Rosas levou à frente o que deve ser o início de uma campanha contra esta violência criminosa que se realizou com a cumplicidade de uma das mais ilustres membros da “feminista” DS.

Outra questão chave levantada pelo Bloco Pão e Rosas foi a luta pela defesa dos direitos das mulheres mais exploradas por esta sociedade capitalista: as trabalhadoras precarizadas. Sob as consignas de “Só vemos precarização! Do patrão só demissão! Está faltando até o feijão, o patrão que demite tem que ter punição! Lula quer nos atacar, nossos direitos retirar! Temos que nos organizar pelo direito à greve, para poder lutar!” , as e os integrantes do Bloco Pão e Rosas colocamos a luta pela unidade das fileiras operárias como uma das tarefas mais importantes para o imediato. Para nós, esta luta tem que ser um dos eixos a serem tomados no Encontro de Mulheres da Conlutas, em 21 de abril. É preciso que os sindicatos que integram a Conlutas discutam e tirem ações para defender e incorporar as demandas das mulheres precarizadas. Esta é uma questão vital para que a luta da mulher não fique restrita a um ato no 8 de Março, mas que seja parte de um combate permanente até que nossas demandas sejam atendidas. Chamamos os companheiros e as companheiras do PSTU a tomar seriamente esta questão, até o momento ignorada, ou como mínimo, não tratada conseqüentemente por eles.

As camaradas da LER-QI que fizeram intervenções no carro de som, também lembraram que apesar de ser um passo progressivo ter rompido com a Marcha Mundial de Mulheres e constituído um ato anti-governista no 8 de Março não é possível deixar de levar esta luta até o final. Assim, a trabalhadora do Judiciário, Sheila D denunciou a reacionária posição de Heloísa Helena de impulsionar a campanha da Igreja de “Por um Brasil sem aborto” . Lembrando que como dizia Trotsky o direito ao aborto é um “triste direito” , Sheila ressaltou ainda que defender a mesma posição de Heloísa Helena é condenar à morte milhares de mulheres, sobretudo as trabalhadoras e pobres, ou a serem vítimas de seqüelas e de humilhações. Infelizmente, as companheiras e companheiros do PSTU seguiram sem se pronunciar sobre a reacionária posição da principal dirigente do PSOL.

Isso se deu mesmo tendo em vista que nas reuniões preparatórias do ato em São Paulo, por proposta apresentada pelo Bloco Pão e Rosas, diferentemente dos atos em todos os outros estados, foi aprovada a denúncia à campanha da igreja e de Heloísa Helena, mas posteriormente essa denúncia foi “vetada” pela direção do PSTU e não saiu nos panfletos do ato. Por outro lado, ao se negar a travar uma luta conseqüente contra o governo, a DS, campanha da igreja e de Heloísa Helena, no Rio de Janeiro a Conlutas se diluiu em uma manifestação petista e governista e na qual nem mesmo direito à fala teve.

Mara do Hip Hop, militante da LER-QI falou contra a precarização e terceirização e denunciou a violência policial, que tem como principais alvos os jovens negros, e saudou a luta das mães de Salvador, que se uniram aos moradores de suas comunidades e saíram às ruas denunciando essa realidade. Fez também um chamando as e aos companheiros do PSTU a combater abertamente as campanhas reacionárias da Igreja e de Heloisa Helena contra o direito ao aborto. Colocou a necessidade de que se dê um basta em que essa luta política não seja dada por causa dos acordos eleitorais para esse ano, como se expressou na reunião da Conlutas no Rio de Janeiro há poucos dias.

Simone Ishibashi, também membro da LER-QI, lembrou a brutal repressão sofrida pelas companheiras da Via Campesina no Rio Grande do Sul, que resultou num saldo de cerca de 65 feridos, compostos por mulheres e crianças. Esta repressão é apenas mais uma prova de que ao contrário do que opina o PSTU, a polícia independente de fazer greve, não é composta por “trabalhadores da segurança pública” , mas de cães de guarda da burguesia que não hesitam em reprimir violentamente mulheres e crianças.

Flavia Vale, militante da LER-QI e do Movimento A Plenos Pulmões, colocou que a repressão se dá no mesmo momento em que estudantes estão sendo sindicados e punidos nas universidades; em que moradores dos morros e favelas são mortos pela polícia, em especial jovens negros; em que os trabalhadores sofreram punições ou demissões, como os metroviários de São Paulo que ano passado sofreram 80 demissões após a greve. Estes ataques vêm do governo Lula, Serra Sérgio Cabral e Ana Júlia Carepa. Desta forma, uma marcha classista e feminista tem que ser o exemplo a todos os estudantes e trabalhadores e servir para denunciar a violência policial, o trabalho precarizado, a dupla jornada de trabalho e os governos burgueses, que colocam sua política contra a classe trabalhadora.

Nós, que impulsionamos o Bloco Pão e Rosas, queremos levar esta luta adiante. Portanto, queremos discutir com todas as companheiras e companheiros um plano de luta que seja capaz de sair das palavras e passar à ofensiva. Para isso é chave lutar pelos direitos democráticos das mulheres, como o direito ao aborto, e pelas demandas das mulheres trabalhadoras.

Marcha Mundial de Mulheres homenageia o governo Lula

A Marcha Mundial de Mulheres reuniu cerca de 2000 pessoas numa verdadeira festa governista, de “Viva o governo Lula” . No cúmulo do cinismo a direção da DS, principal organizadora da Marcha, celebrou as políticas públicas “dedicadas às mulheres” , da quais faz parte aberrações como o “bolsa-estupro” , proposta que travestida de “assistencialismo” naturaliza inadmissível violência que é o estupro, fazendo coro com a política da Igreja.

Participaram da Marcha da DS, outras organizações como o PSOL que levantou de maneira vaga o lema de “contra as reformas neoliberais” , e a Intersindical, no qual tem peso hegemónico. A presença do PSOL neste ato mostra sua adaptação ao governo e ao regime, que permite que participe de um ato de defesa do governo e ao lado da organização da governadora do Pará.

Presença que seria cómica, se não fosse trágica, pelo nível de completa desorientação que expressa foi a do PCO, que esteve na Marcha Mundial de Mulheres, com a DS e companhia. O PCO que diz que o PSTU é a ala “esquerda da frente-popular” , terminou sendo ele próprio esta ala ao integrar a Marcha Mundial de Mulheres ao lado do PT e da burocracia governista. Uma posição lamentável.

Lutaremos para que os setores honestos que seguem tendo alguma ilusão nestas direções traidoras e cínicas do PT avancem para superá-las. É neste sentido que atuaremos na preparação do Encontro de Mulheres da Conlutas.

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