Sexta 3 de Maio de 2024

Movimento Operário

PROPOSTAS PARA O I CONGRESSO DA CONLUTAS

Avançar o classismo e a independência política dos trabalhadores na Conlutas

02 Jul 2008 | Nossa delegação é composta pela Liga Estratégia Revolucionária (LER-QI), pelo movimento juvenil A Plenos Pulmões e por trabalhadores e estudantes independentes. Nesse material, apresentamos aos delegados e participantes do I Congresso da Conlutas nossas posições sobre os temas que consideramos mais importantes a serem discutidos e votados. Essas propostas foram elaboradas por trabalhadores efetivos e terceirizados da USP, da Unesp, aeroviários, metalúrgicos, metroviários, gráficos, bancários, judiciários, professores, previdenciários, da Sabesp, do IBGE, da saúde, tele-operadores, servidores públicos, além de ativistas do movimento estudantil, do movimento negro e feminista. Estaremos junto com o Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp) lutando pelas resoluções que estão propondo no caderno de resoluções porque em nossa opinião apontam no sentido de aprofundar o classismo e a luta antiburocrática na Conlutas. Chamamos a todos que tenham acordo com as propostas que aqui levantamos a atuar junto conosco no Congresso.   |   comentários

Pedimos para Claudionor Brandão, dirigente da LER-QI e diretor do Sintusp, explicar qual é a perspectiva que nossa delegação propõe para a Conlutas e, nesse sentido, para este I Congresso.

Em primeiro lugar, quero saudar os participantes do Congresso em nome da nossa delegação e dizer que estamos aqui para contribuir com propostas para que este seja na prática um marco para a luta dos trabalhadores e da juventude. Afinal, foram delegados eleitos em todo o país nos mais diversos segmentos, e está colocada mais uma oportunidade para que possamos votar resoluções e tarefas capazes de reorientar nosso combate ao governo, aos patrões e à burocracia sindical, para barrar os ataques e passar à ofensiva em defesa das demandas dos trabalhadores e da juventude.

O governo Lula está num momento de alta popularidade, baseado no crescimento da economia, e conta com o apoio das direções burocráticas das centrais sindicais que impedem qualquer luta elementar contra os ataques das patronais, as medidas do governo e a repressão ao povo pobre e negro. Por isso, este Congresso pode ser muito importante para discutir como superar este isolamento, avançar na coordenação, no programa e nas campanhas que a Conlutas necessita adotar para influir na sua própria base e das outras organizações sindicais.

Para isso, esse Congresso precisa superar os encontros em que, apesar dos esforços dos trabalhadores e sindicatos de todo o país para estarem presentes, se votam resoluções combativas, mas o que se leva à frente na prática são somente os calendários de marchas e atos que são importantes, mas insuficientes. Por exemplo, a Conlutas já reuniu cerca de 3.500 no Conat em 2006 e cerca de 6000 em 26/03/2007, em conjunto com a Intersindical e outros setores. Mas vejamos alguns exemplos de ataques importantes que vêm sendo implementados sem maiores resistências organizadas por esses encontros. Foi o caso do Supersimples, um ataque à maioria dos trabalhadores do país apoiado pelos deputados do PSOL. Houve milhares de demissões em todo o país, seja por crise das empresas ou demissões políticas, mas não houve nenhuma campanha nacional. A inflação segue corroendo o salário dos trabalhadores e, apesar de termos votado no Conat o salário mínimo do Dieese, nenhuma ação concreta foi organizada. Pelo contrário, a Conlutas impulsionou uma campanha pelo salário mínimo de R$ 700,00, para chegar ao do Dieese em 4 anos (mais próximo dos R$ 602 do PSOL). Segue se aprofundando a perseguição a centenas de mulheres como criminosas por terem realizado aborto clandestino, e não é impulsionada nenhuma campanha democrática.

É por isso que propomos que este encontro comece a forjar uma nova tradição na Conlutas, onde não nos contentemos com os discursos socialistas, mas que organizemos a luta pelas principais questões que afligem os trabalhadores e o povo, partindo de dar um exemplo de classismo e luta contra a burocracia sindical nos sindicatos da Conlutas.
No Brasil, enquanto a inflação está comendo nossos salários, a juventude pobre e negra está sendo exterminada nas favelas, e apesar do discurso do governo o desemprego segue existindo! Isso não se responde somente procurando a unificação organizativa com a Intersindical, como os companheiros do PSTU fazem parecer ao colocar todo eixo nessa questão. A unidade dos trabalhadores é importante, mas tem que ser ao redor de um programa e uma perspectiva comum e classista. A principal unidade que devemos buscar é unindo efetivos e terceirizados e rompendo com a prática corporativa das datas-base que regulamenta a luta de classes e divide as categorias.

Para avançar no classismo na Conlutas, não podemos permitir que os acordos eleitorais com o PSOL (que praticamente não está na Conlutas) determinem nossas orientações, como o PSOL exigia e chantegeava com a ruptura do MTL mesmo depois de várias concessões incorretas. Defendemos que a Conlutas não dê nenhum passo atrás em relação ao combate necessário ao chavismo, que vem sendo um obstáculo para que os trabalhadores rompam suas ilusões na democracia dos ricos e seus governos, adotando uma perspectiva de independência de classe.
Nesse sentido, chamamos o Congresso a discutir uma política classista para as eleições, debatendo o caráter da Frente de Esquerda com o PSOL que, para nós, leva à conciliação de classes. Queremos nos apoiar na força deste congresso para impulsionar uma Frente Classista e Socialista.

Chamamos os companheiros a lerem todas as nossas propostas, que em grande parte conseguimos aprovar na minha categoria (os trabalhadores da USP) e que temos orgulho de estar protagonizando uma série de lutas e agora damos um passo à frente propondo resoluções avançadas para o Congresso da Conlutas. Chamamos todos os que tenham acordo com nossas posições a juntar-se conosco para lutar por essa perspectiva para a Conlutas.

Seguem algumas resoluções que aprovamos no Sintusp e que apoiamos totalmente:

Pelo internacionalismo proletário e a independência política em relação a todos os governos capitalistas
”¢ Nenhuma confiança nos governos da América Latina como Lula, Chávez e de Evo Morales, nem no recentemente eleito Lugo, do Paraguai!

Uma clara definição antimperialista
”¢ Nenhuma confiança na farsa da “Auditoria Cidadã” ou da “CPI da dívida pública” !
”¢ Pelo não pagamento das dívidas interna e externa!

Contra a desvalorização dos salários pelo aumento da inflação
”¢ Reajuste mensal automático dos salários de acordo com o aumento do custo de vida!
”¢ Campanha salarial nacional de emergência unificada com reposição de perdas salariais!
”¢ Os trabalhadores não podem esperar quatro anos para ter um salário mínimo que atenda às suas necessidades elementares! Por uma campanha nacional pelo salário mínimo do Dieese (R$ 1.900,00)!

Por uma política que expresse a independência de classe diante das eleições do Estado burguês
”¢ Nenhum apoio aos partidos burgueses nem aos partidos de “esquerda” que praticam a conciliação de classes!
”¢ Que a Conlutas se posicione por uma política de independência de classe nas eleições!

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