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Juventude

Aumento da passagem em BH: mais uma medida de precarização contra a juventude, o povo pobre e os trabalhadores

25 Jan 2011   |   comentários

Logo após a incerta concessão de meio passe em Belo Horizonte (a única capital sem este direito aos estudantes dos distintos níveis), comemorada como vitória pela UNE e pela AMES de BH, quando mais uma vez essas entidades colocam-se contra a luta estudantil pelo passe livre, o projeto da Câmara de Vereadores de Belo Horizonte privilegia a concessão de duas passagens para estudantes do ensino médio de BH que contam com a ajuda de projetos sociais da união ou municipal e traz um texto amplo que nem deixa claro sobre quem receberá o meio passe. O prefeito, eleito com apoio tanto dos tucanos aecistas quanto do PT, porém, já tira com uma mão a migalha que ainda não autorizou com a outra. Hoje, a passagem de ônibus de BH tem um aumento de 6,5%, custando R$2,40 (antes R$2,30). Aparentemente um “leve” aumento mas que para o bolso da população é alto. Alto também frente ao grande descontentamento da população com os transportes públicos, que na região sudeste do país chega aos números de 45% que avaliam o transporte público com ruim ou péssimo.

Estes índices não vem sem protestos. No último mês, a prefeitura de SP (Kassab) com o apoio do governo de SP, de Alckmin, responderam como sempre entenderam os problemas sociais: repressão. Após a violenta repressão policial no ato de 13/01 contra o escandaloso preço de R$3,oo, tornando-se a passagem de ônibus mais cara do Brasil, foram surpreendidos por um ato com mais de 3000 estudantes na Av. Paulista no dia 20/01. Talvez a política de não repressão deste segundo ato tenha vindo, para além da política adaptada da direção do MPL (Movimento Passe Livre) de SP, do receio do governo e da prefeitura do estado de estudantes se aliarem aos trabalhadores e ao povo pobre que dois dias foram reprimidos no metrô Corinthians-Itaquera pela PM num claro momento de descontentamento com o caótico transporte público de SP. Porém, se em SP a direção dos atos vem sendo marcada pela passividade, não é assim que jovens de Santo Antônio do Descoberto, município localizado a 50 km de Brasília, protestaram contra o alto preço da passagem e a péssima qualidade do transporte público. Após o aumento escandaloso dos salários dos deputados no início deste ano, os jovens que habitam as redondezas da cidade do Palácio do Planalto fizeram barricadas na rodovia de acesso ao Distrito Federal, foram reprimidos pela polícia, que feriu 5 pessoas e prendeu outras 4, e saíram em passeata para a prefeitura local exigindo fortemente a saída do atual prefeito.

Muita polícia para garantir o silêncio dos que vivem uma vida precária

Assim que Márcio Lacerda até então passa impune de seu comando na prefeitura de BH, cidade também altamente afetada pelas enchentes no final do ano de 2010 e capital de um dos estados mais afetados pelas chuvas de final e início de ano, que neste momento já conta com mais de uma centena de municípios em estado de emergência, milhares de pessoas sem suas casas, pertences, sem a vida de familiares e que passam por altos riscos de saúde quando tem que viver com canoas para sair da porta de suas casas em cidades no sul do estado. A cidade governada por Márcio Lacerda conta com a polícia de Anastasia/Aécio, esta que tem carta branca para entrar nas favelas, nas casas de conjuntos habitacionais populares como veio ocorrendo no projeto Vila Viva na Vila Rica no suposto combate ao tráfico de drogas; a polícia que reprime jovens trabalhadores e pobres como ocorre com a prisão dos jovens “Piores de Belô” como exemplo da prefeitura de uma política higienista na cidade; a polícia que entra nas salas de aulas de cursinhos e universidades com fardas, armados, querendo mostrar que estudam para melhor reprimir a juventude e os trabalhadores.

Neste momento do vestibular, esse é o papel da cavalaria na entrada da UFMG: os governos de Lacerda e Anastasia não se importam com os estudantes que mais uma vez perderam suas provas mas se importam em sempre disseminar a presença da PM mineira por todos os lados. “Como cordeiros façam as provas. Nós estamos aqui para impedir que vocês, jovens, questionem algo, tentem lutar pelo fim do vestibular, por moradia, por transporte gratuito e de qualidade”. Este é o pensamento dos policiais plantados na entrada da UFMG, nas praças do centro da cidade enquanto milhares de mineiros perderam suas casas, milhares de estudantes que mais uma vez tem que passar pelo reacionário filtro do vestibular, humilhados com o descaso do governo federal de Dilma que simplesmente acabou com um ano de estudo de jovens e um ano de esperança de outros jovens que sequer direito ao estudo tiveram.

Não podem passar impunes os governos municipais e do estado quando se calam diante das mortes de trabalhadores em seus postos de trabalho em nome dos lucros de empresas como a Sae Towers (Betim) e a empreiteira SW, que deixaram apenas este ano três mortos e 3 feridos em acidentes de trabalho, estes que em sua grande maioria são jovens com postos de trabalho precarizados e compõe a estatística dos mais de dez mil trabalhadores mortos ou mutilados em seus postos de trabalho no governo de Dilma e do “lulismo”.

A juventude pode expressar o descontentamento com esta vida precária

A vida é precária em moradias de risco, descaso de enchentes e deslizamentos freqüentes, numerosos acidentes de trabalho e um cotidiano de exploração em empregos precários e terceirizados, transporte terrível e caro, inacessibilidade a educação superior. Este retrato da vida dos jovens de todo país pode e deve acabar.

A juventude de BH tem um importante papel a cumprir frente a esta situação. Assim como os jovens de SP e Goiás devemos organizar atos no centro da cidade que lute contra o aumento das passagens, pelo passe livre a toda a juventude, aos trabalhadores e desempregados e pela estatização do transporte público sob controle dos trabalhadores e do povo, acabando com a alegria e lucro fácil (à custa do suor de milhares de trabalhadores) de menos de uma dezena de famílias de BH que dominam o péssimo transporte público da cidade. Se a Cruz Vermelha e a polícia do estado já pararam a arrecadação de doações às vítimas das enchentes no estado devemos lutar para que sejam os próprios moradores, junto a organizações sindicais, populares e de direitos humanos que tenham acesso direto a essas doações assim como a sua distribuição no marco de uma campanha de solidariedade operário e popular às vítimas das enchentes.

A luta pelo fim do vestibular deve ser a mesma luta por um plano de obras públicas para sanar os problemas de enchentes, uma vez que nenhum governo burguês, como o de Anastasia/Aécio e Lacerda será capaz de implementar, ao menos, o projeto que estima em 2 bilhões o valor necessário para a reestruturação da cidade para prevenção de riscos com chuvas e enchentes. É a juventude universitária e secundarista, também a que se organiza na ANEL, a que deve se colocar à frente na imediata liberdade aos Piores de Belô, a retirada de todos os processos contra esses jovens e denunciando toda violência policial da racista polícia mineira. Apenas a juventude aliada aos trabalhadores pode dar uma saída à situação. Organizemos, a partir da reunião da ANEL/MG, chamada para o dia 26/01, quarta feira, um ato que lute por estas bandeiras, não aceitando a demagogia da UNE e da AMES que entram nas reuniões parlamentares para melhor distribuir, junto a seus parlamentares, as migalhas para a população abandonando os reais direitos da juventude universitária, secundarista, pobre e trabalhadora.

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