Palavra Operária

Aconteceu na última sexta feira, dia 26, em São Paulo o Ato em solidariedade às mulheres condenadas por fazer aborto, como parte das atividades do Dia Latino Americano e Caribenho pela Legalização do Aborto (28 de Setembro). No Brasil, milhares de mulheres vêm sendo indiciadas no Mato Grosso do Sul, São Paulo e Rio Grande do Sul, sendo que algumas já estão cumprindo penas - abomináveis, por sinal, já que as mulheres estão sendo obrigadas a prestar "serviço comunitário" em creches, como forma de torturá-las psicologicamente.

Com concentração em frente ao Teatro Municipal, o ato começou com uma declaração de José Genoíno do PT afirmando: "estamos na luta e no parlamento agindo pelo direito ao aborto". O Senhor Genoíno não explicou, no entanto, porque sob o governo do seu partido, não houve nenhum avanço nesse sentido.

Nós da LER-QI estivemos no ato, porque consideramos fundamental a luta pelo direito ao aborto e entendemos que essa demanda elementar deve ser tomada firmemente não só pelo movimento de mulheres, mas também pela esquerda, sindicatos, movimentos de direitos humanos, etc. Nossa participação, no entanto, não se somou ao silêncio sobre o governo Lula e o PT, promovido pelos setores feministas que apóiam esse governo.

Mara Onijá, dirigente da LER-QI, declarou que "estamos ao lado das milhares de mulheres indiciadas, porque a prática do aborto não pode ser crime". Ela disse ainda que além de combater as posições reacionárias da Igreja e da direita, não podemos deixar de denunciar o papel do governo e de parlamentares do PT: "Até hoje não temos garantido o direito à maternidade, como se mostrou no Pará, onde mais de 200 bebês morreram só no primeiro semestre, sob o governo da petista Ana Júlia Carepa". E completou: "Repudiamos também o bolsa estupro, proposto por um parlamentar do PT, e a formação da CPI do aborto, proposta por parlamentares de vários partidos, entre eles do PT, que querem ampliar a criminalização das mulheres que praticam aborto".

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