Sábado 27 de Abril de 2024

São Paulo

Alckmin envenenará a população com a Billings para salvaguardar sua estabilidade política

09 Feb 2015   |   comentários

Análise crítica da política do governo Alckmin de compensar a crise de abastecimento de água em São Paulo utilizando as águas da represa de Billings.

A região Sudeste do país, principalmente o Estado de São Paulo, passa, atualmente, por uma das maiores crises de abastecimento da história e a principal causa não é a interação das degradações ambientais no país. Políticas estaduais que não levam em consideração real a preservação ambiental – como a privatização do manejo de áreas e unidades estaduais de conservação – e a falta de investimentos para aumentar a capacidade de armazenamento de água e diminuir o desperdício no estado, que são também de relevância ambiental, são os verdadeiros causadores da crise.

Apesar da população vivenciar cotidianamente os efeitos da crise, o Governador Geraldo Alckmin (PSDB), desde o período eleitoral, faz discursos não condizente com a realidade.

Em um de seus discursos, o Governador relatou a possibilidade de utilização da água da represa Billings para abastecimento da população. Tal decisão é baseada no argumento logístico da capacidade de armazenamento da represa - 1,2 trilhão de litros, equivalente ao sistema Cantareira – e no volume total de águas, que, em janeiro, continha 500 bilhões de litros. Em estimativa, o volume de água da Billings poderia abastecer 4,5 milhões de pessoas, isso se fosse água potável. O Governo, movido pela urgência de salvar sua estabilidade política, e não pela urgência da demanda da população, acelera o projeto de utilização da Billings para que as obras de transposição de suas águas para sistemas de abastecimento se iniciem em, no máximo, 20 dias e termine até junho de 2015.

Entretanto, essa medida evidencia o desespero do governo estadual, que já coloca e colocará ainda mais em risco a saúde da população em prol dos interesses dos investidores da SABESP, que haviam sido alertados para a possibilidade de tal situação. Isso porque a represa Billings, construída para geração de energia para indústrias de Cubatão, recebe esgoto industrial e doméstico, com metais pesados e poluentes orgânicos persistentes – considerados como a substância de maior toxicidade à vida – nos últimos 50 anos. Vale ressaltar que o próprio governo estadual é um dos principais contaminadores da represa, já que, a partir de resolução de 1996, despeja água do Rio Pinheiros – um dos mais poluídos da capital – na represa para aumentar a vazão e garantir a geração de energia.

Para o tratamento das águas da Billings é necessário sistemas sofisticados que são dispendiosos e demorados e ainda são dependentes dos níveis de poluição. Mas, como a saúde da população não é relevante, o Presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental e membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente, Carlos Bocuhy, fala que “basta evitar que os detritos cheguem até a represa” e o superintendente de tratamento de esgotos da RMSP, Roberval Tavares de Souza, fala que “a água da represa é absolutamente limpa e sem nenhuma impureza”.

Além dos riscos para a saúde, a utilização das águas da Billings não atenderia as demandas emergências causada pela crise atual de abastecimento, pois a utilização de parte do volume da represa será transferida para as reservas de outros sistemas de abastecimento (Guarapiranga e Alto Tietê) e não para o Cantareira, que está em pior situação, não evitando o rodízio de abastecimento de água na região metropolitana. Além disso, tal medida poderá afetar o abastecimento de outras regiões do estado, pois parte da água da represa Billings já é utilizada: é bombardeada para a represa do sistema Guarapiranga que abastece bairros da zona sul da cidade, a região do ABC e o litoral. De acordo com estudos da SABESP, o manancial gerado pelas águas proveniente do Rio Grande, que abastece a represa Billings, é considerado mais limpo e é isolado da parte mais poluída e é usado para abastecimento destas localidades.

A crise de abastecimento vem afetando vários setores, mas quem paga por tal é a população: com demissões (devido à diminuição da produção), e pagando preços abusivos por produtos, como itens alimentares, e passando por inúmeras horas sem abastecimento.

Em uma situação como esta fica evidente que a única classe que pode responder por esta e outras demandas é a classe que sabe o verdadeiro valor da água e, por isso, já a utiliza, há anos, “de forma consciente” como manda a mídia. Os recursos hídricos privados e controlados pela Agência Nacional de Águas (ANA), assim como a SABESP, devem ser estatizados, expropriando as fortunas dos investidores que tomaram conta da direção política destes recursos. A classe trabalhadora deve controlar e gerenciar a utilização dos recursos hídricos, expondo as contas e movimentações das empresas estatais de outros recursos naturais, pois somente assim será garantida que esta e as futuras gerações poderão utilizá-los, pois o farão para atender suas necessidades, ou seja, de forma realmente sustentável. O capitalismo e seus senhores, como Alckmin, que por décadas não investiram um centavo para a preservação da água como bem universal, privatizando recursos básicos à vida, tentam correr atrás do seu prejuízo, envenenando milhões em função do lucro de investidores.

Fontes:

- http://oglobo.globo.com/brasil/em-sao-paulo-maior-crise-de-abastecimento-da-historia-13317475#ixzz3Qng2Vkwz
 http://fernandorodrigues.blogosfera.uol.com.br/2014/10/21/alckmin-ataca-onu-por-critica-sobre-falta-de-agua-em-sao-paulo/
 http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/02/1583604-esperanca-contra-crise-da-agua-em-sp-billings-e-caixa-preta-de-poluicao.shtml
 http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2015/02/billings-pode-evitar-o-rodizio-veja-fatos-e-opiniao-de-especialistas.html
 http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2015/01/sao-paulo-acelera-estudos-para-usar-agua-da-represa-billings.html
 http://spressosp.com.br/2014/10/09/sabesp-sabia-risco-cantareira-desde-2012-afirma-mp/
 http://spressosp.com.br/2015/01/27/com-billings-alckmin-pode-levar-agua-toxica-populacao/
 http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/02/1583604-esperanca-contra-crise-da-agua-em-sp-billings-e-caixa-preta-de-poluicao.shtml
 http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/sp/2014-05-03/despoluicao-da-represa-billings-pode-salvar-o-abastecimento-de-agua-em-sao-paulo.html
 http://www.agsolve.com.br/noticias/poluicao-das-aguas-urbanas
 http://www.palavraoperaria.org/Falta-d-agua-e-apagoes-uma-crise-que-esta-apenas-comecando

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