Palavra Operária

Aprovada em primeiro lugar para trabalhar como atendente comercial no último concurso dos Correios na região do ABC, Mara se deparou com um caso escandaloso de racismo nos primeiros dias de trabalho.

A gerente da agência em que fazia treinamento disse a ela que os Correios pedem que os funcionários do atendimento apresentem boa aparência para “transmitir segurança aos clientes” .

Disse que até pensou que com Lula no governo federal, as regras da empresa passariam a ser menos rígidas, mas que até agora não houve mudanças nesse sentido...

Segundo ela, o que chamou sua atenção foi o cabelo da Mara, com dreads, e gostaria de saber se podia mudá-lo, chegando a “propor” que cortasse. Afirmou que se Mara fosse carteira ou operadora de triagem, não teria problemas com a aparência. E ainda fez uma série de perguntas do tipo “por que você usa o cabelo assim?” , “como lava?” , afirmando em seguida: “eu também tenho um pé na senzala” . Fazemos questão de que Mara não tenha que responder sozinha a essas perguntas! Usamos nosso cabelo como queremos porque valorizamos nossa identidade negra! Lavamos nosso cabelo como todas as pessoas. E nossos pés não estão nas senzalas: não somos escravos; fomos escravizados, construímos a riqueza desse país durante séculos e lutamos até hoje pela libertação do nosso povo.

ABAIXO O RACISMO NOS CORREIOS!
Basta de racismo nas empresas públicas e privadas!
Nós não nos encaixamos nos padrões racistas de “boa aparência” !
Exigimos o direito a trabalhar sem ataques à nossa identidade negra!

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