Sexta 17 de Maio de 2024

Movimento Operário

Terceirizados

A luta em defesa dos terceirizados na USP

05 Jun 2006   |   comentários

Os trabalhadores e estudantes da USP têm dado um exemplo para o conjunto da classe trabalhadora de como se deve enfrentar o processo de terceirização, uma das principais expressões da ofensiva neoliberal que passou a vigorar a partir da década de 90.

O 4º Congresso de Trabalhadores da USP, realizado nos dias 29, 30 e 31 de março de 2006, votou um programa de defesa dos terceirizados que parte de suas demandas mais elementares, como equipamentos de trabalho e vales-transportes, e coloca o objetivo estratégico de lutar pela incorporação dos terceirizados aos quadros da universidade sem necessidade de concurso público, com iguais salários e iguais direitos aos trabalhadores da USP. Para levar esta luta adiante os trabalhadores aprovaram a luta pela filiação dos terceirizados ao Sintusp (Sindicato de Trabalhadores da USP), conscientes de que isso significa travar um combate contra a direção pelega do sindicato que hoje os representa (Siemaco).

Após uma luta vitoriosa contra a ameaça de 100 demissões no mês de fevereiro deste ano, as empresas terceirizadas recentemente retomaram uma nova onda de demissões que incluiu o envio de “bate-paus” do Siemaco, que agrediram diretores do Sintusp e trabalhadores que resistiam às demissões e lutavam contra as condições de super-exploração.

Junto com setores do movimento estudantil os trabalhadores da USP têm impulsionado uma ampla campanha contra a perseguição política e as demissões descarregadas sobre os terceirizados. Esta campanha já conta com mais de 2 mil assinaturas de estudantes, funcionários e professores da USP, 500 assinaturas da PUC-SP, assinaturas de várias entidades estudantis e sindicatos de trabalhadores no Brasil, e 25 assinaturas de personalidades acadêmicas, entidades estudantis e de trabalhadores do México, Argentina, Estado Espanhol e dos Estados Unidos.

Conscientes de que esta luta é extremamente difícil, e que será marcada por vitórias e derrotas, a partir da Liga Estratégia Revolucionária temos orgulho de estarmos contribuindo para reverter o processo de terceirização.

Abaixo reproduzimos depoimentos de terceirizados da USP:

DEPOIMENTOS
Trabalhar na universidade de “excelência”

“Nós trabalhamos aqui e não tem equipamento adequado, não tem segurança. Não tem proteção, não tem periculosidade, não tem aumento no salário pelo que a gente faz (...) Aqui tem dois funcionários fazendo trabalho de seis, e ainda tem as escalas de trabalho do que tem que fazer cada dia.”

“Aqui tem quem não recebe a quatro meses, outros não recebem vale-transporte a três meses” , isto porque (...) fiquei com medo de pedir o vale-transporte e não conseguir o emprego, moro na Zona Sul, ganho R$ 230,00 por mês porque pago do meu bolso o transporte (...) e mesmo quem mora na São Remo1, também está ruim. (...) E quem atrasa, dependendo da encarregada, é mandado embora” .

Se organizar para lutar contra isto

“Primeiro a paralisação foi contra a transferência da encarregada daqui” . “E foi comentado que era porque o pessoal ficou na hora do almoço perto de onde estava acontecendo uma assembléia dos trabalhadores da USP” . “O pessoal se revoltou com o que estava acontecendo e chamou uma reunião. Lá encontramos terceirizados, efetivos e ficamos sabendo do que estava acontecendo em outras unidades” . “Uma luta que também começou foi para exigir a retirada da encarregada da Educação” .

A experiência com o SIEMACO

“Eles chegaram agredindo funcionário da União, xingando de galinha, puta, preto, falando ”˜que putaria é essa”™, e as meninas ficaram com medo daqueles armários daquele tamanho. Um companheiro trabalhador da USP então ofereceu que na comissão para negociar com a reitoria fosse 2 da União, 2 da USP e 2 do SIEMACO, se eles fossem a favor dos terceirizados da União. Houve alguns bate-bocas e então o SIEMACO disse ”˜espera um pouquinho que o pessoal já está chegando”™. Chegou uma KOMBI e já foram descendo o cacete. Deram gravata em funcionária da União, o companheiro trabalhador da USP foi separar e foram todos eles pra cima dele, aí começaram a bater no pessoal do SINTUSP. A mulherada caiu em cima para defendê-los. Aí o SIEMACO pau em nós. Em algum tempo veio a polícia e ao invés de escutar jogou pimenta em todo mundo, quer dizer, só em nós terceirizados.”

A necessidade da organização dos trabalhadores

“O que precisamos é de uma organização forte, de um sindicato forte, e aqui temos um reforço com o pessoal do SINTUSP, estamos juntos todos aqui na USP, com eles não tem hora não, tão sempre conosco, e temos ainda a colaboração dos alunos, de funcionários efetivos que podemos contar” . “Precisamos nos organizar para lutar pelo nosso direito. Para baixar a repressão do patrão. Para acabar com nossa escravidão!” .

Artigos relacionados: Movimento Operário









  • Não há comentários para este artigo