Domingo 19 de Maio de 2024

Juventude

A Plenos Pulmões por um novo movimento estudantil!

05 Jun 2006   |   comentários

O Movimento A Plenos Pulmões surge para contribuir na construção de um novo movimento estudantil (ME) no país, que seja capaz de retomar o que de melhor deu o ME em sua história e atualmente, para romper com a lógica que nos foi imposta nos últimos 25 anos. O PT tentou fazer os estudantes e os trabalhadores acreditarem que era possível reformar o capitalismo e mudar as nossas vidas através das eleições... deu no que deu. Hoje o governo Lula ataca os trabalhadores e a juventude como todos os governos fizeram em toda a história de democracia dos ricos. O PT tentou nos convencer de que era possível conciliar com a elite mais podre do país, de que a luta política contra os burgueses quem fazia eram os parlamentares e os “políticos profissionais” petistas e que o ME, o movimento operário e todo o movimento de massas no país apenas serviam para pressionar e conquistar algumas migalhas.

Já é hora de darmos um basta nesta forma de fazer política! O Movimento A Plenos Pulmões se dá esta tarefa e defende a unidade do ME combativo para se aliar aos trabalhadores e questionar a educação elitista que temos no país e a sociedade de classes em que vivemos. Nós, da LER-QI, atuamos com diversos estudantes independentes e militantes do PSOL no movimento A Plenos Pulmões para levar as lutas até o final e para ter consciência de que isso só será possível se tomarmos as decisões em nossas próprias mãos e nos aliarmos aos trabalhadores.

Um movimento aliado aos trabalhadores em suas lutas

No seu dia-a-dia e em sua atuação em cada conflito o Movimento A Plenos Pulmões têm atuado de forma decidida a apoiar, fazer avançar as lutas dos trabalhadores e fomentar uma ligação cotidiana e estratégica dos estudantes com os trabalhadores.

Em Campinas, no Centro Acadêmico de Ciências Humanas, os militantes do Movimento A Plenos Pulmões ajudaram a desenvolver uma campanha de apoio aos metalúrgicos combativos da CONLUTAS em São José dos Campos no início do ano e, atualmente, trabalham para ajudar a criar uma oposição aos governistas do PCdoB que dirigem o Sindicato de Trabalhadores da Unicamp. Temos incentivado a realização das Plenárias de estudantes e trabalhadores do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, que há um mês vem discutindo os problemas mais de fundo da universidade e realizando lutas conjuntas, com boletins unificados, debates e atos.

Na USP, os militantes do Movimento A Plenos Pulmões vêm desde o ano passado realizando uma importante campanha que já obteve vitórias parciais em defesa dos trabalhadores terceirizados. Nossa atuação tem se revertido também numa mudança de consciência dos estudantes da USP. Hoje poucos panfletos e falas de qualquer grupo político na USP deixam de mencionar a situação de super-exploração dos terceirizados, o que tem contribuído para criar um maior sentimento de unidade com os trabalhadores. É a partir desta subjetividade e de nossa atuação que tem se intensificado as reuniões conjuntas com trabalhadores da USP, a freqüência e apoio de estudantes a piquetes promovidos pelos trabalhadores da USP e seu sindicato (SINTUSP). Nos orgulhamos de nossa atuação diária com os trabalhadores desta combativa categoria e trabalhamos para que mais e mais estudantes atuem dia-a-dia ao lado dos trabalhadores.

Um movimento internacionalista

Nosso questionamento da sociedade de classes é não só no patamar nacional. Acompanhamos os processos de luta dos trabalhadores e da juventude em todo o mundo e buscamos organizar solidariedade ativa a esses processos.

Seguimos atenciosamente cada passo dos estudantes franceses em sua luta contra a CPE (Contrato de Primeiro Emprego) e a derrota que impuseram a um dos principais governos imperialistas. Isto porque se expressou mais uma vez que os estudantes devem fazer uma opção: ou nos aliamos com os trabalhadores em nossas demandas e as levamos até o final ou ficaremos reféns dos diversos ataques que nos impõe os governos do estado burguês. A França mostra que quando a juventude e os trabalhadores se mobilizam para levar suas reivindicações até o fim, podem encontrar maneiras mais democráticas de se organizar e inclusive ultrapassam suas direções burocratizadas. Lá, os estudantes e organizavam a partir de representantes de cada assembléias de universidades e escolas no país, que se reuniam para tirar ações unificadas, chegando a mobilizar mais de 3 milhões de pessoas e chamando os trabalhadores e se aliarem a sua luta.

Foi para aprofundar esse espírito internacionalista que impulsionamos tele-conferências ao vivo nas universidades com estudantes e trabalhadores da França e da Bolívia com um rico debate sobre a luta de classes nesses países.

Um movimento que questione a universidade de classe e o conhecimento nela produzido

Hoje, o que pauta a produção do conhecimento são as descobertas que giram capital e que estão a serviço da burguesia e excluem a grande maioria da população pobre e dos trabalhadores.

Ou nos adaptamos a este conhecimento que serve a poucos ou passamos a questioná-lo e a mostrar seu caráter. No sistema capitalista o conhecimento e as técnicas servem ao acumulo de capital e não ao homem. Enquanto a desigualdade social e a opressão de classe existirem não haverá “conhecimento autónomo” . Este, necessariamente estará ligado ou aos exploradores ou aos explorados. Assim, a única forma de termos o conhecimento livre das amarras impostas pelo regime capitalista é nos questionar sobre o caráter do conhecimento produzido e ligar nossa produção acadêmica com a maioria oprimida e explorada.

Justificando a lógica desse conhecimento produzido e controlado por poucos, muitos de nossos professores não se cansam de dizer nas salas de aulas, com espírito pomposo, que já não existe mais classe operária; que temos que tomar a parte como um todo, e nesse sentido, cada experiência é única e incomparável; que já não é mais tempo de revolução social. Todos esses setores da academia partem de negar, de uma maneira ou outra, que a “a luta de classes é o motor da história” .

Para reverter esta lógica os estudantes podem dar os primeiros passos. O movimento A Plenos Pulmões tem feito algumas iniciativas para que os estudantes se liguem aos trabalhadores não apenas em suas lutas mas também na produção acadêmica. É neste sentido que impulsionamos o Curso Livre sobre a História do Movimento Operário e da Esquerda no Brasil, na USP, e o Núcleo de Pensamento “Leon Trotsky” , na PUC. Ambas iniciativas são parte de retomar o método materialista da análise histórica e questionar o caráter do conhecimento que tenta esconder as análises e conclusões de mais de 150 anos de luta de classes.

Um movimento em defesa da democracia direta no ME!

Partimos da caracterização de que o movimento estudantil é hoje uma sombra de sua potencialidade história. Por isso é necessário revolucionar o movimento estudantil desde as bases. Para isso, devemos transformar as entidades de base em instrumentos militantes a serviço da auto-organização dos estudantes e isso implica romper com o modelo tradicional das entidades estudantis baseadas nas reuniões de diretoria de meia dúzia de burocratas descolados dos estudantes. Essa transformação organizativa deve dotar-se de conteúdo, colocar as entidades estudantis para produzir elaborações próprias em polêmica com a academia, armar os estudantes com um programa e discussões estratégicas para não ficar sempre a reboque das produções dos sindicatos docentes como no Fórum das Seis em São Paulo ou o ANDES nacionalmente e concretizar a aliança operário-estudantil com os trabalhadores de carne e osso e não somente com as direções sindicais.

Isso deve ser radicalizado quando estamos em momentos de luta. Partimos do exemplo dos estudantes da França e mais recentemente do Chile para dizer que é necessário criar organismos de auto-organização dos setores em luta. Os mandatos de assembléia, através de delegados, é a melhor maneira que os lutadores têm de controlar todas as decisões. A isso chamamos democracia direta, e para nós é a ferramenta que melhor pode potencializar a força da juventude e dos trabalhadores.

Um movimento inserido na reorganização do ME e pela unificação do ME combativo

As lutas heróicas que travamos ao longo dos últimos anos tiveram uma direção, o PT e o PCdoB, que nunca buscaram formular um verdadeiro programa de ação para que fóssemos vitoriosos. Isso porque, pela sua lógica de conciliação, nunca tiveram este interesse e, em diversos momentos, jogaram contra nossa mobilização. A UNE, que defendeu e defende as políticas de conciliação do PT e do PCdoB, hoje não tem referência do ME combativo, que começou a perceber, quando Lula chegou a presidência, que temos interesses opostos aos destas direções.

Hoje o Movimento A Plenos Pulmões defende que a ruptura com a UNE pode ser uma alavanca para impulsionar um novo ME e estamos lutando para que a Conlute (Coordenação Nacional de Lutas dos Estudantes) se transforme numa verdadeira coordenação das lutas que seja capaz de unificar os estudantes que querem lutar contra o governo e em aliança com os trabalhadores para colocar uma alternativa para o ME combativo.

O PSTU, que teve a progressiva iniciativa de impulsionar a Conlute, infelizmente dá apenas meio passo adiante, já que constrói a Conlute sem romper totalmente com a lógica de aparatos e não tem uma política de unificar o movimento estudantil combativo e coloca os limites organizativos na frente da necessidade política da unificação dos antigovernistas para combater o governo. O PSOL, por sua vez, cumpre um papel mais lamentável ao permanecer na UNE e ao ser tão sectário com a Conlute em defesa do aparato da UNE junto com o PT e o PCdoB.

Para nós estas diferenças são importantes, mas não podem negar a necessidade de unificar o ME combativo, que quer lutar contra o governo, numa verdadeira coordenação de lutas nacional. Apesar de considerarmos um erro o PSOL se manter na UNE, isso não é motivo para dividir o ME, que unificado, sem esquecer as diferenças, terá muito mais força.

Construa conosco este movimento!

Queremos chamar todos aqueles estudantes que se indignam com os ataques que sofremos na universidade, que se indignam com a exploração aos trabalhadores, que se indignam com a academia burguesa que mente e esconde as melhores lutas de nossa história, que se indignam com as direções que barram nossa mobilização e que acreditam que é possível construir um novo ME, democrático, combativo, transformador e em aliança com os trabalhadores, para construir conosco este movimento que tem como vocação questionar a universidade e a sociedade de classes.

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