Domingo 19 de Maio de 2024

NA UNICAMP

Trabalhadores debateram a terceirização

01 Jun 2010   |   comentários

Entre os debates que vemos nas universidades em tempos de greve, chamou a atenção o ocorrido na manhã do dia 25/05, na UNICAMP: isto porque tratava de um dos aspectos fundamentais dos ataques burgueses à classe trabalhadora no último período, a saber, o fenômeno da terceirização. A terceirização veio no sentido de impor aos trabalhadores a divisão das fileiras operárias, em que se alija uma parte destas, diminuindo suas forças e implantando os mais diversos ataques, que vão da retirada de direitos trabalhistas à precarização extrema das condições de trabalho. Entender a terceirização no marco da política reacionária da burguesia brasileira e buscar as respostas para esse problema parece fundamental aos trabalhadores combativos no nosso momento político.
Assim, nesse evento do movimento de trabalhadores da UNICAMP, foram convidados um diretor do Sindicato dos Trabalhadores da UNICAMP, um trabalhador ligado ao PSOL, além de Mario, conhecido trabalhador do AEL e Pablito, trabalhador da USP e representante dos funcionários no Conselho Universitário, ambos militantes da Liga Estratégia Revolucionária - Quarta Internacional.
O debate foi bastante enriquecedor e houve algumas discussões políticas relevantes relacionadas ao tema. Todas as intervenções se basearam na problematização da terceirização, enquanto um fenômeno que ataca os trabalhadores e precariza o trabalho. Entretanto, as intervenções do PcdB e do PSOL claramente se diferenciavam pelo vazio de conteúdo programático, pela débil colocação de como se deve proceder no combate a esse fenômeno: o que restou a esses debatedores foi terminar exortando a “ter mais sensibilidade com o trabalhador que está a seu lado” ou ainda falando da necessidade de “dar bom dia aos terceirizados”. Se a postura de sensibilidade e a necessidade de se romper com as hierarquias de poder - que é característica da nossa sociedade capitalista - são elementos importantes para serem colocados, não achamos que para um ataque de classe devemos responder com uma ética individual apenas. Nesse sentido, as intervenções de Pablito e Mário foram no sentido de colocar uma mais aprofundada apreciação do problema, mas também de levantar um programa para os trabalhadores e fornecer uma outra perspectiva sobre a prática política contra a terceirização.
Mario fez uma intervenção calcada nesta questão relacionada a UNICAMP, onde as empresas terceirizadas tem destruído as estruturas da universidade, que, para ficar em exemplo, no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas levou a bancarrota de uma ampliação da biblioteca, não pagando os funcionários, também levou a inundação da mesma biblioteca, além de empregar pessimamente mal rios de dinheiro na construção do novo arquivo com importante acervo no movimento operário, comprometendo documentos, fotos etc. Nesse sentido, Mario enfatizou a centralidade que a terceirização tem enquanto um fenômeno geral de destruição da universidade, com suas fundações que são as portas do capital privado dentro da universidade pública.
Pablito discutiu a questão em termos estratégicos mais profundos, mostrando o quanto a terceirização tem precarizado o trabalho e dividido os trabalhadores, o que coloca a necessidade de fazer uma luta pela efetivação destes ao quadro de funcionários, com todos os direitos garantidos, unindo forças das fileiras trabalhadoras; nesse sentido, Pablito denunciou a política nefasta das centrais sindicais governistas, como a CTB, que um dos trabalhadores reivindicava, que longe de aportarem para os conflitos operários vigentes, passam longe dessa discussão e estão vendidas a esses mesmos projetos de precarização. Nesse sentido, a luta dos companheiros do SINTUSP tem sido um exemplo, uma vez que o problema da terceirização vem sendo refletido e ações práticas têm sido feitas, incluindo aí a ação entre terceirizados que levou ao processo de demissão de Brandão.
Nesse sentido, a discussão política foi de suma importância para se avançar nessa reflexão e esperamos que outros debates como esse sejam a prática não só dos trabalhadoras em greve da estaduais, mais do conjunto do trabalhadores e, especialmente, que as centrais sindicais combativas sejam vanguardas nessa colocação do problema e na prática política revolucionária.

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