Sexta 26 de Abril de 2024

Reflexões sobre o ascenso operário de 1968-80

20 Sep 2007   |   comentários

Como parte da discussão do Congresso, publicaremos uma primeira versão das Teses dedicadas ao estudo do período que abarca os anos de 1968/1980, a experiência política da classe operária mais importante desde os anos 20. Analisamos atentamente o protagonismo que teve no que diz respeito ao enfrentamento à ditadura, os novos organismos que as massas criavam para a luta e, fundamentalmente, o papel dos trotskistas.

O estudo que estamos realizando sobre a história de nosso país e suas distintas etapas, da dinâmica das classes, do papel dos partidos que tiveram influência na classe operária, é parte de recuperar uma tradição elementar do marxismo revolucionário. Voltando a este método, queremos romper com a prática centrista tão comum e extensa entre os trotskistas brasileiros, que consideram que a história começa quando eles chegam, sem buscar os fios de continuidade ou rupturas, com as correntes que os precederam, nem tirar as lições mais elementares e fundamentais da luta de classes. É como se Lênin e Trostky não tivessem analisado detalhadamente a dinâmica e os resultados da revolução russa de 1905; como se Marx e Engels tivessem podido desenvolver o marxismo como teoria para a ação revolucionária, sem considerar o balanço das revoluções européias de 1848 e 1849, ou se não tivessem tirado as lições da Comuna de Paris de 1871. Se os trotskistas brasileiros dos anos 1970 tivessem se apoiado neste método, por exemplo, analisando o entrismo no PCB que o POR levou adiante na década anterior, talvez tivessem armados para enfrentar as tendências liquidacionistas do trotskismo da época (DS e O Trabalho) que os levou finalmente a se diluir como correntes orgânicas do PT.

Em última instância, a tragédia do proletariado brasileiro dos fins dos anos setenta, quando começava a mostrar toda sua potencialidade e criatividade de classe, foi não ter contado durante o processo com uma direção revolucionária que estivesse à altura dos desafios que se apresentaram.

Para concluir, as teses se detém na análise e nos debates que geraram (e ainda gera) o surgimento do Partido de Trabalhadores (PT) ’ o mais importante da América Latina. Este debate é de fundamental importância para responder à pergunta que se coloca para a esquerda sobre que partido a classe operária necessita para sua libertação. Mas também para responder às propostas burguesas, como a atual ofensiva chavista de construir o Partido Socialista Unificado de Venezuela (PSUV). Um partido policlassista que está levando a uma importante discussão no trotskismo sobre a conveniência, ou não, de se integrar ao mesmo. Este debate não se limita a nosso continente, senão que é parte de uma luta política ao qual não podemos fugir, que está colocada em nível internacional, já que depois da restauração capitalista dos estados operários, a maioria do trotskismo renega o modelo de partido bochevique de Lênin e Trotsky. Por isso também polemizamos concretamente com o mandelismo brasileiro, que agora ensaia um neo-liquidacionismo chamando á construção de partidos amplos anti-capitalistas, como o recentemente fundado PSOL, que resultou um partido pequeno-burguês com um programa desenvolvimentista das pequenas e médias empresas, inimigo da classe operária. Chamamos nossos militantes e leitores a integrar estas conclusões a uma militância cotidiana.









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