Segunda 29 de Abril de 2024

BOLETIM DO MOVIMENTO CLASSE CONTRA CLASSE - UNICAMP

Pelo movimento unitário das três universidades e democracia pelas bases. Contra a terceirização!

27 May 2010   |   comentários

Todos ao ato de terça-feira: Construir um grande movimento unitário entre os trabalhadores das três universidades estaduais

No dia 4/05 os trabalhadores da USP radicalizaram a campanha unificada das Universidades Estaduais Paulistas entrando em greve. Os trabalhadores de outras universidades como a UNICAMP e vários campi da UNESP responderam positivamente, entendendo que esse era o caminho, também votando greve em suas assembleias.
Antes mesmo de iniciada as greves das estaduais paulistas o CRUESP já aciona todo um operacional para reprimir e desarticular o movimento das estaduais paulistas. Depois de ter dado aumento diferenciado aos professores, quebrando a isonomia, e de cinicamente adiar as negociações com os funcionários, levou as negociações para fora da USP em um hotel de luxo, e já acionou a justiça contra o SINTUSP impondo multas pela greve e pelos piquetes. Os reitores temem a mobilização dos trabalhadores e seguem a risca a linha ditada pelos governos estadual e federal de impedir resolutamente toda possibilidade de reivindicação dos trabalhadores, inclusive os do funcionalismo público. Para isso não hesitam nem sequer em atacar o elementar direito de greve.
As medidas judiciais contra o SINTUSP não são nada mais nada menos que a criminalização da mobilização. Não só Rodas, com o apoio do CRUESP, encampa essa medida ditatorial mas também Lula e os governos estaduais criminalizando dezenas de greves pelo Brasil.
Esse feroz ataque ocorre em um momento, que diferente do que dizem, a crise econômica continua a se desenvolver, atacando ferozmente também as condições de trabalho dos funcionários públicos. Como podemos ver em Portugal e, principalmente, na Grécia. É necessário diante desta situação que os trabalhadores não aceitem a balela que todos devem sofrer devido a crise econômica, sabemos que os governos e patrões querem descarregar sobre os trabalhadores os efeitos da crise para preservarem seus imensos lucros. Por isso, temos que arrancar o que pudermos para fazer frente ao que vem por aí.
Na USP, todos sabem, o SINTUSP, faz muitas lutas. Muitas lutas extremamente radicalizadas. Muitas conquistas foram conseguidas e tiveram que superar perseguição e repressão. O companheiro Brandão, diretor do SINTUSP há muitos anos foi demitido pela reitoria sob a acusação de defender os trabalhadores terceirizados. Diz a reitoria que ele não pode se meter em problemas de terceirizados que então não seriam trabalhadores que merecessem serem defendidos contra a demissão. Ou seja, Brandão deveria se calar diante do regime de semi-escravidão que foi implementado através das terceirizações. Brandão é sindicalista de luta e o princípio que o norteia na vida e na luta é a unidade da classe trabalhadora. Todos os trabalhadores são igualmente explorados e devem lutar juntos. E para isso deve servir os sindicatos e os partidos que se dizem dos trabalhadores.
Brandão foi demitido por defender a luta dos trabalhadores na USP, fez isso durante anos sempre fazendo parte e dando extrema importância para os mecanismos democráticos dos trabalhadores. Os sucessivos ataques da reitoria a Brandão e ao SINTUSP são feitos pois sabem que os métodos utilizados por eles são métodos contrários ao projeto das reitorias e dos governos para as Universidades: precarização, privatização e elitismo. Os métodos de luta na USP além de se mostrarem efetivos para se ter conquistas importantíssimas como a conquista do vale alimentação, eles são, claramente, parte de uma luta por outra Universidade que não esteja nas mãos de uma elite acadêmica e respondendo a interesse de grandes empresas, mas sim a serviços dos trabalhadores e da maior parte da população.
Esta terça-feira é um dia crucial. Todos sabem que o CRUESP não quer negociar, mas empurrar migalhas. Sabemos que dinheiro tem. Mas a experiências nos ensinou que a prioridade dos reitores são parcerias com iniciativa privada, ensino a distância e campus como limeira para agradar o agronegócio. Tudo que conseguimos até hoje foi com luta e, principalmente, com grandes manifestações que amedrontaram reitores e governadores e puseram a população do nosso lado. A tarefa imediata, mais importante, é fazer uma imensa caravana para São Paulo, e cercar o prédio onde será a negociação. Obrigá-los a negociar diante da nossa força. Essa é a tarefa que todos os grevistas devem assumir na sua unidade. Fazer greve nesta terça-feira é ir em massa para São Paulo radicalizando nossa organização, radicalizando nossas forças, radicalizando nossa unidade com os companheiros do SINTUSP, e lá no ato em São Paulo, juntar nossas forças também com os companheiros da UNESP.

A DEMOCRACIA ENTRE NÓS É A NOSSA MAIOR ARMA: Construir um Comando com delegados eleitos nos institutos

De 1979 e até hoje os funcionários da Unicamp fizeram umas 15 greves. Delas mais vitoriosa foi a de 1988. Onde conseguimos tudo, absolutamente tudo que exigíamos. Todos se lembram de lotarmos o ginásio em imensas assembléias de mais de 5 mil pessoas. Há vários motivos para tal capacidade de luta. Um desses fatores é que estávamos unidos com todos os funcionários do estado de São Paulo. Numa greve a união faz a vitória. Depois quando fizemos as greves das 3 universidades, ganhamos muitas coisas, mas nada como a força e as conquistas de 1988. Naquele 1988 a antiga ASSUC tinha uma diretoria muito próxima da reitoria que por sua vez era ligada ao governador Orestes Quércia. Tinha então tudo para dar errado, mas deu tudo mais que certo. Aí entra um componente fundamental. Essa potente greve era dirigida por uma forte organização pela base que era chamado de Comando de Greve. Este comando era eleito em cada unidade que estava em greve. Votava-se em delegados, conforme o número de funcionários da Unidade.
Assistir ou falar neste comando qualquer funcionário podia e era convocado a participar e usar a palavra, mas na hora de votar só votava os delegados das unidades em greve, por isso chamava Comando de Greve. Isso evitava qualquer uso da greve por forças políticas sem legitimidade na base da categoria, ou mesmo pelegas. Por exemplo, este Comando de Greve, com sua força e autoridade, decidia as tarefas que a Diretoria tinha que encaminhar. Isso comprometia a diretoria com as decisões da greve. Isso é tremendamente correto, pois Diretoria deve dar opinião numa greve, deve, e tem mesmo o dever de influenciar seus rumos, mas quem decide são os próprios trabalhadores em seus organismos de democracia direta como assembleias e o comando de Greve, formado por delegados, eleitos nas unidades que estão em greve.
Se é um Comando de Greve, as decisões devem estar nas mãos dos delegados votados nas unidades em greve, ressalvando que todos os funcionários que quiserem podem fazer uso da palavra. E que esses delegados possam ser revogáveis a qualquer momento caso a assembléia da unidade ache necessário.
Democracia entre nós também significa uma preocupação permanente para que todas as decisões que envolvam a greve, decisões que envolvam propostas de radicalização, devem passar por uma assembléia onde as propostas devem ser pacientemente discutidas. Temos que condenar ações vanguardistas, que não passem pelas assembléias. Isso permite que todos nós possamos assumir as responsabilidades diante dos atos. São importantes as radicalizações como a do SINTUSP. Porém elas não são iniciativas de pequenos grupos, são decisões amplamente discutidas com a categoria e com o Comando de Greve de delegados eleitos nas unidades em greve.
Democracia também se faz com o debate claro, colocado de maneira e com o tempo necessário para o debate. Não há democracia quando qualquer "decisão" sai fruto de manobras, como por exemplo, propor votação quando o plenário já esvaziou. Quem faz isso não tem qualquer apreço e respeito pelos companheiros em luta
Mas nossa força e nossa responsabilidade será cada vez maior quando conseguirmos eleger os delegados nas unidades em greve, pois então eles terão que prestar conta e encaminhar as decisões consultando seus colegas nas unidades que se reúnem e lutam.

Vamos à luta contra a terceirização

Há anos um tipo de privatização vem se infiltrando nos serviços públicos, a terceirização. Atualmente empresas terceirizadas são as responsáveis por grande parte dos serviços exercidos dentro da universidade. Isso traz efeitos catastróficos de diversos tipos, o primeiro dele é diminuir a qualidade dos próprios serviços e criar ares de lucros privados dentro de um espaço público. Além disso, a terceirização rebaixa o salário de todos os funcionários e divide a categoria, ou seja, precariza o trabalho.
Mesmo em uma greve o sindicato representa apenas os funcionários “efetivos”, isso enfraquece a greve, pois grande parte dos funcionários são representados por outros sindicatos que, na grande maioria das vezes, quase não impulsionam luta nenhuma. A terceirização, também enfraquece inclusive o potencial das greves e mobilizações, pois divide funcionários que, igualmente, constroem a universidade.
Os serviços exercidos pelas empresas terceirizadas são extremamente precários e vem causando imensos prejuízos, como empresas que falem e largam construções pela metade, construções de péssimas qualidades que colocam em risco o patrimônio da universidade, como ocorreu com a construção da biblioteca do IFCH, que cedeu ao teto com uma chuva e quase inundou grande parte do acervo dessa biblioteca.
Devemos na luta acabar com essa divisão imposta e lutar também pelas demandas dos trabalhadores terceirizados. Entendemos que iniciar uma campanha que lute contra a terceirização e pela incorporação desses funcionários ao quadro de efetivos, sem a necessidade de concursos, pois isto significaria a demissão destes trabalhadores é um passo fundamental neste sentido.

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