Domingo 19 de Maio de 2024

DEBATE SOBRE A AUTONOMIA UNIVERSITÁRIA

Discussão na Unicamp reuniu ativistas em debate sobre projeto de universidade.

01 Jun 2010   |   comentários

Parte das atividades de greve organizadas pelo comando de mobilização dos trabalhadores da Unicamp, na segunda-feira, 24 de maio, se realizou no Ciclo Básico uma discussão sobre a autonomia universitária que contou com a presença de cerca de 70 pessoas. Com a presença de Mário e Toninho falando pelos funcionários, Kiko pelo STU e Tatiana pelo CACH, foi um debate plural que aprofundou a discussão sobre a autonomia universitária e suas limitações.
A luta pela autonomia universitária durante a década de 1980 configurou uma forte mobilização que acabou desviada por um decreto que não contou com nenhum tipo de participação e discussão ampla entre os setores que reivindicavam a importância da autonomia didática, financeira e administrativa das universidades estaduais paulistas.
Esse debate voltou a tona em 2007 quando dos decretos de Serra que, entre outros ataques, ameaçava a autonomia das universidades, através da valorização das pesquisas operacionais e da interferência nas finanças das universidades. A questão neste momento que nós, a partir da LER-QI, colocávamos era como tínhamos que transformar essa luta numa mobilização pela positiva, que não se limitasse a negar, através da defesa da universidade tal como ela é, os projetos que os governos e as reitorias vêm sistematicamente tentando nos impor. Nossa proposta era a necessidade da elaboração de um projeto nosso de universidade, à serviço dos trabalhadores e do povo pobre que questionasse e subvertesse a universidade elitista e racista que existe hoje.
A discussão da autonomia que colocamos neste debate, através das intervenções de Mário e Tatiana, partiu destes elementos para questionar o real significado da autonomia universitária que existe hoje. Não se pode falar de autonomia pura e simplesmente quando as universidades estaduais paulistas cada vez mais se transformam em grandes negócios a serviço da burguesia. No caso da Unicamp, em particular, a existência de inúmeras empresas que diretamente interferem no ensino e na pesquisa de diversas unidades de ensino nos mostra como a autonomia de pesquisa na universidade não passa de uma falácia para mascarar que cada vez menos o conhecimento produzido na universidade pública é, de fato, público.
Além disso, pautamos como a própria autonomia administrativa é pura ilusão quando dentro da instancia máxima de decisão da Unicamp tem lugar membros da FIESP e da prefeitura de Campinas. Essa situação, frisamos, é fruto da antidemocrática estrutura de poder nas universidades que, através da decisão de poucos professores, faz questão de manter um conhecimento cada vez mais ligado ao capital, aprovando convênios com empresas que cerceiam a autonomia universitária em todos os sentidos.
Partindo de reivindicar a importância da defesa da autonomia, diferente dos outros membros da mesa – filiados ao PSOL e ao PCdoB – levantamos como a autonomia exigida na década de 1980 passa longe da que existe hoje e é nesse sentido que lutamos por uma universidade diferente, colocando na discussão que fizemos como este momento de greve também configura um momento privilegiado para acumularmos a discussão sobre que universidade queremos.
Achamos que este espaço foi importante para os funcionários da Unicamp, onde além da autonomia pautamos a importância de lutarmos contra a terceirização, pela unidade dos servidores públicos e a importância da aliança operário-estudantil. Esta é uma iniciativa fundamental para que num momento de pratica política profunda como é a greve, exercitemos também a reflexão política, fundamental para avançarmos no programa e na formação dos militantes que se dedicam à greve.

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