Palavra Operária

A poucas quadras da Estação Brás do metró, neste antigo bairro operário da cidade de São Paulo, funciona a Casa Socialista de cultura e política, um lugar aberto ao debate de idéias marxista, à organização política e cultural e à confraternização dos trabalhadores, da juventude, de estudantes e artistas.

Neste início de milênio, as teorias que pregavam o fim da história e da classe operária, em choque com a realidade, perdem força e o marxismo ’ posto em posição defensiva durante os anos de triunfalismo que sucederam a restauração capitalista nos Estados operários deformados e degenerados do leste da Europa ’ aponta para um ressurgimento, hoje ainda mediado por outras teorias anticapitalistas.

Ao mesmo tempo, a classe trabalhadora, sobretudo na América Latina, tem avançado num processo de recomposição e reorganização. No Brasil, esse processo se dá no marco da ainda incipiente ruptura de setores dos trabalhadores com Lula e o PT, que foram sua direção ao longo dos últimos vinte e cinco anos.

Nesse momento , é imperativo para nós, marxistas, avançar em nossa organização e afiar nossas ferramentas teóricas, buscando todas as formas de aprofundar nossos laços com setores mais amplos do movimento operário e da juventude. Da fusão entre o marxismo e a classe, da conformação de uma vanguarda revolucionária, a partir dessa fusão, em todos os países, depende o futuro da luta contra o capitalismo e pela construção, sobre seus escombros, de uma nova sociedade.

A Casa Socialista, na medida de suas pequenas forças, se vê como parte e se coloca a serviço deste objetivo. E nesse sentido busca aportar na superação do sectarismo e do politicismo que marcam a tradição da esquerda marxista brasileira, constituindo-se como pólo irra-diador de ideologia marxista e buscando ampliar este elemento de uma nova tradição, com a abertura de novas casas, como planejamos fazer em breve em lugares como o ABC.

É preciso colocar o marxismo na ofensiva, como teoria capaz de compreender o passado ’ incluída a experiência do século XX, utilizada pelos adversários do marxismo para desacreditá-lo ’, e o presente e de guiar a construção, no interior deste, através da ação consciente e tirando as lições do passado, do germe de um futuro sem miséria e exploração.

A partir da Casa Socialista levantamos bem alto a bandeira do socialismo e, ao contrário da maioria da esquerda com suas sedes fechadas ou transformadas em meros comitês eleitorais em época de campanha, abrimos nossas portas a todos que compartilhem dessa perspectiva para forjar uma teoria e uma prática à altura de nossos desafios.

Nesse espírito, nos meses de maio e junho, além do lançamento da revista Crítica Marxista, realizamos atividades como o lançamento e o primeiro Encontro do Luta de Classes, movimento revolucionário da juventude trabalhadora contra os patrões o governo e a burocracia sindical, que já organiza dezenas de jovens trabalhadores de diversas categorias.

Realizamos também uma atividade de formação marxista do movimento Luta de Classes e outra com a presença de Mario Caballero, trabalhador aposentado dos correios do México e dirigente da Liga de Trabalhadores Socialistas e trabalhadores da USP e do Judiciário. Por último, um debate sobre o processo revolucionário boliviano, discutindo os elementos da situação atual e o histórico revolucionário dos trabalhadores e do povo bolivianos.

Para o mês de agosto estão previstas uma atividade com a revista Margem Esquerda, uma atividade pelos sessenta e cinco anos do assassinato de León Trotski, além de um funcionamento mais permanente da Casa, com atividades regulares de debate de clássicos do marxismo e temas da atualidade, vídeo-clube, poesia e artes plásticas. Além dessas atividades, a Biblioteca David Riazanov, que dispõe de uma quantidade considerável de obras marxistas e de outras vertentes das ciências humanas e de literatura, além de um arquivo de materiais da esquerda brasileira e internacional, estará aberta ao estudo e à pesquisa.

Convidamos todos os leitores do jornal Palavra Operária a conhecer a impulsionar junto conosco esse projeto como uma ferramenta que oponha à miséria e à falta de espaço capitalistas, estendidas a todas as esferas da vida, espaço para começar a criar uma nova cultura e uma nova sociabilidade. A encher de vida a Casa Socialista, como quartel-general no front da ideologia e da cultura, na guerra permanente contra o capitalismo.

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