Domingo 5 de Maio de 2024

Fração Trotskista

1º de maio na América Latina e Europa

12 May 2012   |   comentários

Bloco Classista e Internacionalista impulsionado pela LER-QI marcha no 1 de Maio

No dia 1 de maio, o bloco impulsionado pela LER-QI reuniu cerca de 180 pessoas que marcharam conosco no ato convocado pela CSP-Conlutas, que saiu do MASP em São Paulo. Dentre os presentes, tivemos metroviários, trabalhadores da USP, bancários, professores, trabalhadores terceirizados, operários da indústria calçadista, e estudantes de várias partes do estado que atenderam ao chamado pela construção de um bloco classista e internacionalista para que os patrões paguem pela crise capitalista.

Durante a concentração do bloco, Pablito Santos, diretor do SINTUSP em sua fala no carro de som da CSP-Conlutas ressaltou como se reatualiza a importância da uma estratégia de independência de classe para fazer com que os conflitos abertos pelas mobilizações populares e de trabalhadores. Saudou os operários em greve da Belo Monte que estão sofrendo uma dura repressão do governo Dilma, que há pouco havia militarizado os canteiros de obras de Jirau, resgatou também a importância da luta contra a repressão, que golpeia e ameaça os estudantes da USP e a diretoria do SINTUSP, que está sendo perseguida por ter defendido os direitos dos trabalhadores.. Ao final de sua fala, Pablito colocou um primeiro balanço do Congresso da CSP-Conlutas que ocorreu entre os dias 28 e 30 de abril, criticando o fato de que apesar de o tema do congresso ser "organização de base", ele terminou sem discutir o tema, sem sequer realizar a plenária final que estava marcada, e com isso não armou os setores de vanguarda que estavam presentes com uma estratégia para enfrentar os desdobramentos da crise mundial.

Durante todo o ato, os manifestantes do Bloco Classista e Internacionalista agitaram palavras de ordem em defesa do fim da precarização do trabalho, do fim da perseguição aos estudantes e lutadores da USP, de desmascaramento da política de Dilma. A necessidade de uma luta decidida contra a homofobia e contra os torturadores da ditadura militar, que o governo de Dilma trata de maneira meramente cosmética,se expressou nos cantos do Bloco. A inspiração trazida pela luta dos estudantes chilenos também foi lembrada, bem como o repúdio à repressão à luta dos trabalhadores e jovens do Estado Espanhol.

Trabalhadores independentes que compuseram o ato conosco, deram uma saudação ao Bloco destacando a importância de marcharmos juntos neste 1 de maio, lutando por uma unidade na luta de classes e não apenas de aparatos e carros de som. Simone Ishibashi chamou todos os presentes a impulsionarem uma forte campanha internacionalista contra as prisões e perseguições no Estado Espanhol. O ato foi finalizado por Pablito Santos que ressaltou como esta data deve nos fazer refletir em nosso objetivo central, que não é meramente obter melhores salários, ainda que isso seja parte, mas acabar com este sistema de miséria, com a exploração dos homens pelos próprios homens, fazendo com que a classe trabalhadora avance para a tomada do poder.

Argentina: A praça foi da esquerda

O 1º de Maio na Argentina foi marcado pelas colunas da Frente de Esquerda e dos Trabalhadores (formada pelo PTS, organização irmã da LER-QI na Argentina, Partido Obrero, Izquierda Socialista) que voltaram a ocupar a Praça de Maio. O combativo ato reivindicou em primeiro lugar os trabalhadores que em distintos países estão começando a dar uma dura luta contra os planos de ataques dos governos capitalistas, em um contexto de crise capitalista.

O ato na Praça de Maio teve como oradores os principais referenciais do sindicalismo classista e combativo, e foi o único ato massivo, operário e internacionalista, independente do governo e de todas as forças patronais. Reproduzimos trechos da fala de Raúl Godoy, dirigente do PTS, que desmascarou o discurso de Cristina Kirchner e lembrou as maiores conquistas da classe trabalhadora.

Raúl Godoy (PTS): "Levantamos as maiores bandeiras da classe operária: a revolução operária e socialista"

"O governo de Cristina diz que acaba de nacionalizar a YPF para por os seus recursos a serviço do país. É uma mentira. Esta mesma gente privatizou todos os recursos nos anos 90, pela mão do menemismo, e agora teve que tocar as ações da Repsol porque era um custo imenso ter que importar petróleo. Mas nem sequer é uma nacionalização, mas uma passagem de mãos, enquanto colocam estas ações para novos negociadores e empresas imperialistas. A única saída é a expropriação sem pagamento e sob controle operário de 100% da indústria de petróleo e gás, uma medida que tem atacar o conjunto do lucro dos capitalistas (...).

Nossa classe operária já realizou a história. Criou sindicatos poderosos, partidos enormes, construiu sua própria organização internacional (...) e seu próprio primeiro Estado Operário com a vitória da Revolução de Outubro, criando uma nova forma de organização, mil vezes mais democrática que qualquer república burguesa. Os conselhos que agrupavam não só os operários, mas os camponeses, soldados, à juventude e todos os explorados e oprimidos. Conquistou dirigentes como Marx, Engles, Rosa Luxemburgo, Lênin e Trotsky. Temos que ser parte desta tradição. A luta de classes gerada pela crise internacional nos coloca os apaixonantes problemas da estratégia e da tática revolucionária. Começar a nos colocar como nosso programa pode abrir caminho entre as massas, e que se vão colocar os desafios da tomada do poder, da insurreição, da guerra civil. (...)

Enquanto seguimos construindo a Frente de Esquerda temos colocado avançar em uma maior intervenção comum nas frentes em que militamos. E começar a discutir os grandes problemas estratégicos e programáticos, tirando lições da experiência histórica para abrir caminho à construção de um grande partido de trabalhadores revolucionário unificado, nacional e internacionalmente."

Estado Espanhol: Sobram motivos para encher as ruas
por Cynthia Lub, Clase contra Clase, Estado Espanhol

Depois da grande jornada de greve de 29 M, os dirigentes sindicais Toxo e Méndez disseram que se o executivo não se relocalizasse, manteriam a “mobilização crescente” até o 1º de Maio, quando se terminaria o tempo da nova “trégua” dada pela burocracia sindical. Porém, o governo está avançando contra os trabalhadores e a juventude, enquanto as direções sindicais respondem apenas com palavras.

Apesar disso, as manifestações foram massivas, o que demonstra que sobram motivos para sair ás ruas. As manifestações convocadas pela CCOO e UGT foram muito mais massivas que as do ano anterior: mais de 40.000 em Madri, 100.000 em Barcelona, 20.000 em Granada. Em Barcelona estivemos na manifestação convocada pelo CCOO e UGT com uma coluna crítica, denunciando a burocracia sindical e a repressão do governo, gritando “Liberdade aos presos por lutar!”. Fomos uma voz potente frente á vacilação dos sindicatos, que não apresentaram sequer um cartaz pelos presos, apesar da escalada repressiva desferida pelo governo.

Participamos também da manifestação da esquerda sindical junto às assembléias de bairros e organizações. Não foi fácil chegar à Praça da Universidade, já que centenas de policiais nos esperavam. Apesar das provocações da polícia, manifestação reuniu 15.000 pessoas.
Em Zaragoza e Madri participamos na manifestação da esquerda sindical com um importante bloco. Também estamos sendo uma importante voz contra os ataques e a repressão, e pela liberdade dos presos. Distribuímos extratos do Manifesto contra a repressão que estamos trabalhando em nível internacional, com diversas assinaturas de intelectuais e sindicalistas de muitos países.

Bolívia: Entre o protesto operário e a “estatização” da rede elétrica
Na Bolívia o 1º de Maio se deu em meio a uma intensa onda de mobilizações e greves, da central operária (COB), cujo setor de saúde reunido aí se encontra em paralisação há mais de um mês. Neste marco, se dá a tentativa do MAS de se relocalizar frente aos setores populares com a reversão ao Estado da empresa Transportadora de Eletricidade que se encontrava em mãos dos capitais espanhóis. A onda grevística que enfrenta Morales com os sindicatos da saúde pública, à qual se somou a COB por exigência de um salário igual às necessidades de uma família, e o início da IX Marcha do TIPNIS (Território Indígena Parque Nacional Isiboro Secure), foram os fatos relevantes que condicionaram e empurraram a algumas medidas tomadas por Evo Morales no 1º de Maio.

Tentando evitar uma mobilização que repetisse os enfrentamentos com a polícia ocorridos na semana passada, o governo declarou feriado nacional desde 30 de abril, assim como aprovou por decreto o aumento salarial que vinha oferecendo nas mesas de negociação com a COB. O resultado foi que a mobilização do 1º de Maio teve um caráter parcial. (...).
Porém, horas antes da tão comentada “nacionalização” que pagará um “preço justo”, Morales afirmou “reconheço a liderança da Repsol, uma das maiores empresas do mundo, e seu investimento sempre será respeitado como sócio. A Bolívia necessita de investimento e sócios” (Periódico gubernamental Cambio, 02/05).

O governo de Morales mostra que apesar das tentativas de se reacomodar frente ao seu crescente desgaste, não mudará seu rumo anti-operário e anti-indígena. Há que lutar para que a COB imponha uma cúpula operária, camponesa, indígena e popular. Só a luta operária e popular poderá impor genuínas nacionalizações sem indenização dando passos reais na expulsão do imperialismo.

Chile: O PTR marchou levantando as bandeiras de um movimento operário, classista e combativo

Cerca de 200 pessoas marcharam na coluna do Partido de Trabajadores Revolucionarios em Santiago. Nossa organização esteve também em Valparaíso, Temuco e Antofagasta. Em Santiago p presidente da CUT e dirigente do Partido Socialista, Arturo Martínez, tomava a palavra para colocar sua política de diálogo social que fez mais descarada com o pacto da CUT com a Confederação do Comércio. Neste momento, nossos cânticos foram: “vai acabar, a burocracia sindical”.

Um ex-professor da escola A-90, que em 2011 foi ocupada e gestionada por estudantes, funcionários e professores sem interferência de diretores. Os cânticos seguiam: “Enquanto nas ruas reprimiam com a polícia/Toda a luta do povo de Aysén/ Aqui em Santiago chegava a um pacto/ A burocracia com a CPC”. A companheira Bárbara Brito, Conselheira da Faculdade de Filosofia e Humanidades e que esteve presente na luta de Aysen denunciou como o governo pretende enganar os estudantes com suas novas leis. O reconhecido MC Zonyko, que em 2011 expressou o mais dinâmico do hip-hop ligando-se diretamente à luta, tomou a palavra. Deste modo, nossa organização no 1º de Maio levantou uma bandeira alternativa à colaboração com a patronal.

México: Saímos milhares às ruas

Este 1º de Maio no México se dá no marco das consequências da crise capitalista internacional, (...) que tende a aprofundar a entrega dos recursos naturais (como a PEMEX) e todas as nossas conquistas ao imperialismo norte-americano. Além disso, se dá no marco de dias muito repressivos: dias antes o governo de Michoacán havia reprimido duramente os estudantes da Universidad Nicolaita.(...)
Mas isso não impediu que dezenas de milhares de trabalhadores se mobilizassem o México. Convocados pelo SME, UNT, Trabajadores de Mexicana de Aviación, além da CNTE (organizações sindicais que são opositoras ao governo) marcharam de distintos pontos do país para finalizar numa concentração na praça central. Além das organizações sindicais, participaram organizações camponesas e sociais.
A LTS realizou uma importante campanha de difusão para realizar uma grande coluna combativa, internacionalista e pela independência de classe nas estruturas sindicais e escolas. Junto à agrupação estudantil Contracorriente e a agrupação de mulheres Pan y Rosas, marchamos – com estandartes de Leon Trotsky – mais de uma centena de jovens, mulheres, estudantes e trabalhadores em uma perspectiva combativa e revolucionaria. Isso é parte da tarefa que a LTS impulsiona apaixonadamente, de por em pé um partido revolucionário no México.

1º de Maio na Alemanha

Na Alemanha começam agora as negociações do contrato coletivo para os dois milhões de trabalhadores no setor metalúrgico. Neste contexto, as manifestações sindicais no primeiro de maio foram algo maiores que nos anos anteriores.

Em Berlim participaram varios milhares de trabalhadores na marcha sindical pela manhã, que foi bem maior que nos anos anteriores. Militantes da Organização Internacionalista Revolucionária (RIO, em suas siglas em alemão) seção simpatizante da Fração Trotskista – Quarta Internacional – participaram com uma coluna classista organizada por distintas correntes da esquerda radical.

O RIO se fez presente nas cidades de Berlim, Munique, e Saarbrücken, com universitários, secundaristas do grupo “Red Brain” (cérebro vermelho) e alguns trabalhadores, entre outros do hospital Charié. Apresentamos o terceiro número da revista política-teórica “Klasse Gegen Klasse”, que está disponível em www.klassegegenklasse.org









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