Quarta 24 de Abril de 2024

Votamos construir a Liga Estratégia Revolucionária

10 Sep 2004   |   comentários

Essa II Conferência da Estratégia Revolucionária ’ Quarta Internacional foi um marco na nossa luta incessante pela construção de um partido marxista revolucionário no Brasil, que esteja na vanguarda pela reconstrução do Partido Mundial da Revolução Socialista.

Os avanços que tivemos em cinco anos enquanto ER-QI marcados pela luta trotskista principista em torno da independência de classe e do internacionalismo proletário ativo, pela estratégia revolucionária do proletariado, em contraposição à estratégia petista da conciliação de classes, da oscilação centrista e, da auto-proclamação sectária de diversos pequenos grupos, se expressaram em toda a sua magnitude.

O grupo Estratégia Revolucionária foi fundado em outubro de 1999, a partir de companheiros que foram expulsos do PSTU que não suportou internamente as contradições de um grupo que atuava como ala esquerda travando uma batalha pelo resgate dos princípios do trotskismo. Em 7 de fevereiro de 96, quando Vicentinho fechava um acordo com FHC pelas costas dos trabalhadores sobre a reforma da previdência, nosso companheiro Brandão, neste então no PSTU, respondeu à traição com uma gravata no então presidente da CUT. O PSTU não hesitou em sancionar seu próprio militante, dirigente sindical reconhecido e fundador do partido dizendo em nota que: “não apoiava a forma de tratamento dado ao presidente da CUT, por alguns ativistas e dirigentes sindicais, no Congresso Nacional” . Além disso, chamou a traição aberta de “inacreditável equívoco” do “companheiro Vicentinho” . Estes são os mesmos que hoje chamam a desfiliar-se da CUT. Ontem ameaçavam os trabalhadores de vanguarda que atacavam burocratas que estavam traindo uma luta chave. Hoje se desfiliam. Em nenhuma das duas oportunidades combatem a burocracia.

Nossa expulsão foi fruto do mesmo combate, quando em 2000, na Marcha dos Cem mil em Brasília, denunciamos o bloco frente populista do PSTU “contra FHC” com burgueses como Waldemar da Costa Neto do PL, Brizola do PDT, um latifundiário assassino de sem-terra como Requião do PMDB e com a Igreja. Um escândalo!

Essas são só algumas amostras da nossa luta contra a conciliação de classes e a burocracia e, por outro lado, da política de “coexistência pacífica” do PSTU com a burocracia (com sua política de “influenciar pela esquerda” os oportunistas) e de capitulação a setores da burguesia “progressista” .

Desde a nossa origem enquanto ER-QI estivemos ligados às lutas mais avançadas dos trabalhadores e da juventude. Na greve de 2000 na USP fomos a vanguarda dos piquetes que definiram a greve enquanto todos os setores, do PSTU à Folha de São Paulo se colocavam contra. Entre 2000 e 2002, no movimento anti-capitalista conformamos um bloco pró-operário que colocava a necessidade da aliança da juventude com a classe operária. Em 2004, fomos parte ativa da luta dos químicos da Flakepet na ocupação de fábrica em Itapevi lutando para superar a burocracia lambertista da corrente O Trabalho.

Na greve das estaduais paulistas de 2004, na USP, estivemos na linha de frente dos piquetes dispostos a nos enfrentar com a polícia acatando a decisão de resistir da assembléia dos trabalhadores e organizamos uma grande campanha de arrecadação para o fundo de greve dos trabalhadores que culminou no grande Festival “Hip Hop ocupa a USP em apoio à greve” . Lutamos por forjar uma nova tradição internacionalista ativa com campanhas como em apoio à Intifada Palestina, às Jornadas Revolucionárias na Argentina, pela derrota do imperialismo no Afeganistão e no Iraque e em apoio ao processo revolucionário boliviano.

Construir a Liga com táticas revolucionárias e ofensivas

Esses são alguns exemplos que demonstram a nossa diferenciação com o centrismo que tem a estratégia do “lute e vote” . Ao contrário, nós lutamos para construir um partido revolucionário buscando formar frações revolucionárias nos principais conflitos da luta de classes. Essa diferença de estratégias se vê no direciona-mento dos recursos humanos, materiais e políticos. Por um lado, nas campanhas eleitorais para entidades, para não dizer as parlamentares, organizações como o PSTU e o PSOL colocam todas as suas forças, já nos conflitos da luta de classes, se limitam aos apoios de fax e não colocam seus recursos a serviço das lutas.

Achamos importante a atuação dos revolucionários nas eleições e nas entidades, mas há um problema de estratégia política: se o objetivo é construir “um partido qualquer para uma revolução qualquer” ou um partido revolucionário que lute pela ditadura do proletariado.

Agora nos damos uma tarefa muito superior como Liga Estratégia Revolucionária ’ Quarta Internacional: a tarefa de responder de forma revolucionária à desilusão de amplos setores das massas com Lula e o PT, apresentando de forma ofensiva uma alternativa política que impeça a prostração e desmoralização e, que pelo contrário, seja capaz de reorganizar os trabalhadores e a juventude em chave revolucionária. Essa é uma tarefa que obviamente está além das nossas modestas forças, mas não hesitamos em lutar pelas necessidades da nossa classe em todo o país. Isso porque, ao contrário das organizações que só vêem a si mesmos como o PSTU e o PSOL, nós depositamos toda a nossa confiança no proletariado concentrado como sujeito revolucionário, nos trabalhadores de vanguarda como os trabalhadores da USP que mostraram sua força nos 65 dias de greve, nos trabalhadores do judiciário que estão em uma greve duríssima, nos trabalhadores da Flakepet que ocuparam a fábrica e a colocaram para produzir, nos milhares de secundaristas que saem às ruas em todo o país pelo passe livre, nos universitários que querem barrar a reforma universitária, e outros milhares que não querem abaixar a cabeça frente a esse capitalismo que massacra povos inteiros com as guerras, salários de fome e desemprego.

Na nossa conferência se expressaram todos esses setores e queremos nos colocar na linha de frente para fazer avançar cada uma dessas lutas. Esses trabalhadores e jovens precisam de uma ferramenta política que infelizmente não existe hoje, que é um partido revolucionário com influência de massas. Como parte dessa luta, consideramos importante na situação atual, com a desilusão com o PT e frente ao processo de ruptura, que esses milhões de trabalhadores e jovens avancem na sua independência política impulsionando a construção de um partido operário independente atrelado aos sindicatos e controlado por estes.









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