Sexta 19 de Abril de 2024

Movimento Operário

INTERNACIONAL

Viva a luta dos trabalhadores do metrô de Madri!

02 Jul 2010   |   comentários

Organizar a solidariedade para romper o “cerco criminalizador”

Os trabalhadores do Metrô de Madri estão dando um duríssimo combate contra o rebaixamento de seus salários e o ataque ao seu Convênio Coletivo por parte do governo local. A convocatória de três dias de greve geral (28, 29 e 30 de junho) se radicalizou em sua segunda jornada com o não cumprimento total dos serviços mínimos, que ameaça em converter-se em indefinida a partir de 1 de julho. A esta combatividade temos que somar o feito de que os trabalhadores tenham se dotado de instrumentos de democracia operária básicos como as Assembléias Gerais, onde se discute e se vota os seguintes passos a tomar dia a dia. A coesão é enorme, como demonstra que ainda que cheio de polícias na linha 8 (que une o centro com Barajas), não se pôde colocar em marcha nenhum trem por falta de condutores.

Sem dúvida se trata de um duro conflito que serve de exemplo ao conjunto dos trabalhadores do Estado Espanhol. Os ataques que combatem já são conhecidos por milhões de nós, e só o caminho que os trabalhadores do Metrô estão optando pode levar a derrotá-los.

Os ataques de Zapareto se estendem, e alguém precisava os expor com contundência

Os ajustes sobre o salário dos trabalhadores públicos do Governo de Zapareto se estendem sobre cada vez mais setores. Apesar de que o “decretazo” aprovado recentemente excluía do recorte às empresas públicas com convênio próprio, como RENFE ou AENA, a Comunidade de Madri tem sido a primeira em estender o rebaixamento de 5% do salário às empresas que dependem de sua administração. É o caso do Metrô de Madri, que emprega 7500 trabalhadores.

A política de Esperanza Aguirre, que está à cabeça do governo local, é uma demonstração de que o “salário” de Zapareto é compartilhado pelo conjunto dos partidos do regime, que onde governam o aplicam e inclusive endurecem. Além disso, é um nefasto sinal de que depois dos 2,5 milhões de trabalhadores públicos afetados pelo “decretazo”, pretende-se seguir com este ataque ao conjunto dos empregados de serviços públicos (ferroviários, aeroportos, correios...) e a empresa privada. Além do rebaixamento salarial, o ataque aos trabalhadores do Metrô de Madri é duplamente perigoso, já que anula o Convenio Coletivo da noite pro dia por Decreto de Lei. Ao se converter isto em antecedente, junto com o desmantelamento da negociação coletiva que inclui a nova Reforma Trabalhista do Governo, estaremos cada vez mais próximo de voltar a relações trabalhistas do século XIX, em que as condições de exploração eram negociadas quase individualmente.

Por isso a contundente resposta dada pelos trabalhadores do Metrô deve despertar o apoio e a solidariedade do conjunto da classe trabalhadora. Eles estão respondendo à altura estes ataques históricos, que se passam nos farão retroceder décadas em nossas condições de vida e direitos. As moléstias, ocasionadas aos usuários não são responsabilidade dos trabalhadores, mas daqueles que desde Moncloa ou da Puerta del Sol querem passar por cima de nossa classe para seguir salvando aos bancos e a patronal. A dureza da greve é proporcional à magnitude de um ataque que caso seja derrotado será uma vitória para o conjunto dos trabalhadores do Estado espanhol.

Um sindicalismo que assusta todos os setores da burguesia

A decisão de não cumprir os serviços mínimos tem multiplicado os efeitos do protesto. É a primeira vez em 20 anos que o Metrô da capital fecha completamente, e, portanto, que o conjunto dos trabalhadores podem exercer seu direito de greve. Os distintos governos locais, autônomos ou o central, costumam impor serviços mínimos com fura-greves, que acabam minando as lutas dos trabalhadores dos serviços. O caso do transporte urbano é quiçá o mais sangrento. Só nesta greve Aguirre havia imposto que 50% dos trabalhadores estivessem em seus postos de trabalho. Mas a dinâmica das assembléias faz com que os trabalhadores possam ter um maior controle sobre seus representantes no Comitê de Greve. Isto dificulta os acordos com os dirigentes vendidos aos quais estão acostumados patrões e governantes. Sem dúvida a greve está indo muito para além do que desejariam os Toxo e Méndez, entretanto, estes tem por ora que aceitá-la pelo peso da organização desde baixo.

A greve do Metrô está recuperando algumas das melhores tradições do movimento operário, ao mesmo tempo em que “reconquista” os ataques em relação ao direito de greve. E isto é algo intolerável para o conjunto da patronal e dos partidos do regime. Todos eles, junto com seus meios de comunicação e os seus mais diversos porta-vozes tem denegrido os trabalhadores. Delinqüentes, irresponsáveis, chantagistas, seqüestradores...são algumas das lindezas que se podem ouvir desde a “fascistoide” INtereconimia até a “progressista” Sexta. Tratam de culpar das consequências do conflito aos trabalhadores, tirando a culpa de quem rebaixam salários e anulam convênios, apresentando isso como algo natural e legítimo.

Além das desqualificações, feitas pelo governo já se ouvem ameaças de sanções contra os grevistas, e inclusive chamados à Justiça para que processe aos representantes dos trabalhadores. Tudo unido à políticas de sabotagem como a contratação de ônibus particulares ou inclusive a militarização de algumas linhas.

O conflito do Metrô não só põe em evidência a força que temos a classe trabalhadora para jogar contra as cordas a patronal e seus governos, como também que quando isto ocorre saem a reluzir os piores fantasmas franquistas.

Por uma grande campanha de apoio e solidariedade aos trabalhadores do Metrô

Esta ofensiva reacionária contra a greve do Metrô é o principal inimigo dos trabalhadores em luta. É por isso que é imprescindível que o conjunto dos sindicatos, e especialmente o CCOO e a UGT, iniciem uma grande campanha de apoio e solidariedade a esta luta. Temos que explicar as razões que lhes levaram à greve total, que se trata de uma luta que se vence será um exemplo e um golpe para os planos de ajuste dos distintos governos... Organizar atos de apoio e solidariedade nas empresas, zonas industriais... Também organizações de esquerda devemos nos somar a esta campanha, assim como as associações de bairros operários, as organizações estudantis... Isto é ainda mais urgente ante as previsíveis sanções, perseguições e medidas de sabotagem que já se anunciam.

Trata-se de converter o conflito do Metrô em algo mais que um conflito isolado a uma empresa. É uma luta que coloca em cima da mesa uns métodos e um caminho a seguir diametralmente aposto à dinâmica de paz social e correção dos últimos anos, e que só tem trazido milhões de demissões e rebaixamentos salariais. Por isso deve ser tomada em forma de solidariedade e apoio o conjunto do movimento operário, a esquerda e as organizações sociais e juvenis. Ajudá-los a vencer.

Se conseguirmos romper o “circo criminalizador” que tratará de impor sobre a greve através de atos públicos, mesas, manifestações, paralisações... os trabalhadores do Metrô estarão mais próximos de conseguir uma vitória para eles, e também para o conjunto dos trabalhadores e setores populares.

 CLASSE CONTRA CLASSE é a organização irmã da LER-QI no Estado Espanhol, integramos a Fração Trotskista - Quarta Internacional FT-QI

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