Quinta 25 de Abril de 2024

Internacional

TRÊS MESES DE LUTA ESTUDANTIL. PRIMEIRA JORNADA DE PARALISAÇÃO DE 48H DA CUT

Viva a luta de estudantes e trabalhadores no Chile

25 Aug 2011 | Reproduzimos a entrevista feita pelo jornal La Verdad Obrera do Partido dos Trabalhadores Socialistas/PTS (organização irmã da LER-QI na Argentina) com Bárbara Brito, estudante, ex-conselheira da Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade do Chile, membro da assembleia de Filosofia e militante do Partido de Trabalhadores Revolucionários/PTR (organização irmã da LER-QI no Chile).   |   comentários

LVO: Como se desenvolveu o primeiro dia de paralisação da CUT?

BB: No marco de 3 meses de luta estudantil, domingo representa um importante dia nessa jornada. Foi uma espécie de medida do que vinha sendo o processo de mobilização e também uma antecipação do que estava por vir. Participaram por volta de 1 milhão de pessoas na atividade cultural e familiar. O governo quis apaga-la dizendo que não havia ido mais que 100 mil pessoas. Depois disto, nós vimos que a mobilização de 24 e 25 seria forte. A CUT havia estabelecido um cronograma de bloqueios de ruas com 4 pontos de concentração. A mobilização do dia 24 começou, na verdade, na noite anterior com grandes panelaços em diferentes lugares. Depois, ocorreram ocupações massivas de Universidades e Escolas para preparar os bloqueios de rua que foram feitos entre as 5h e 7h da manhã. Hoje se viu novamente a capacidade de luta e de combatividade dos estudantes, como na Faculdade de Filosofia, de onde fomos às ruas fazer barricadas e fizemos comissões de auto-defesa. Há também redes regionais e barricas com outras Escolas e Universidades. Os pontos mais importantes foram USACH e a Faculdade de Filosofia e Humanidades, também no centro de Santiago foram erguidas mais de 18 barricadas massivas. Isso foi o central do primeiro dia de paralisação da CUT. Quem se mobilizou de manhã nos bloqueios e marchas, voltou à noite às praças de suas ocupações e regionais para mobilizar-se.
O que mais chamou a atenção é a combatividade com que saímos a lutar e denunciamos a repressão por parte da polícia herdada do pinochetismo com golpes e detenções.

LVO: Teve algum tipo de preparação para as ações por parte da central sindical e das organizações estudantis?

BB: A CUT, que é dirigida pela Concertación e pelo Partido Comunista, programou este ato no ano passado. Não foi sua política nem adiantar esta paralisação no contexto dos 3 meses de luta estudantil nem prepara-lo desde a base, com assembleias de delegados de trabalhadores de cada fábrica, cada colégio, professores, o setor público. O que mais se paralisou foi o setor de serviços, sobretudo o relacionado à universidade. Também parou um setor dos transportes, dos mineiros, contudo, a burocracia do Partido Comunista não foi capaz de se colocar a altura da mobilização e da situação atual. Os estudantes, ao contrário, são um dos motores dessa luta e podem ser uma base de apoio para que a classe trabalhadora se some à mobilização. Porque são os filhos dos trabalhadores também os que estão lutando pela educação gratuita, não eleitizada, financiada 100% pelo Estado e laica.

LVO: Como foi a participação de vocês na jornada de hoje e o que é esperado para o segundo dia de paralisação?

BB: Desde o Partido dos Trabalhadores Revolucionários organizamos desde as bases barricadas nos distintos pontos de Santiago e isso se deu a partir de comissões e não por fora das faculdades como costumam fazer as organizações de esquerda que dirigem o movimento estudantil, mas sim com assembleias massivas coordenadas com os distintos colégios, universidades e territórios. Fizemos barricadas massivas enfrentando a polícia. Também levantamos em cada assembleia o questionamento do papel da CUT e seus dirigentes e o papel que estão cumprindo os dirigentes da CONFECH com reuniões fechadas, porque não fazem reuniões abertas, assembleias abertas, com delegados eleitos e revogáveis. Não existe nenhum organismo forte como a Assembleia Nacional de Estudantes Secundaristas de 2006. Atualmente a CONFECH é um organismo burocrático. Esta foi uma de nossas grandes batalhas nesses dias. Além de organizar as mobilizações nas ruas, questionar firmemente o papel que tem cumprido o Partido Comunista nesse processo de luta.
Levamos adiante esta luta não só em Santiago, desde o PTR como partido a nível nacional, estamos atuando em várias partes do Chile. Em Arica, ocorreu uma das manifestações mais importantes, estão mobilizados 4 mil pessoas e agora mais de 12 mil estão nas ruas. E é um bom indicativo do que seguramente ocorrerá amanhã nas marchas, ainda que deveremos enfrentar a repressão.
Em Antofagasta, também temos impulsionado as mobilizações desde as bases das faculdades na Universidade Católica do Norte, onde o companheiro Cristian Vilches, secretário da Federação, também impulsiona firmemente a luta, organizando as barricadas, os bloqueios e apoiando a paralisação indeterminada dos professores. Nós acreditamos que este exemplo deve se replicar em todo o Chile e que o Colégio de Professores, também dirigido pelo Partido Comunista, deve convocar uma paralisação nacional por tempo indeterminado. Em Valparaiso, nos colégios técnicos e na Universidade, também se desenvolvem combativas manifestações que enfrentam a dura repressão da policia.

LVO: Qual o programa que levanta o PTR diante da luta estudantil e agora diante da paralisação da CUT?

BB: Na atual situação nacional, nós acreditamos ser necessário levantar as demandas estudantis, como é a educação gratuita, ingresso irrestrito, um co-governo universitário e também um organismo de luta com delegados eleitos e revogáveis para poder potencializar a mobilização e que nós, como estudantes, possamos não só participar, mas também discutir e levar adiante as ações. Além disso, é necessário questionar e aprofundar a luta contra este regime político antidemocrático herdado da ditadura de Pinochet. Nesse sentido, é necessário lutar por uma Assembleia Constituinte em base a mobilização dos trabalhadores e do povo. E este é um ponto central, porque até agora as direções têm levantado a reivindicação por um plebiscito e esta não é a saída, ao contrário, pretende levar a mobilização para a mesa de negociação. É importante que possamos unificar nossa luta estudantil de secundaristas e universitários com a entrada dos trabalhadores ao processo. Assim, seguir questionando o debilitado regime político da direita e da Concertación, herdeiro de Pinochet, é uma de nossas demandas principais.

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