Sexta 29 de Março de 2024

Movimento Operário

FIM DE GREVE NA GM

Vitória dos trabalhadores na GM de São José dos Campos

26 Feb 2015 | No sexto-dia de greve a empresa recua e aceita acordo proposto no TRT na última terça-feira, quando a empresa se recusou, adotando uma postura intransigente. No final da tarde de ontem a empresa chamou o sindicato para negociar e hoje de manhã em assembleia os trabalhadores aceitaram o acordo e retornaram ao trabalho. O acordo prevê lay-off de 650 trabalhadores por 5 meses, a partir do dia 9 de março, com estabilidade de 90 dias após o término da suspensão de contrato. Durante a greve estivemos em São José apoiando a luta dos metalúrgicos.   |   comentários

No final da tarde de ontem a empresa chamou o sindicato para negociar e hoje de manhã em assembleia os trabalhadores aceitaram o acordo e retornaram ao trabalho. O acordo prevê lay-off de 650 trabalhadores por 5 meses, a partir do dia 9 de março, com estabilidade de 90 dias após o término da suspensão de contrato.

Em greve desde o último dia 20, os trabalhadores da GM, cujo sindicato é parte da CSP-Conlutas, central sindical opositora à CUT/PT, e é dirigido pelo PSTU, enfrentaram a ameaça da empresa de demitir 798 trabalhadores na planta de São José dos Campos. A empresa pretendia colocar estes trabalhadores em novo lay-off de 60 dias e em seguida demitiria todos. Em uma greve forte, os trabalhadores mostraram que podem vencer a empresa e defender os empregos.

O acordo firmado e aprovado pelos trabalhadores na assembleia do turno da manhã, e que foi ratificado no turno da tarde, é de uma nova suspensão temporária de contrato de trabalho por cinco meses, com garantia de estabilidade ao final, de 90 dias. Além disso a empresa se comprometeu a pagar os dias parados, porém mediante reposição das horas. A empresa garantiu ainda não ter qualquer perseguição aos grevistas.

Histórico

De 2012 até hoje, a empresa já vem demitindo e colocando trabalhadores em lay-off. Durante esse período a planta demitiu aproximadamente 2400 trabalhadores.

Em setembro do ano passado a GM colocou 798 trabalhadores em lay-off na planta de São José dos Campos. O contrato foi normalizado no último dia 13 de fevereiro e estes trabalhadores teriam estabilidade de 6 meses, segundo acordo firmado ao início da suspensão de contrato. A empresa abriu no final de janeira um Plano de Demissão Voluntária, oferecendo além de salários, carros zeros pra quem aderisse ao programa, e absurdamente, ofereciam 25 salários para quem tivesse estabilidade por acidente de trabalho ou por doença adquirida no trabalho.

Não atingindo sua meta de adesão ao programa, chegaram a aproximadamente 90 adesões, a GM decidiu então que cortaria 798 trabalhadores, uma reestruturação produtiva que atingiria aproximadamente 15% dos 5200 trabalhadores da planta. Com a intransigência da empresa, os trabalhadores entraram em greve no último dia 20.

Ainda no dia 20, a empresa entrou com juízo de dissídio coletivo no TRT da 15ª Região em Campinas. Na última terça-feira ocorreu uma audiência de conciliação, que saiu sem acordo por intransigência da patronal.

Os trabalhadores venceram

Com o impasse na audiência de conciliação, os trabalhadores decidiram manter a greve ontem, dia 25. Além disso foi votada uma carta de reivindicações ao Governo Federal, para que a presidente Dilma Roussef intervisse para garantir os empregos dos trabalhadores e não permitir que ninguém fosse demitido. A greve em São José dos Campos começou a afetar a produção também nas plantas de Gravataí e de São Caetano, que segundo do sindicato também entrariam em greve a partir da semana que vem caso a greve continuasse, o que provavelmente fez a empresa recuar.

Estiveram presentes outras categorias e também movimentos de juventude, que foram prestar solidariedade. O Movimento Nossa Classe esteve presente com representantes do metrô e de professores de São Paulo, Lourival Aguiar e Allan Costa. "Devemos nos organizar desde a base para barrar os ataques dos governos, fortalecendo assim a greve", disse Allan. "Devemos entender de onde vem esses ataques, que vem tanto do Governo estadual quanto do Governo Federal, e que para podermos sair vitoriosos temos que fazer como os metalúrgicos da Volkswagen, que barram as demissões e se apoiaram nas solidariedade de outras categorias", relatou Aguiar durante sua ida a fábrica da GM.

Eles também estavam lá para declarar apoio a chapa 1, composta pela CSP-Conlutas, que está concorrendo as eleições ao sindicato, os quais os votos serão conferidos nesta quinta-feira, 26/02. "Apoiamos a Chapa 1 pois a Conlutas se colocou na linha de frente da luta aqui em São José, e como uma central anti-governista deve combater os setores de conciliação com o Governo", disse Aguiar, fazendo também um chamado ao fortalecimento do sindicato. Na apuração hoje das eleições, a Chapa 1, da CSP-Conlutas e de continuação com a antiga diretoria, saiu vitoriosa com 75% dos votos.

O acordo fechado garante o emprego dos 650 trabalhadores que entrarão em lay-off no próximo dia 9 por 8 meses, contando os 5 meses de suspensão dos contratos, mais 3 meses de estabilidade.

Criar uma grande campanha nacional em defesa do emprego

No começo do ano, foram os trabalhadores da Volks que em greve conseguiram barrar 800 demissões na planta do ABC paulista. Agora venceram os trabalhadores da GM. Mas a situação na indústria e as demissões seguem por todo o país.

A CSP-Conlutas, agora com essa vitória em São José dos Campos, deve chamar encontros regionais e nacional para criar um plano nacional de lutas em defesa do emprego e que defenda os direitos dos trabalhadores contra os ajustes do governo Dilma. Chamando as demais centrais sindicais para que convoque dias nacionais de paralisações e greves, com um plano de luta comum.

É preciso barrar as MPs 664 e 665. Lutar pela redução da jornada de trabalho para 36h, para que nenhum trabalhador fique sem emprego no país. Essas lutas devem ganhar uma coordenação nacional, pois quando a patronal se coordenar nacionalmente, virá para derrotar os trabalhadores de conjunto.

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