Sexta 19 de Abril de 2024

Nacional

A luta pelos 143 empregos na Flakepet

Unificar os trabalhadores e confiar apenas nas próprias forças

20 Mar 2004   |   comentários

No dia 3 de março, por volta das 6 horas da manhã um operativo de aproximadamente 100 policiais retomou a fábrica que estava ocupada pelos operários desde o dia 9 de dezembro. A ocupação da Flakepet, fábrica de reciclagem de garrafas Pet em Itapevi-SP, foi a resposta dos trabalhadores frente ao abandono da fábrica pelo patrão, Maurício Nogute, depois de meses sem pagar os salários e direitos dos operários e com uma dívida milionária, a maior parte com o BNDES. Com extrema dificuldade, esses trabalhadores começavam a produzir sem o patrão.

Para a mesma manhã da reintegração de posse, havia sido agendada pela comissão de fábrica, às 8 horas, uma mesa de negociação com a advogada de Nogute. Na assembléia realizada no mesmo dia, já do lado de fora da fábrica, se decidiu montar um acampamento na frente da fábrica para impedir que se retirasse as máquinas e para continuar lutando pela manutenção dos 143 empregos.

Paralelamente a isso, o sindicato entrou com um processo pelo arresto dos bens do patrão, como garantia do pagamento dos salários e direitos atrasados e foi vitorioso. Corre também na justiça um agravo à liminar de reintegração de posse emitida pela juíza de Itapevi a ser julgado nos próximos dias que, se vitorioso, torna ilegítima a ação realizada no dia 3.

Sem minimizar de forma alguma a importância de todo tipo de ação jurídica que possa vir a favorecer os trabalhadores, é preciso saber que só a luta concreta dos operários pela retomada da fábrica pode garantir a vitória dos trabalhadores e a manutenção dos postos de trabalho.

Qualquer saída que esteja apoiada meramente na justiça burguesa ou no Estado burguês e que abra mão de garantir os empregos levará à derrota essa luta exemplar e acrescentará 143 trabalhadores aos já elevados índices de desemprego no país. A única possibilidade de garantir os empregos é recuperar a fábrica e colocá-la a produzir sob o controle dos trabalhadores.

Para isso, hoje é preciso fortalecer o acampamento e buscar todo tipo de apoio, tanto para impedir que a luta seja derrotada pela fome, como para não deixar que o patrão coloque a fábrica para produzir com os trabalhadores que não participaram da ocupação ou que nem sequer trabalhavam na fábrica e para estar lado a lado com os operários na batalha de retomada da fábrica.

Todos os sindicatos, correntes de esquerda, centros acadêmicos etc. devem iniciar imediatamente na sua base uma campanha de arrecadação de dinheiro e alimentos em solidariedade a esses operários, que ao lutarem pelo direito elementar ao trabalho, se vêem obrigados a questionar a propriedade privada e próprio modo de produção capitalista que espalha a miséria e a exploração.

As correntes da esquerda que possuem relações internacionais devem divulgar o conflito para o mundo inteiro, internacionalizando essa campanha.

É fundamental conquistar o apoio da própria comunidade de Itapevi, formada por uma maioria esmagadora de trabalhadores que portanto sentem na pele a importância da luta pelo emprego.

Chamar a unidade com todos os setores em luta, como os movimentos de sem-terras e de sem-tetos, ativistas operários e estudantis na defesa dos trabalhadores da Flakepet, vista como parte da luta por emprego para todos. Essa é uma reivindicação que só pode ser atingida pelas mãos dos próprios trabalhadores, unindo empregados e desempregados, confiando nas suas próprias forças e não num governo que só tem aprofundado a miséria e o desemprego e que tem provado a cada dia de que lado está: a favor dos patrões e contra os trabalhadores.

Os operários e operárias da Flakepet aprenderam uma grande e valiosa lição. Aprenderam que não precisam do patrão para produzir e que os trabalhadores unidos são capazes de coisas que eles próprios não imaginavam. Essa lição deve chegar a cada trabalhador e trabalhadora do Brasil e do mundo, pois ela cria um pequeno germe do que deve ser a sociedade futura, uma sociedade sem explorados nem exploradores, onde todos os trabalhadores se organizem da maneira mais democrática possível para produzir em prol dos próprios trabalhadores.

E é justamente porque essa lição ameaça o poder da burguesia sobre os operários que o Estado, a polícia e a burguesia (e já estão fazendo) de tudo para sufocar essa luta. As dificuldades são e serão muitas, mas o objetivo vale todo o esforço. Parabéns, companheiros, e vamos até o fim!!!

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