Quinta 18 de Abril de 2024

Nacional

Unificar, de fato, a greve de professores, funcionários e estudantes das três universidades

05 Jul 2004   |   comentários

A unidade dos três setores e das três universidades não pode ser alcançada sem que os setores mais combativos atuem conscientemente por esse objetivo. Não basta falar em unidade e fazer negociações conjuntas no Fórum das Seis quando, na verdade, a greve dos funcionários, professores e estudantes das três universidades fica sujeita aos mandos das entidades burocráticas e as correntes políticas governistas e petistas que colocam a conservação de seus cargos e seu domínio político acima dos interesses das bases.

Os grevistas ficam isolados cada um em suas “categorias” , sendo “representados” pelos dirigentes sindicais, sem que as bases possam debater e atuar conjuntamente. Apenas os funcionários da USP têm a tradição de constituir comandos de greve que reúne as unidades para debater e decidir todas as questões da greve, durante todo o tempo. Nas unidades de ensino, poucas são as que ao menos reúnem conjuntamente os três setores, e por isso os funcionários sofrem a pressão dos professores que não respeitam as decisões das assembléias do seu setor e atuam como verdadeiros patrões e furagreves. Não existe um comando de greve unificado de professores, funcionários e estudantes, eleito pelas bases com representantes que devem se responsabilizar com as decisões das assembléias e atue democraticamente pela decisão da maioria dos que lutam. Hoje, as assembléias de funcionários e professores, isoladamente decidem propostas e “indicam ao Fórum” , sem que haja uma unidade verdadeira entre esses setores, com assembléias unitárias e democráticas. Por incrível que pareça, nas assembléias dos professores da USP, por exemplo, os funcionários nem sequer são convidados e os professores decidem negociações com o reitor sem qualquer debate com os demais setores em greve. O que existe, infelizmente, é a “unificação das entidades” e não a unidade das greves dos três setores e das três universidades.

Combater a estratégia conciliadora e as correntes governistas e petistas

Por não haver essa unidade real, cada entidade e setor atua como bem entende, de acordo com interesses corporativos e burocráticos, cada um por si. Por exemplo, enquanto os funcionários da USP aprovam medidas práticas para unificar com os estudantes, cedendo uma de suas vagas para que os estudantes estejam nas mesas de negociação com o Cruesp, a direção da Adusp e do Fórum das Seis são contrários e, na prática, diminuem as forças para impor essa unidade aos reitores. Como pode haver unidade dos três setores com posições tão burocráticas e corporativas como essa das direções dos professores? Como podemos obrigar os reitores a aceitar os estudantes na negociação se as direções do Fórum são contra? Afinal, para que serve a “unidade” do Fórum das Seis se os estudantes não são aceitos por essas direções?

Essas posições burocráticas e divisionistas das direções do Fórum das Seis estão de acordo com a estratégia conciliadora e moderada que desenvolvem, procurando aparecer como “colegas” dos reitores, seguindo com a enganação de que esses reitores “defendem” a universidade porque são professores, escondendo a verdadeira face de patrões e capatazes da política privatizadora dos governos de plantão contra a universidade pública. As direções burocráticas do Fórum das Seis não defendem seriamente a unidade com os estudantes porque querem continuar reproduzindo a estrutura de poder da universidade, onde os professores que defendem essa estrutura de poder mandam e decidem enquanto os funcionários e estudantes obedecem e cumprem.

Os funcionários da USP, corretamente, mostram que seus interesses não são incompatíveis com os estudantes e a unidade dos três setores é fundamental para defender a universidade e barrar os ataques dos reitores e dos governos. Os funcionários e os estudantes, assim como a maioria dos professores, não têm “poder” algum para defender e por isso são os que podem lutar unitariamente contra esse poder ditatorial dos reitores e da cúpula universitária em defesa da universidade. As direções burocráticas dos professores, ao contrário, querem “mudar” a estrutura de poder para “preservar” o poder corporativo que não aceita a força da maioria estudantil e dos funcionários para governar a universidade democraticamente.

Uma verdadeira unidade entre professores, funcionários e estudantes deve começar pelo apoio incondicional e a defesa dos métodos combativos definidos democraticamente.

Para que essa unidade se fortaleça devese buscar forças entre os setores mais avançados, mais combativos, como estão demonstrando os funcionários, com seus piquetes, seus trancaços, suas assembléias massivas, seus comandos de greve, suas posições políticas como o Fora a Polícia do Campus e o Fora Melfi e Eleições Diretas Já.

A forte greve dos funcionários da USP deve dar um passo à frente, garantindo que os setores mais avançados, os que têm feito e farão os maiores sacrifícios para conquistar os 16% e as demais reivindicações possam fazer com que essa estratégia combativa e unitária se imponha sobre a estratégia moderada e conciliadora que sempre acaba aceitando e acertando as imposições dos reitores enquanto os funcionários e professores acumulam perdas salariais de ano a ano e os estudantes ficam isolados e não vêem suas reivindicações serem ao menos negociadas.

Unidade para ganhar e não para perder e entregar os salários e as reivindicações dos funcionários, professores e estudantes.

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