Sexta 19 de Abril de 2024

Juventude

Unidade com os trabalhadores em greve: o caminho dos estudantes para a defesa da universidade

01 Jun 2010   |   comentários

A greve de trabalhadores da USP vem sendo duramente atacada pela reitoria e pelo governo do estado, através de calúnias e ameaças de multas e descontos salariais, um claro ataque ao legítimo direito de greve. Nesse conflito está em jogo a correlação de forças imposta à reitoria e ao governo tucano pelo movimento de estudantes e trabalhadores desde 2007. Dele depende não somente a reposição da isonomia salarial entre funcionários e professores, cuja ruptura é uma tentativa por parte do CRUESP e do governo do PSDB de dividir politicamente essas categorias, mas as condições em que trabalhadores e estudantes da USP continuarão lutando em defesa da universidade e por sua transformação no estado de São Paulo. Não se trata, portanto, simplesmente da justa reivindicação salarial, mas do futuro da universidade.

Os estudantes, no entanto, se mantêm passivos frente a esse conflito, sem tomar parte dele em suas mãos. E é justamente essa a justificativa das principais direções políticas do movimento estudantil da USP - em particular do PSOL que compõe a gestão do DCE e de vários CAs - para sua própria inação. No entanto, a verdade é que essa passividade é cotidianamente construída pela prática dessas direções.

A gestão do DCE, principalmente PSOL - diz (dependendo da platéia) se colocar ao lado dos trabalhadores em greve, mas sequer leva a frente as medidas de apoio votadas nas assembléias (com seu consenso), como a incorporação aos piquetes e a construção de um fundo de greve. Os companheiros do PSTU infelizmente têm se adaptado a essa política mesquinha que se preocupa muito menos com o desfecho dessa greve do que com as eleições para a próxima gestão do DCE. Por exemplo, no importante ato realizado no dia 26, que ocupou durante algumas horas a reitoria da Unicamp, nenhuma dessas correntes enviou sequer um representante da USP. Ao invés disso, preparavam suas chapas para o X congresso dos estudantes da USP.

Nós, estudantes da USP do Movimento A Plenos Pulmões, que participamos desse congresso na perspectiva de transformá-lo em instrumento de luta dos estudantes, fomos obrigados a romper politicamente com esse espaço, ao vermos o PSOL - sem resistência do PSTU - fazer com que não servisse para mais do que votar resoluções muito gerais, que não sairão do papel, ou ainda alterações formais no estatuto do DCE que transferem poder político das assembléias para o CCA e a gestão do DCE. Foi este espaço, distante dos estudantes, que essas correntes contrapuseram à mobilização como instrumento de luta.

Nos inspiramos nos estudantes da Unesp de Marília, ao lado dos quais construímos uma greve estudantil naqueles campus e uma ocupação da diretoria, em apoio à greve dos trabalhadores da universidades estaduais paulistas e contra a terceirização do Restaurante Universitário. Colocamos todas as nossas forças em apoio a essa greve, não somente por sua justeza, mas por entendermos que luta em defesa da educação, e que dela depende o futuro de nossas universidades. É nessa perspectiva que chamamos todos os estudantes a estarem ao nosso lado, construindo em cada curso a mobilização e a greve estudantil, contra a UNIVESP e a precarização do ensino, por moradia e permanência estudantil, contra a repressão a trabalhadores e estudantes que lutam, e também, como parte disso, incorporando-se aos piquetes, realizando arrecadações para o fundo de greve e impulsionando abaixo-assinados, debates, festivais políticos e outras atividades que temos construído, em defesa do direito de greve e contra a repressão, para cobrir de apoio essa luta em defesa da universidade.

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