Quinta 25 de Abril de 2024

Movimento Operário

AO SINDICATO DOS METALÚRGICOS DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Uma proposta para concretizar um plano de luta combativo

29 Nov 2008   |   comentários

Nesses dias o principal sindicato da Conlutas ’ metalúrgicos de São José dos Campos (SP) ’ iniciou uma campanha com o lema “Nenhuma demissão. Estabilidade no Emprego já” , afirmando que “precisamos nos preparar para defender os empregos” porque “os trabalhadores não podem ser penalizados pela crise” .

Iniciativa e fundamento corretos, visto que as licenças remuneradas e férias coletivas anunciadas por diversas empresas, alegando queda na produção, se combinam com demissões e fechamentos de plantas industriais. Esses são sinais de que quando a desaceleração económica se aprofundar ’ produto da recessão no Japão, Europa e EUA ’ o remédio da patronal para a crise gerada por sua sede de lucro e anarquia capitalista será mais demissões, lançando milhões na rua da amargura, num país em que o desemprego já alcança 7,5%, sendo 12,5% na Grande São Paulo e 11,2% no ABC paulista.

Mancha, diretor do sindicato e dirigente do PSTU, declara em entrevista no site do partido que “esta precisa ser uma campanha ampla, que envolva não só metalúrgicos. Precisamos unir outras categorias. Todos os trabalhadores serão afetados pela crise.” Exatamente, qualquer medida séria para enfrentar os planos capitalistas exigirá a unidade da maioria da classe trabalhadora, não podendo se restringir a lutas sindicais isoladas por categorias. Isso quer dizer que os sindicatos devem buscar essa unidade operária tomando a fundamental tarefa de unir as forças dos trabalhadores efetivos com terceirizados e precarizados, para chegar aos milhões de desempregados.

Contra os efeitos da crise que já se avolumam, devemos preparar uma grande luta dos trabalhadores. Contra as demissões, férias coletivas, PDVs, fechamentos de empresas, em defesa do emprego, de salários, da redução da jornada de trabalho para que todos trabalhem, o que a situação exige é outro tipo de “luta” . Uma verdadeira campanha nacional, preparada pela base, com delegados e representantes eleitos nos sindicatos, fábricas e empresas, para que os dirigentes sindicais (principalmente das centrais sindicais que apóiam o governo) obedeçam as ordens dos comitês unitários de luta e piquetes, e não fiquem livres para suas negociatas com o governo e a patronal. Para não deixar passar as férias coletivas, os PDVs e as demissões os trabalhadores não podem ficar presos à divisão sindical por categoria, lutando isoladamente. Para buscar a unificação da maioria da classe trabalhadora é necessário impor às centrais sindicais (CUT, Força Sindical, CTB e Cia.) que assumam as responsabilidades em defesa dos interesses dos trabalhadores, deixando de defender o governo e as propostas patronais (PDVs, férias coletivas etc.), mobilizando as bases para a luta.

A luta deve ser realmente unificada e organizada de forma combativa. Os capitalistas não vão vacilar, e só tremerão se a classe trabalhadora mostrar sua força e disposição de não aceitar pagar os custos da crise.
Para começar a dar passos na unidade combativa, é fundamental que o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (Conlutas-PSTU), que já está se preparando contra as demissões, tome a frente e coordene junto com o Sintusp para materializar a proposta que os trabalhadores da USP aprovaram em assembléia propondo a convocatória de “um encontro combativo regional em São Paulo, de representantes das organizações políticas, sindicais, estudantis, e populares” . Esta é a forma concreta de começar a dar passos no sentido do que afirma Mancha, ou seja, “uma campanha ampla, que envolva não só metalúrgicos” .

Precisamos unir outras categorias, porque todos os “trabalhadores serão afetados pela crise” . A iniciativa do sindicato de São José dos Campos poderia incorporar essa proposta, convocando os sindicatos da Conlutas, da Intersindical, organizações populares e estudantis, além das centrais sindicais para organizar um encontro desse tipo. Pelo andar da carruagem os dirigentes sindicais dessas centrais se negarão a colocar seus sindicatos em movimento, a favor dos trabalhadores, porém ainda que se realizasse um encontro apenas dos sindicatos combativos da Conlutas do estado de São Paulo seria um sinal positivo para alertar os trabalhadores e mostrar-lhes que é possível enfrentar a crise, mas que sem unidade e luta os capitalistas nos levarão, mais cedo ou mais tarde, a uma estrondosa catástrofe social.

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