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Juventude

AUMENTO DAS PASSAGENS SP

Uma matemática que só o filho do prefeito entende

12 Jan 2015   |   comentários

Em matemática simples, se o aumento é de aproximados 16% e o lucro gira em torno de 18%, sem acrescer um único centavo nos gastos públicos, sem congelar salários, sem demitir ninguém, ainda sobraria muito dinheiro.

Frederico Haddad, filho do prefeito Fernando Haddad, escreveu, há poucos dias, um extenso texto de polêmica sobre o passe livre, defendendo o aumento da passagem para R$ 3,50.

A título de exemplo, falemos apenas da Viação Santa Brígida, que atende a região Noroeste e teve lucro líquido de R$ 7.346.690 (sete milhões, trezentos e quarenta e seis mil, seiscentos e noventa reais) em 2012. É um exemplo ainda modesto, se comparado ao lucro de R$ 39.680.300,00 da Viação Campo Belo no mesmo período.

Seus modelos urbanos mais recentes, como o Caio Millenium Vip, são de 2003, o que no varejo custa cerca de 50 mil reais. Para efeito de absurdo, estimemos cada um a 100 mil reais. Este valor, portanto, cobriria 73 novos ônibus apenas em 2012. Consideremos que o lucro caia pela metade, e ainda seriam 36 novos ônibus, renovação de cerca de 5% da frota. Quem pega ônibus lotado sabe a falta que fazem.

Seus motoristas e cobradores, que consomem nas palavras de Haddad, 50% do orçamento, têm média salarial de R$ 1.541,70, em valores atualizados com o reajuste de 2013. 4.764 trabalhadores com esta média salarial, portanto, poderiam ser custeados em seus salários novos apenas pelos lucros antigos. 2.382, se pensarmos nos encargos trabalhistas os quais o empresariado tanto lastima. Mais de 1300, se a taxa de lucro fossem os "desejados" 10% (o valor que o prefeito Haddad declara que busca que as empresas aceitem diminuindo do valor atual). A Santa Brígida possui aproximadamente 3.500 colaboradores, ao todo.

Para Haddad, é absolutamente natural que um punhado de acionistas detenham o equivalente a supostamente um quinto do que é gasto em salários. É desejável que a sexta parte do valor pago ao total dos trabalhadores corresponda ao orçamento de pouquíssimos proprietários que não utilizam o serviço, não organizam as linhas, não conhecem os percursos, nem o equipamento e não representam, enfim, nenhum interesse para além do lucro ao mediar - ainda sob a forma de monopólio - o direito à cidade.

Haddad acha razoável que a população não tenha acesso aos valores e detalhes das transações realizadas, as licitações, salários e contratos diversos. E sem nenhuma cerimônia, dá como verdade a correção da auditoria realizada por técnicos que sabem melhor do que nós o que é ou não aceitável na administração de nossos interesses, embora não nos ofereçam claramente nem seus critérios, nem seus resultados. À contrariedade, respondem com bombas, tiros e difamação pública.

Em matemática simples, se o aumento é de aproximados 16% e o lucro gira em torno de 18%, sem acrescer um único centavo nos gastos públicos, sem congelar salários, sem demitir ninguém, ainda sobrariam R$ 816.298,89 limpos na mão de meia dúzia de parasitas.

Estamos iniciando uma nova onda de lutas contra os ataques promovidos pelos empresários e seus governos. A única saída para garantir aos jovens e ao povo pobre o direito à cidade, aos hospitais, à arte, diversão e à vida, enfim, é nos lançarmos em aliança com os trabalhadores contra a corrupção e os lucros, tomando em nossas mãos o controle do transporte estatizado e em nossos dentes a primavera.

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