Quinta 28 de Março de 2024

Movimento Operário

CERÂMICA STEFANI: EM LUTA PELA EXPROPRIAÇÃO DA FÁBRICA

Uma campanha de massas em apoio aos operários

01 Jul 2010   |   comentários

A luta dos ceramistas neuquinos do SOECN (Sindicato Ceramista de Neuquen) não deixa de acrescentar novas experiências para o movimento operário. Dessa vez, em torno da cerâmica Stefani em Cutral Co, a maior fábrica de tijolos da região, que foi ocupada e posta para produzir sob controle operário desde meados de maio, depois de mais de seis meses de luta em defesa dos postos de trabalho. A novidade é que o sindicato ceramista está levando adiante uma grande campanha política de massas com a população para conseguir o voto pelo SIM ao projeto de expropriação sem pagamento de indenização e estatização sob controle operário da fábrica.

Uma manobra que os passou para trás

A convocatória do Conselho Deliberante de Cutral Co a um referendo para este 4 de Julho, pretende desestimar o projeto exigindo-lhe, para sua validação legal, a participação de metade do padrão eleitoral da cidade, quer dizer 13 mil eleitores e obter a maioria deles. Como temos dito isso põe como condição aos operários de uma fábrica obter mais votantes do que o prefeito e todos os partidos no município nas últimas eleições. A direção do sindicato ceramista, revertendo a manobra do oponente como em um golpe de judô, conseguiu se utilizar disso como uma ferramenta de apoio à luta operária. Para além do resultado que se obtenha, a campanha ceramista já está profundamente arraigada no emblemático povo petroleiro que a finais do menemismo levantou para o país a demanda de “trabalho para todos”, com os dois “cutralcazos” dos anos 96 e 97.

O atual prefeito kirchnerista Ramón Rioseco e seus porta-vozes se debatem entre o voto pelo NÃO ao projeto de expropriação e ao chamado de “não vá votar”. Esta semana, o conselheiro oficial Quevedo e membro da Junta Eleitoral do referendo aconselharam pela radio local que “as pessoas não participem”, uma verdadeira bagunça tratando-se, nada menos, que de uma “autoridade” da própria eleição. Esta saída desesperada do oficialismo se deve ao fato de seus argumentos não se sustentarem, supondo que a proposta operária é “custosa”, já que argumentam que “a estatização significaria que o estado municipal se encarregasse dos salários”. Os ceramistas explicaram nos meios de comunicação que, além do fato de que a estatização ficaria em mãos da província, não significaria um peso ao Estado já que se trata de uma expropriação “sem pagamento” nem indenização alguma para a patronal, e para por a fábrica de tijolos em função de um plano social de obras e casas populares para milhares que vivem sem teto em um cruel inverno neuquino. As desculpas do governo municipal kirchnerista não se sustentam por que é popularmente conhecido que Rioseco maneja um fundo especial, criado desde o cutralcazo, para Cutral Co e Plaza Huincul (El ENIM) destinado a subsídios que em sua maioria caem em mãos de empresas fantasmas que agarram o dinheiro e desaparecem deixando galpões vazios que haviam presenteado como “empreendimentos produtivos”. Neste marco, a luta de Stefani é tomada como uma causa popular.

Uma mudança nos sindicatos em favor do SIM

A campanha ceramista teve eco no interior dos sindicatos depois de semanas de trabalho político e amplos chamados à unidade ante a causa dos operários. Na própria CGT, o SADOP dos professores privados e os sindicatos municipais de Cutral CO, de Centenário e da própria Neuquén se pronunciaram a favor e aportaram fundos para a reta final da campanha. Nos grêmios da CTA se pois a disposição a Unter dos docentes de Rio Negro, e os dirigentes provinciais de ATEN e ATE Neuquén fizeram esta quarta-feira de manha uma conferencia na planta chamando seus filiados a votar pelo SIM. Nos últimos dias também se pronunciaram e comprometeram a aportar para a campanha às seções de doentes opositores de ATEN Centenário, Senillosa e Plottier que se somaram a ATEN Cutral Co que vinha aportando desde o inicio com os ceramistas. Particularmente nos grêmios da CTA a campanha esteve acompanhada de cartas abertas às organizações de docentes e estatais, de entrevistas de ceramistas, e um crescente pronunciamento de delegados e juntas internas como as dos hospitais de Centenário e o Castro Rendón aonde se obtiveram em poucos dias mais de 300 assinaturas pelo SIM, reclamando a definição da CTA em relação ao referendo. Sem duvida um triunfo das exigências ceramista que deu frutos.

Casa por casa

Nesses momentos defronta-se com o final da campanha. Zanon sob controle operário produziu especialmente 12 mil cerâmicas que estão sendo distribuidas casa por casa com a legenda “SIM à expropriação e aos operários de Stefani. Cutral CO vota em 4 de julho ‘Trabalho para Todos’. Esta partida ganhamos unidos”. Desde o refeitório de Stefani se organizam as brigadas que correrem os bairros colocando a luta de Stefani nas paredes, distribuindo panfletos, passando nas rádios e distribuindo comunicado da imprensa, registram os companheiros e companheiras que se propõem como fiscais. Os choferes da cooperativa El Petróleo (produto de uma luta que os ceramistas apoiaram em seu momento) dispuseram dois ônibus para transportar os votantes no domingo e foram alistarados dezenas de carros que as organizações aportam para a jornada. Uma nova gestão ceramista se prepara e o PTS está junto aos trabalhadores entre seus principais protagonistas.

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