Quinta 28 de Março de 2024

Movimento Operário

Um grito dos trabalhadores contra toda forma de opressão

21 Nov 2014   |   comentários

É por isso que dá vigor e renova as energias revolucionárias ver a quantidade de trabalhadores que deram seus rostos pra estampar um grito de revolta contra a opressão.

Na última semana as páginas da Folha de São Paulo e do Estadão estiveram estampadas com fotos de trabalhadores da USP carregando faixas contra os estupros no campus. Nesta mesma semana, os metroviários estão tomando conta das redes sociais com fotos de apoio à Danilo e Raphael, casal agredido dentro do Metrô de São Paulo. Estes dois exemplos carregam muitas idéias.

A burguesia ao mesmo tempo que utiliza todas as formas de opressão pra nos dividir, também ao longo dos anos veio cooptando muitos movimentos que anteriormente se diziam radicais, buscando institucionalizar a luta contra as opressões. Desta forma a burguesia, através de seus governos, enquanto perpetua a opressão, tenta dar pequenas concessões para aparecer como suposta combatente.

Mas a que serve à burguesia a existência do racismo, do machismo e da homofobia? Nenhum de seus interesses está por fora da sua necessidade vital: aperfeiçoar as formas de exploração e aumentar seus lucros. Que os trabalhadores se oprimam entre si ou que não dêem nenhuma atenção para a luta dos setores oprimidos são duas premissas fundamentais que mantém intacta as bases deste sistema de exploração.

Mas quando os trabalhadores percebem que, a cada mulher violentada, a cada trabalhadora assediada, a cada homossexual assassinado, a luta de toda a classe trabalhadora dá um passo atrás, quando os trabalhadores percebem isso passam a entender que nossos inimigos são a burguesia, os patrões e os governos. Portanto, não podemos tolerar que dentro de nossa classe se reproduza os preconceitos burgueses, que não somente oprimem, mas querem nos impor padrões de beleza, de comportamento e de formas de relação social e afetiva.

Ao mesmo tempo, quando os trabalhadores percebem que podem levantar as bandeiras dos amplos setores oprimidos da sociedade, começam então a se colocar como alternativa à própria burguesia que busca cooptar sempre aqueles que se queixam desta sociedade. Seja com beijo gays nas novelas globais, seja com programas de ação afirmativa, seja com cotas para mulheres em cargos de poder. São respostas que muitas vezes a burguesia é obrigada a dar, de forma paliativa, pra responder a um grande anseio das massas oprimidas.

É neste momento que os trabalhadores também disputam, com a burguesia, sua “hegemonia” ou seja, a possibilidade de que mulheres, negros, homossexuais vejam nos trabalhadores uma classe que pode, se armada de uma estratégia revolucionária, abrir espaço para a libertação dos trabalhadores e de toda a humanidade, acabando com as formas de opressão. Isso não poderá acontecer nos marcos de um sistema baseado na desigualdade, como é o capitalismo, e por isso a burguesia só pode nos vender ilusões de respostas mínimas que não alteram em nada esta sociedade de exploração. Os chamados “reformistas” contribuem para este desfecho.

É por isso que dá vigor e renova as energias revolucionárias ver a quantidade de trabalhadores que deram seus rostos pra estampar um grito de revolta contra a opressão. Os metroviários pediam um basta à homofobia, os trabalhadores da USP diziam não aos estupros. Mostram assim que podem ser uma alternativa de luta e organização para todos os setores oprimidos e, mais que isso, podem dar passos largos na consciência de classe pra com firmeza enfrentar a opressão que a burguesia introjeta no seio da classe operária.

Saudamos todos os trabalhadores do Movimento Nossa Classe que no último dia 15 de novembro votaram a realização destas duas campanhas, e também de todos os trabalhadores independentes e de outras organizações políticas que engrossaram esta iniciativa. É preciso avançar na construção de um novo tipo de sindicalismo no Brasil, que encare de forma contundente e revolucionária a luta contra todas as formas de opressão. Certamente será uma novidade explosiva no movimento operário.

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