Quinta 25 de Abril de 2024

Juventude

Um diálogo com a juventude do pstu a partir da luta contra o machismo na Fundação Santo André

21 Mar 2011   |   comentários

Abrimos aqui um diálogo com todos
os companheiros da juventude do PSTU,
que se organizam na ANEL e em especial
com as mulheres. Vivemos um momento
especial no cenário mundial,
veremos daqui pra frente profundas
transformações e novos processos de
luta de classes. O governo de Dilma
terá mais instabilidades e o inquietante
conformismo e a passividade social,
não serão regras para o amanhã. É
para cenários de questionamentos profundos
e de novos enfrentamentos que
devemos preparar a juventude.

Desde já queremos organizar em
nossas fileiras setores da juventude mais
combativa, que se enfrente abertamente
com todo tipo de autoritarismo
e com a ordem social vigente; uma juventude
que veja com paixão cada
novo processo de luta dos trabalhadores
e jovens do mundo; uma juventude
que questione até o final todo tipo de
opressão e que lute contra o machismo,
a homofobia e o racismo; uma
juventude que se enfrente com o aparato
repressivo do estado e que não
tenha medo de se colocar ao lado dos
oprimidos. Queremos uma juventude
viva que se coloque desde já a tarefa
de se preparar seriamente para se aliar
a classe trabalhadora e atuar com um
só punho na luta contra o capitalismo.

Nas ultimas semanas uma discussão
acalorada tem sido parte do movimento
estudantil da Fundação Santo
André sobre o ato de machismo explicado
na nota do Diretório Acadêmico
da Fafil (composto por militantes da
LER-QI e independentes) que publicamos
nesta página.

As companheiras do PSTU, que participaram
das discussões de conformação
do ato, romperam com o
movimento assim que a confusão começou,
deixaram para trás muitos estudantes
que corretamente se
defendiam das agressões, lavaram as
mãos frente aos acontecimentos e
ainda saíram fazendo um balanço do
D.A. que obviamente não arredou pé e
só saiu de lá com todos os estudantes
que estavam se manifestando.


O pstu e o senso comum

Essa atitude das companheiras do
PSTU naturaliza atos de machismo e legitima
os agressores. É alheia a tradição
revolucionária, de Trotsky e inclusive do
próprio Moreno. A posição do PSTU
frente ao ato concreto de machismo
na FSA é a de igualar os agressores e
seus defensores aos estudantes em
geral, como se todos fossem machistas
no mesmo nível, sem fazer nenhuma diferença
entre aqueles que violentaram
e assediaram a estudante. Além é
claro, de ser expressão de uma falta de
sensibilidade com a humilhação sofrida
por uma estudante conhecida por
todos que foi agredida e beijada a
força pelos agressores. Esse posicionamento
da juventude do PSTU do ABC é
a expressão de como uma orientação
partidária geral voltada fundamentalmente
para os calendários sindicais e
eleitorais gera uma profunda adaptação
nas lutas democráticas no programa
e na prática.

O papel da juventude é romper com
o senso comum que legitima e naturaliza
as ações opressivas. Um exemplo: é
prática habitual do senso comum
quando a polícia está num conflito
com algum movimento dizer que não
importa quem começou, que os dois
atores estão equivocados, por causa
da violência em si. Perguntamos aos
companheiros do PSTU, num momento
como esse os que estão sofrendo a repressão
tem culpa? É possível um diálogo
com a PM?

É com essa lógica que companheiras
do PSTU tem atuado frente ao caso
concreto de machismo na FSA, se a resposta
das companheiras é dizer que
não importa quem começou o conflito,
tentando culpar o D.A., e não os defensores
do agressor machista, assumem
uma posição “neutra” que em
última instância legitima os agressores,
já que dizem que tanto os defensores
do agressor quanto o D.A., que não
visou um suposto diálogo, estavam
equivocados:

Não queremos entrar aqui no mérito
de “quem começou o que”, mas sim no
mérito de que o Diretório Acadêmico
não organizou a manifestação de
forma que visasse o diálogo... [1]

Quando os defensores do agressor
machista - não um estudante comum
que não sabe o que está acontecendo-
vão violentamente ao confronto
físico com o movimento,
perguntamos: é possível dialogar? A
postura correta é abandonar o movimento?
Romper com a manifestação?
Infelizmente, foi isso que as companheiras
fizeram.

Falar contra a repressão, contra o regime,
contra o machismo tem que vir
combinado com um programa e uma
prática política consequente. Por isso, é
equivocado quando as companheiras
da Juventude do PSTU do ABC fazem
declarações dizendo que não importa
que lado começou a briga, que violência
gera violência e trata o movimento
como uma “gangue” [2]. Demonstram
uma profunda adaptação a um sentimento
pacifista e conformista, combinado
com um eleitoralismo vazio, já
que em poucos meses se inicia o processo
eleitoral para o D.A. da Fundação.

Para nós é uma questão de princípio
importante a luta dos oprimidos contra
os opressores, sempre presente na tradição
do movimento trotskysta, e achamos
que a defesa desse principio deve
ser central em uma juventude revolucionária,
subversiva e questionadora.
Assim, fazemos um chamado a juventude
do PSTU para que supere o clima
de passividade e conformismo social
com as opressões e revejam sua posição
frente ao caso de machismo na
FSA, mas que a partir disso também
sirva para pensar mais de conjunto
sobre qual será o papel da juventude
com as mudanças imensas que veremos
nos próximos anos.

[1Declaração do Coletivo FSA que Queremos
(PSTU) Afinal a postura do D.A.
Gestão Desafiando a Miséria do Possível,
serviu para que?

[2Idem- uma verdadeira “briga de gangues”,
onde os estudantes se atracaram
e saíram ainda mais divididos do que já
estavam.

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