Quarta 24 de Abril de 2024

Teoria

ESPECIAL 90 ANOS DA REVOLUÇÃO RUSSA

Um debate de estratégias

11 Dec 2007 | Conferência pronunciada pelo companheiro Emilio Albamonte, dirigente do PTS argentino e da Fração Trotskista (FT-QI), na Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Buenos Aires, no dia 27 de novembro passado, em uma sessão de homenagem aos 90 anos da Revolução Russa.   |   comentários

Isaac Deutscher, o grande biógrafo de Leon Trotsky, começa O Profeta Desarmado, que é o livro em que Deutscher relata a luta de Trotsky contra a burocracia stalinista, afirmando que se vê obrigado a resgatar Trotsky de uma montanha de cachorros mortos, da mesma forma como Carlyle, o biógrafo do grande revolucionário da revolução inglesa de 1648 , Oliver Cromwell, havia tido que tirar o "Lord Protector" da montanha de cães mortos criadas pelos contra-revolucionários e pelos conciliadores dessa época, que haviam passado para o lado da contra-revolução. Neste sentido, creio que nós, ademais das discussões históricas, que são muito importantes porque demonstrarão que a burocratização não foi um processo inevitável e que o stalinismo não foi o resultado automático do bolchevismo, como explicou Christian Castillo [1], para discutir a vigência da revolução temos que discutir que estratégias são úteis hoje para o proletariado e para as massas exploradas para acabar com a exploração e com a opressão no mundo. Para discutir isso, temos que começar definindo o que é estratégia.

Tática e estratégia

A palavra estratégia vem do pensamento militar, a Segunda Internacional fundada em 1889 ainda falava em termos de tática. A tática era a chave, inclusive se vocês lêem a obra de Lênin antes de 1914, ele falava da teoria marxista e da tática do movimento operário. Só a Revolução Russa vai voltar a pór no vocabulário esse termo extraído da arte militar e que tem muito a ver com o desenvolvimento da própria etapa imperialista que é o termo "estratégia", como dizia Clausewitz: o objetivo da guerra é dobrar a vontade do adversário para impor-lhe nossa própria vontade. Isso é o que têm de fazer os explorados se querem superar a exploração e a opressão.

Então, segundo o pensamento militar convencional, estratégia, por definição, é o plano para dirigir uma campanha militar, e tática é o plano para dirigir uma batalha. Uma campanha está composta por diversas batalhas, as batalhas são táticas com respeito à campanha militar. Leon Trotsky, que junto com Lênin e a Terceira Internacional são os primeiros que levam o termo "estratégia" às conclusões da Revolução Russa, diz que a "tática é a arte de dirigir operações isoladas". Isto é, se participamos de eleições isso é uma operação isolada. Se participamos de um sindicato e ganhamos uma comissão de fábrica, é uma operação isolada. Mesmo a participação em uma insurreição espontânea como foi o Cordobaço [2], é uma batalha tática.

E então, o que quer dizer estratégia? Para Trotsky a estratégia é a arte para conquistar o domínio; combinar todos os elementos para apoderar-se do mando, isto é, para vencer. Os revolucionários não participamos dos sindicatos, das eleições, das jornadas revolucionárias como as de 2001, etc, só por participar, nem para criar alas de esquerda nos parlamentos, nem para criar novas direções nos sindicatos, nem somente para lutar nas lutas económicas, etc, mas sim para unir todos os meios no momento preciso para voltá-los contra a burguesia e torcer sua vontade e impor a vontade dos explorados. Isso é estratégia, todo o mais, em função disso, é tática.

A Revolução Russa e a história do Partido Bolchevique nos ensinou que a chave da discussão de um marxista revolucionário é aprender a arte de vencer, e a arte de vencer é a concentração no lugar mais débil do inimigo, no momento em que está mais desorganizado e em que a "tropa própria" é mais forte, unir todos os meios para dar um golpe de nocaute, do qual ele não possa se recuperar e nesse período desenvolver a revolução tanto interna como internacional.

O debate de estratégias

Queria fazer esta homenagem hoje à Revolução Russa, discutindo contra um senso comum, que é que a estratégia surgida dessa revolução seria uma estratégia anacrónica, fora de moda. Quero discutir a partir das grandes revoluções do século XX. Quero dizer que as estratégias e as táticas surgiram dos momentos de revolução (e também de não revolução) dos séculos XIX e XX. Podemos dizer que a Revolução Russa deu lugar a uma estratégia, que é a estratégia da tomada do poder pela classe operária e da ditadura do proletariado. Mas outras grandes revoluções, como a Revolução Chinesa ou a Revolução Vietnamita, deram lugar a outras estratégias, a estratégia da guerra popular prolongada; e a análise da experiência da Revolução Cubana por Ernesto Guevara e Regis Debray deu origem à estratégia do foquismo. Eu vou me referir a essas distintas estratégias, e também vou me referir a uma tática transformada em estratégia que é participar nas lutas sindicais e nas eleições; discutindo com Rosa Luxemburg, Karl Kautsky denominou esta soma de táticas de "estratégia de desgaste".

Além dessas estratégias que surgiram nas revoluções e da "estratégia de desgaste", há outras duas estratégias, ou uma que podemos dividir em duas. Por um lado, a estratégia autonomista, que considera que a chave é a atuação do movimento social separado de toda discussão pelo poder, porque o poder burocratiza e cria uma divisão entre dirigentes e dirigidos que inevitavelmente leva à burocracia. O teórico atual desta estratégia é Toni Negri, porém a referência política mais importante é o Exército Zapatista de Libertação do subcomandante Marcos. Outra estratégia, que é aparentada com esta porém não é o mesmo, é o anarquismo, que opina que não se deve participar dos sindicatos porque são agências da burguesia, ou no máximo que só deve-se participar em sindicatos revolucionários, que não devemos participar nos parlamentos e que a chave não é construir um Estado operário de transição quando se toma o poder, e sim abolir o Estado imediatamente.

A vigência da estratégia bolchevique

Resumindo, há várias estratégias dos oprimidos e explorados. Homenagear a Revolução Russa significa ver se tem vigência ou não a estratégia que levantaram os bolcheviques na Revolução Russa, então desse ponto de vista quais são as condições para que uma revolução como a russa possa se dar.

A época de crises, guerras e revoluções

As condições para que uma revolução como a russa possa se dar é que existe uma época, que os marxistas na Primeira Guerra Mundial chamaram a época de crises, guerras e revoluções. Essa época se abre com a Primeira Guerra Mundial. Quando falamos de guerras mundiais, em geral se sabe que houve muitos mortos, mas talvez não se entenda bem de que estamos falando.

A Primeira Guerra Mundial supera em barbarismo tudo o que os séculos precedentes haviam vivido; por exemplo, em uma batalha, que é a batalha de Somme no primeiro mês, morrem 250 mil soldados ingleses, na Rússia no primeiro ataque morrem 70 mil operários e camponeses. As duas guerras mundiais, uma levou a trinta milhões de mortos e a outra a cem milhões de mortos; a Segunda culmina não somente com o massacre dos nazistas, mas com múltiplos crimes de guerra. Bombardeiam toda a cidade de Tóquio, cujas edificações eram de madeira e então a população de Tóquio é queimada viva, e é uma pequena antecipação do que vai acontecer alguns meses depois com as bombas atómicas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki. A cidade de Dresden na Alemanha, por exemplo, foi bombardeada pelos aliados e matam grande parte da população porque consideravam que nesse país podia haver novos levantamentos e surgir novas Petrogrados.

Então os cálculos que os revolucionários faziam, de que depois da Segunda Guerra Mundial o proletariado alemão ia ressurgir e gerar uma nova revolução, não se dão porque a burguesia, aprendendo com a Revolução Russa, negocia com o stalinismo a traição da revolução nos lugares onde a classe operária era muito forte, como na Itália, na França e na Grécia, e mediante crimes de guerra tentar conter as massas dos explorados do mundo. Os norte-americanos, inclusive, são os piores, por exemplo em Hiroshima e Nagasaki vão e matam a maioria da população. No entanto, apesar desse terror massivo não puderam evitar no imediato pós-guerra grandiosas revoluções como a chinesa e a iugoslava.

Quando falamos das crises e guerras que deram origem à Revolução Russa não nos referimos a qualquer crise nem a qualquer guerra. Se somamos a guerra civil e a guerra mundial, a Rússia viveu em guerra e na fome desde 1914 até o ano de 1922, imaginem um garoto de 15 anos que viveu sempre em uma guerra, ameaçado pela fome, podendo morrer todos os dias. A Revolução Russa surge neste marco.

Houve acontecimentos, não da mesma magnitude que os que deram origem à Revolução Russa, porém também catastróficos, como por exemplo no ano de 1929 quando se dá o crack em Wall Street, este crack não é uma guerra, mas é uma crise onde em um ou dois anos naufragam 8 mil bancos. Então todo o mundo que tinha poupança, toda a classe média perde as economias de toda a sua vida. Vocês viram o que fez a classe média aqui, em 2001, porque puseram o seu dinheiro no "corralito", e então o que ela fez [3]. Agora imaginem as pessoas que pouparam durante trinta ou quarenta anos, que conseguiram uma casa e conseguiram pór algum dinheiro nos bancos, etc, e de repente lhe arranquem todo o dinheiro, e além disso que de cada dez operários sete ou oito fiquem sem trabalho. Bom, isso não aconteceu num país periférico como o Iraque ou o Afeganistão, nem sequer como a Argentina, aconteceu nos Estados Unidos. Então, se não há possibilidade de crises desse tipo, de guerras como a Primeira Guerra Mundial, de guerras inclusive "não tão fortes", como a Guerra Russo-Japonesa que era "só" entre dois países e deu lugar à revolução de 1905; se não há possibilidade de crises, de guerras, é muito difícil que as revoluções cheguem ao grau de radicalização que teve a revolução russa ou a revolução e a guerra civil na Espanha.

A base, então, é considerar que estamos em uma época de crises, guerras e revoluções. Há gente que diz: "mas como com a democracia burguesia vamos convencer as pessoas de que é preciso fazer uma revolução?", é que se há democracia burguesa o poder pode se manter sem necessidade de recorrer ao exército ou à polícia mais do que esporadicamente. Imaginem se depois de 2001 tivesse havido uma recessão mundial e o Estado não tivesse podido dar aos bancos os 17 bilhões para devolver o dinheiro da classe média, ainda que seja em pesos (e não em dólares como havia prometido Duhalde). Eles se veriam obrigados a matar um monte de gente, e a classe média teria que se definir entre tornar-se fascista e esmagar os operários, ou tornar-se revolucionária e apoiar os operários a tomar as fábricas para não perder as economias de toda a sua vida. Porém em 2001 saímos de forma relativamente rápida porque veio uma conjuntura de crescimento da economia internacional.

Em 2001 houve uma situação que podia levar a que a classe média argentina se fizesse ou revolucionária ou fascista. Quando a pequena burguesia dizia "piquete e caçarola, a luta é uma só" iam nesse caminho, depois lhe devolvem o dinheiro e começa a dizer "os piqueteiros não me deixam ir trabalhar", etc. Passa de um extremo a outro, essas oscilações violentas também são subprodutos de uma época de crises, guerras e revoluções. Então, quando falamos de guerra, não falamos necessariamente de guerra mundial; quando falamos de crises, vimos em 2001 uma crise, vimos um ensaio que não se desenvolveu, mas que poderia ter terminado em uma guerra civil na Argentina. Então para esses casos está colocada a estratégia proletária, a estratégia que surge da Revolução Russa, que surge em uma época de crises, guerras e revoluções.

"Este caso se deu apenas na Rússia?". Não, sucedeu na China, na Grécia depois da Segunda Guerra Mundial, na Guerra Civil espanhola, na revolução portuguesa de 1974. Repetiu-se um monte de vezes ao longo do século: "crises, guerras e revoluções", ou "crises e guerras", ou "crises e revoluções", em distintas combinações; nesses casos está colocada a relação entre tática e estratégia.

A classe operária e o partido revolucionário

Para os bolcheviques o sujeito social que podia dirigir essa revolução era o proletariado. E que é o proletariado? O proletariado são todos os assalariados. Então outra discussão frente aos que nos dizem que não tem vigência a estratégia bolchevique, é que não existe mais a classe operária. Mas a estatística da CEPAL diz que na Argentina há 1,3 milhões de operários industriais formais e mais entre 500 e 600 mil informais. De conjunto no país há 10 milhões de assalariados. Então esses assalariados que recebem um salário suficiente para viver porém insuficiente para acumular capital (não como o gerente da Ford que também recebe um salário mas acumula capital), para nós esse assalariado é o sujeito social da revolução. Para os bolcheviques também o era.

Do ponto de vista estratégico, da arte para vencer, tem que haver um partido revolucionário democraticamente centralizado. Este partido, como demonstra a história do bolchevismo, não é só para lutar contra a burguesia, mas também contra as direções traidoras do movimento de massas e os que vacilam entre a reforma e a revolução, aqueles que nós marxistas chamamos de centristas.

Até agora o PTS lamentavelmente só póde participar de eleições, de lutas sindicais, de Zanon, de Brukman, Astilleros [Estaleiros] Rio Santiago, ou ganhar várias comissões internas na indústria e em alguns serviços como estamos fazendo agora, etc. Porém ainda são coisas muito pequeninas aquelas em que tivemos possibilidade de participar. Os bolcheviques tinham outra possibilidade de experiência.

No "Esquerdismo, doença infantil do comunismo", Lênin conta como se formou essa teoria marxista com múltiplos debates na Rússia. Diz, também, que ali se conquistou "uma riqueza de vínculos internacionais e um excelente conhecimento das formas e teorias do movimento revolucionário mundial, como nenhum outro país". O que estamos fazendo agora vai nesse sentido, tentar ver as experiências do movimento revolucionário mundial. Assim como se formou o bolchevismo, isto é o partido que dirigiu a revolução na Rússia, conhecendo todos os movimentos revolucionários do mundo. Porém, ele diz também que o bolchevismo, que havia surgido "sobre esta base teórica granítica" passou por 15 anos de história prática, entre 1903 e 1917, sem paralelo no mundo, por sua riqueza em experiência: "Durante esses quinze anos, nenhum outro país conheceu nada que fosse parecido com essa experiência revolucionária, essa rápida e variada sucessão de distintas formas de movimento legal e ilegal, pacífico e violento, clandestino e aberto, círculos locais e movimentos de massas, e formas parlamentares e terroristas. Em nenhum país se concentrou em um tempo tão breve tal riqueza de formas, matizes e métodos de luta de todas as classes da sociedade moderna. Lutas em que devido ao atraso do país e ao rigor do jugo czarista amadureceu com excepcional rapidez e assimilou com particular ansiedade e eficácia a "última palavra" da experiência política americana e européia".

Ou seja, um partido marxista se forma no trabalho legal e ilegal. O proletariado se transforma em sujeito político como parte dessa luta. Por exemplo em 1907, depois da revolução de 1905 houve uma grande derrota que se afirma em 1907, porém como diz um ditado popular os males vêm todos juntos. Não somente foi uma derrota esmagadora onde morreu muita gente, mas também veio uma crise económica na Rússia de 1907 a 1910, na qual 30% da classe operária foi expulsa das fábricas. O bolchevismo soube retroceder de 1907 a 1910, perder dirigentes e milhares de militantes, e no entanto em 1912 quando volta o ascenso operário, está preparado para aproveitá-lo e poder lançar um jornal diário, o Pravda, com coletas em todas as fábricas onde colocavam dia a dia qual era a tática e a estratégia dos revolucionários.

Auto-organização e milícias operárias

Os revolucionários dizemos que é preciso construir um partido baseado na classe operária, porque a classe dos assalariados vai se transformar em sujeito revolucionário, que esse partido deve ser construído sobre a luta de classes, isto é sobre a forma de luta mais variada, como expliquei, legais e ilegais, quer dizer, lutas de todo tipo. Greves económicas e greves políticas. Insurreições locais e nacionais. Levantamentos, como na Argentina houve em 1993 em Santiago del Estero, em Cutral-Co e em Salta em 1996 e 1997, que deram origem ao movimento piqueteiro, ou como em 2001. Grandes levantamentos, nos quais os revolucionários devem participar se não querem ser uma sociedade de propaganda. O PTS, o PO, etc, ainda hoje somos grupos de propaganda, não somos um partido como o bolchevique (também o foram o MAS dos anos 1980 e o PST dos anos 1970 foram sociedades de propaganda, ou como dizemos os trotskistas “grupos de propaganda e ação revolucionária” ). Não temos dezenas de milhares de “oficiais” nas fábricas, nem sequer nas faculdades, nem nos bairros operários e populares. Esse é nosso desafio apaixonante que temos que nos dar como revolucionários.

Em 2001 na Argentina a burguesia estava débil, era um momento para golpear. Ao não estar forte o proletariado nesse momento, deu-se uma mobilização dos setores mais vulneráveis do proletariado, que eram os piqueteiros, porque o resto do proletariado estava desorganizado, porque havia 27% de desemprego e ao ser uma mescla de setores mais vulneráveis e da classe média, essa situação junto com uma conjuntura internacional de recuperação económica permitiu à burguesia se recompor, porém isso não significa que não vai voltar a acontecer. O Banco da Basiléia diz que uma situação como a de 1929 é previsível nos próximos 5 anos, isso não dizemos nós marxistas, dizem os grandes bancos e os grandes monopólios do mundo. Se está prevista uma crise de 1929, então vão surgir fenómenos como a revolução e a guerra civil espanhola, e então a estratégia bolchevique que diz que quando surge a conjuntura estratégica é preciso ter um partido forjado nas distintas formas de luta. Para quê? Para criar órgãos onde se unifiquem as massas revolucionárias.

Não somos fetichistas dos sovietes; nós acreditamos que podem ser os sovietes mas podem às vezes ser os comitês de fábrica. As comissões internas que existem no movimento operário argentino são parecidas a um comitê de fábrica porque agrupam os filiados e os não filiados aos sindicatos em um período relativamente pacífico como o atual. Podem ser os comitês de fábricas, ou inclusive podem ser os próprios sindicatos que adquiram esse papel. Não necessariamente vão ser sovietes no início. Porém uma organização que una as massas revolucionárias de distintas tendências em uma grande frente única para concentrar-se no ponto débil do inimigo e arrancar-lhe o poder, assumir o mando, isso é um elemento central de nossa estratégia.

Porém se há sovietes e estão desarmados, são um semipoder. Quer dizer, nós temos que estudar muito a arte militar e temos que estudar estratégia. Um exército não se desfaz somente fazendo propaganda sobre ele, ainda que seja chave fazer propaganda dentro dos exércitos. O exército argentino agora não é de alistados, é profissional. A propaganda nos exércitos os desmoraliza, mesmo que seja profissional são pessoas que ganham pouco dinheiro, nesses momentos uma propaganda revolucionária os desmoraliza. Porém não bastam apenas palavras, tem que haver uma guarda de operários que se armem, através do mercado negro ou assaltando depósitos de armas, como fizeram os operários peronistas em 1955, e que nesse momento quando haja enfrentamentos com fascistas lhes dê várias surras para forjar a moral da classe operária, e desmoralizar o inimigo e colocá-lo na defensiva. Nesse momento se organizarão então os sovietes, se armarão, defenderão seus delegados, etc., isso permitirá criar a base de um “exército revolucionário” .

Por isso quando nos dizem, a nós que estamos com a estratégia soviética, que somos espontaneístas, respondemos claramente que não o somos. Consideramos que se há crise, guerra e revolução, se há situação como a de 2001, se o proletariado passa à frente, se há situação como a crise de 1929, cria-se a possibilidade estratégica. Porém para aproveitá-la é preciso ter sido parte das lutas da classe operária. Se não se parte da classe operária nas lutas económicas, ou se não se têm figuras reconhecidas, como podem ser Altamira, ou Pitrola [4], ou Montes, ou Castillo [5], ou o “Pollo” Sobrero [6], etc., é impossível que nesse momento se possa ser uma referência. Não vou falar do PTS, e sim de toda a esquerda que se reivindica revolucionária e que em geral reivindica a experiência da revolução russa, para além das grandes diferenças que possamos ter entre os diferentes grupos de esquerda. Nas últimas eleições fizemos a FITS [Frente de Esquerda dos Trabalhadores e Socialistas, na sigla em espanhol] junto com a Izquierda Socialista e com o MAS, e tentamos que entrasse também o PO, porém a chave é se vamos tirar lições para organizar 10 ou 15 mil “oficiais” que em uma conjuntura estratégica possam se transformar em um partido de vanguarda de 40 mil ou 50 mil operários que influenciem a centenas de milhares e possam dirigir milhões, e isso não é difícil conseguir em uma conjuntura estratégica revolucionária. Se em uma conjuntura relativamente pacífica temos 10 mil, em uma conjuntura estratégica revolucionária isso crescerá tumultuosamente, como fez o bolchevismo que no começo do ano de 1905 tinha 8 mil militantes em uma país de 150 milhões de pessoas, ou no começo de 1917 tinham 17 mil e em alguns meses da revolução passaram a ser 250 mil. É a revolução que multiplica os revolucionários, porém tem que existir oficiais, que tenham se formado em todas as formas de luta previamente. Se não há uma vanguarda de alguns milhares que possa construir um partido de dezenas de milhares que dirijam milhões, pode haver revolução mas não haverá triunfo da revolução, para que a revolução triunfe será preciso considerar a insurreição como arte como aconselhava Lênin.

A ditadura do proletariado

E então se toma o poder. Porém o que significa tomar o poder? Derrotar o poder burguês e construir o poder operário, forjar um Estado transicional. O que é um Estado operário transicional? Quando se toma o poder não se pode acabar com as classes sociais apenas com o poder de um Estado isolado, é necessário aumentar o desenvolvimento e a modernização. Mas a chegada ao socialismo é diretamente impossível no nível de um só país, só pode ser a nível internacional. Então a revolução tem que passar do plano nacional ao plano internacional. Em um país o Estado transicional serve para organizar a ditadura da grande maioria da sociedade sobre a pequena minoria de parasitas, que são os grandes financistas, os grandes empresários, etc., e organizar não só a classe operária, mas todas as grandes massas exploradas, como os camponeses e os pobres que em nosso país são milhões que o proletariado deverá ganhar como aliados. É preciso fazer uma aliança operária e popular, ou operária e camponesa, de acordo com os países. E que objetivo tem isso? Desenvolver a mobilização permanente antes e depois da tomada do poder pelas massas para que, se for um país atrasado libertá-lo da influência do imperialismo, resolver a questão agrária, expropriar as fábricas do imperialismo e da grande burguesia nacional. A classe operária expropriá-las e colocá-las para produzir como propriedade pública e sob controle dos trabalhadores ou administração direta. Para fazer avançar a revolução nacional e internacional.

Então combinar tarefas democráticas, como resolver o problema agrário, o problema nacional, transformar as relações culturais para liquidar a opressão da mulher. Reduzir as horas de trabalho para que os operários possam dedicar mais tempo a fazer política. Para que progressivamente a classe que foi explorada por séculos vá se transformando em classe dirigente, não apenas em classe dominante mas em classe dirigente, e vá estendendo a revolução da esfera nacional à internacional.

Estes pontos que viemos desenvolvendo são esquematicamente os nós centrais da estratégia bolchevique. Se a definição de estratégia é unir todos os meios para concentrá-los em um ponto para vencer; as táticas devem ser pensadas em função da estratégia. Nos tempos não revolucionários é mais difícil militar. O que é que educa um partido revolucionário profundamente? Em especial, os momentos revolucionários, os momentos contra-revolucionários, e as lições que extraiamos deles.

As distintas estratégias alternativas

Como dizíamos a princípio, poderíamos dizer que há três estratégias que surgiram das revoluções: além da estratégia que surgiu da Revolução Russa, a estratégia que surgiu da Revolução Chinesa, e a estratégia que surgiu da Revolução Cubana. Há outra estratégia, a do estancamento da revolução, a dos momentos pacíficos, é a transformação da tática eleitoral e sindical em estratégia. A ela Kautsky chamou “estratégia de desgaste” . Em certa medida, a interpretação que foi feita a partir do reformismo sobre o pensamento do revolucionário italiano Antonio Gramsci sobre a “guerra de posições” combina aquelas táticas com a luta cultural e formula uma nova “guerra de desgaste” parecida a que Kautsky havia formulado. A estas estratégias temos que agregar as do autonomismo e a do anarquismo. Analisemos cada uma.

A guerra popular prolongada

Houve outra grande revolução que foi a Revolução Chinesa, esta é um subproduto de que uma grande revolução operária dos anos 1927 e 1928 foi derrotada pelos erros da direção stalinista e então as tropas camponesas de Mao foram atacadas e se viram obrigadas a percorrer o país até que puderam se estabelecer no norte, e aí Mao começa a fazer a política de guerra popular prolongada. A base desta política não é só a crise e a guerra em geral, mas a invasão do país por uma potência estrangeira. Ao ser invadida pelo Japão a China, Mao extrai as conseqüências de uma nova estratégia, a guerra popular prolongada. Esta afirma que se estamos invadidos por um exército estrangeiro, nossa tática é militar. Mao defendia que era quatro classes que deviam lutar contra os japoneses: a burguesia nacional, o proletariado, o campesinato e a pequena burguesia urbana. O bloco das quatro classes, onde o sujeito fundamental era o campesinato. Mao defendia que é preciso fazer uma revolução agrária que resolva o problema da falta de terra para os camponeses e da fome, criar um Estado unificado na China, lutando contra o estrangeiro. Estas tarefas devem ser levadas à frente pelas quatro classes. O proletariado participa nessa luta como um integrante a mais nessa luta contra o estrangeiro. A tática é essencialmente militar, dizia, se somos mais débeis que o inimigo utilizamos o método de guerrilha: dar golpes surpresa no inimigo e depois nos retirar e mesclar com a população. Mao dizia que o revolucionário deve nadar no povo como o peixe deve nadar na água. Por isso a chave é a ação da guerrilha quando somos débeis. A isso ele chamava a etapa de defensiva estratégica. Há uma segunda etapa, quando conseguimos construir um exército de várias centenas de milhares, então, libertamos setores do território, e começa uma luta entre os setores que libertamos e os setores onde domina o imperialismo estrangeiro ou em aliança com os setores contra-revolucionários. A esta etapa ele chamava de equilíbrio estratégico [7], Há uma terceira etapa, a etapa final, em que construímos uma força esmagadora com relação ao inimigo, então partindo do campo lhe ocupamos as cidades. A esta etapa ele chamava de ofensiva estratégica. Assim foi a revolução chinesa, dessa experiência tanto Mao como os revolucionários vietnamitas tiraram a teoria da guerra popular prolongada.

Esta luta é eminentemente militar, não há órgãos de auto-determinação das massas, e sim um exército guerrilheiro. O Estado que surge, é um Estado baseado em um exército com base essencialmente camponesa, portanto surge como Estado operário burocratizado. Isso não quer dizer que se um país é invadido, ou em outras condições especiais, não se possa aplicar a tática da guerra de guerrilhas, porém para os bolcheviques esta será sempre uma tática e não uma estratégia. Como estratégia é oposta à da revolução russa, porque a estratégia da revolução russa tende a que toda uma classe, o proletariado, eleve seu nível político e se transforme em sujeito de sua libertação. Como diz Marx no Manifesto Comunista: a libertação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores. A estratégia que surge da revolução chinesa é que a revolução dos camponeses, lutando contra a burguesia imperialista e a grande burguesia nacional, seja quem dirija o bloco das quatro classes onde o partido que representa o proletariado, segundo Mao, depois que termine a luta contra o invasor estrangeiro, ajusta contas contra a burguesia na guerra popular prolongada. Para o conjunto dos partidos maoístas, esta estratégia significou uma variante da “revolução por etapas” stalinista, quer dizer, que uma primeira revolução é comum com a burguesia “nacional” ou “patriótica” (inclusive o PCR aqui busca também os “militares patrióticos” ) que, como não existe, termina em aberrações como o apoio a Menem em 1989.

Como dizíamos, para nós, é uma estratégia que surge não somente de crise e guerra em geral, mas como produto de invasões como se deu na China invadida pelo Japão, e mais tarde no Vietnã invadido primeiro pela França e depois pelos EUA. Este método, o da guerra popular prolongada, não é um método de revolução proletária, é um método de luta nacional cujo sujeito principal é o campesinato, e que diz que como subproduto dessa luta, se vencemos o inimigo, depois o proletariado lutará para fazer a revolução socialista ou revolução proletária.

A estratégia do foco guerrilheiro

Há uma terceira estratégia no século XX, que é a estratégia surgida da Revolução Cubana, de uma má interpretação da revolução cubana. Há uma interpretação que fala do assalto a Moncada, que foram derrotados, que veio a repressão, que voltaram depois a partir do México, etc., que os mostra como gente descolada, como se tivessem caído do céu. No entanto, eles eram parte de um partido popular em Cuba. Assim como na China, com a reforma agrária, conseguiam a adesão de camponeses ao exército e então estes apóiam o exército guerrilheiro. E ao mesmo tempo, também, há uma relação com as cidades onde estão se desenvolvendo tendências insurrecionais contra a ditadura de Batista. As lições que tiram os revolucionários cubanos, e essencialmente Ernesto “Che” Guevara, é que não é preciso haver uma crise, nem guerra, nem sequer a invasão do estrangeiro. Basta que haja um governo impopular e que os camponeses estejam famintos. Com essas duas coisas há que se criar um foco, um grupo de revolucionários que se estrutura no campo (ou na cidade, de acordo com a variante do foquismo urbano) e mediante ações de propaganda armada, isto é, por exemplo liquidando latifundiários, etc, essa mesma formação do foco cria as condições para fazer a revolução. Bom, o “Che” Guevara fracassou com esta teoria na Bolívia e quando combateu na à frica, porque o foco não cria condições revolucionárias. Ou há ou não há condições para a revolução. Ou há crises e guerras que possam desatar a revolução, ou não há. Os revolucionários não podem inventar revoluções, em última instância é uma concepção subjetivista que confia que os revolucionários podem criar as condições objetivas mediante a propaganda armada para fazer a revolução.

Como vemos, das três grandes revoluções do século XX, a revolução russa, a chinesa e a cubana, surgem estratégias para fazer a revolução. Estas são as grandes estratégias revolucionárias: a estratégia bolchevique baseada no proletariado, a da guerra popular prolongada e a do foco, baseadas no campesinato e em um exército guerrilheiro. Ao estar baseadas em um exército tampouco desenvolvem organismos de auto-organização das massas. Por isso não houve sovietes em Cuba, porque é o exército guerrilheiro que toma o poder, em Cuba há um partido único e um exército. O “Che” Guevara que se opós à política do stalinismo que queria cooptar a revolução e que inclusive defendeu contra os stalinistas “revolução socialista ou caricatura de revolução” , teve o grande limite de não ter lutado pela democracia soviética em Cuba, pela democracia dos explorados, pelos conselhos operários, para que as massas determinem o que se produz e quanto se produz, e qual relação querem estabelecer com a Rússia. Se as massas tivessem se mobilizado para conquistar esse objetivo, a Cuba teria sido não somente uma revolução triunfante em nosso continente, mas teria sido um farol muito mais luminoso para os explorados da América e do mundo.

A “estratégia” de desgaste

Frente a essas três estratégias que surgem das revoluções, está a formulação de Kautsky da “estratégia de desgaste” , surgida da ausência de revolução, mediante a qual se transforma a tática de participar de eleições e de participar em sindicatos em estratégia.
Há trinta anos que não há uma revolução no mundo; há levantamentos, como na Bolívia, como na Venezuela, como na Argentina em 2001, porém revoluções proletárias clássicas, e muito menos triunfantes, não há desde 25 ou 30 anos. As grandes revoluções “clássicas” derrotadas foram as que culminam com os Cordões Industriais no Chile sob Salvador Allende; a Revolução Boliviana de 1971 que deu origem à Assembléia Popular, um organismo semi-soviético; a revolução que culminou com a greve geral no Uruguai e foi derrotada em 1973, o processo revolucionário que se iniciou na Argentina com o Cordobaço, que passou pelas Coordenadoras Interfabris e concluiu com o golpe genocida de 1976; e a grande revolução que voltou no centro e que foi uma revolução clássica, a grande Revolução portuguesa de 1974, que se combinou com as guerras antiimperialistas que se davam nas colónias africanas daquele país. Desde então, só houve revoluções políticas, que se fizeram contra a burocracia stalinista, como na Polónia nos anos 1980, porém revoluções propriamente clássicas anticapitalistas não houve desde aquela época, ou seja faz 25 ou 30 que não há revoluções. Ainda que tenham ocorrido outras revoluções, que não foram clássicas, como a nicaragüense, ou a salvadorenha, ou a revolução iraniana, que surgiram em fins da década de setenta.
Neste marco a ilusão da “estratégia de desgaste” diz que participando das eleições, ganhando sindicatos, participando em manifestações de massas, etc., vamos desgastando o poder do inimigo até chegar um momento em que possamos nos impor ao poder do inimigo, por isso “estratégia de desgaste” , então todo aquele que participa e ganha comissões internas em um sindicato e participa em eleições opina que está tendo uma “estratégia de desgaste” , mas em termos gerais quem termina se desgastando é ele, a menos que isso esteja ligado a uma estratégia maior.

Como se depreende do que dizia a princípio, aquele que não pensa em termos estratégicos e pensa em termos táticos cria uma porta aberta a todo tipo de arrivismo. Uma questão é pensar que a tática está ligada à estratégia, porém a tática está dominada pela estratégia. Se a tática não estiver dominada pela estratégia, os revolucionários podemos nos tornar uma escola de arrivismo. Alguns partidos reformistas, por exemplo o Partido Comunista Argentino, foi um dos que mais forneceram quadros à burguesia ao longo de sua história, iso é, todos os quadros do Frepaso, desde Aníbal Ibarra, etc., passaram pelo Partido Comunista Argentino. Então aqueles que lutam taticamente e não concebem a tática subordinada à estratégia estão gerando arrivistas pequeno-burgueses.

Como demonstrou em seu momento o próprio Kautsky com seu apoio ao imperialismo alemão na Primeira Guerra Mundial, na época de crises, guerras e revoluções este caminho leva, mais cedo do que tarde, à completa bancarrota.

Autonomismo e anarquismo

Há uma quinta estratégia que é a dos autonomistas, que dizem que podemos estar “além” do Estado e suas instituições, construir nas margens do sistema novas relações sociais. No entanto, o Estado atua sobre os movimentos sociais para além das intenções daqueles que os integram. Atua tanto através da repressão como da cooptação. Um exemplo disso é o subcomandante Marcos, que não foi esmagado porém o deixaram isolado na selva Lacandona e não conseguiu tirar a população da fome, da miséria, da falta de cultura, ainda que tenha conseguido algumas reivindicações. Além disso, não se une com os trabalhadores que fazem parte dos cem milhões de mexicanos, dos quais quarenta milhões são trabalhadores, ao não unir-se com eles essa estratégia autonomista é uma estratégia que leva a um beco sem saída.

A estratégia anarquista tem pontos em comum com a estratégia bolchevique, porém eles opinam que nem bem se tome o poder é preciso liquidar o Estado e fazer “uma associação de produtores livres associados” , ou uma união de cooperativas, porque encarregar-se do poder e começar a planificar a economia seria dar o poder ao burocrata. Estas teorias autonomistas e anarquistas não levam em consideração que existe uma economia e uma política dirigida pelo imperialismo mundial, e que isso levanta a possibilidade certa do isolamento económico e dos ataques militares do imperialismo coligado com os remanescentes das forças burguesas derrotadas. E que então nenhum tipo de experimento pode ser feito se não se cria um novo Estado baseado na democracia soviética com milícias, e inclusive se é necessário com um exército próprio, para derrotar o exército da burguesia e estar preparados para a planificação da economia e para a guerra revolucionária.

Cremos que discutir as estratégias da guerra popular prolongada, a do foquismo, e a estratégia da revolução proletária, ou as outras estratégias, é a forma de prestar homenagem à Revolução Russa. O que quero é introduzir a discussão de estratégia, para que por exemplo os companheiros operários não pensem apenas em suas fábricas, os estudantes não pensem só em seus colégios ou faculdades, os companheiros que estão nos bairros operários não pensem só no trabalho de bairro, etc., mas que pensem cada um de seus trabalhos como instrumentos tático para a única arte dos revolucionários, que é a arte de triunfar. Como dizia o “Che” , a tarefa dos revolucionários é fazer a revolução. Isso implica que a tarefa dos revolucionários é se preparar para fazer a revolução, preparar-se para vencer. Tudo o mais, ainda que seja necessário dar muita importância ao trabalho no movimento operário, ao trabalho estudantil, ao trabalho eleitoral, etc, é tático. Tudo isso tem que estar dirigido pela estratégia, que é a arte de assumir o mando. Ou seja, a arte de vencer.

O Partido de los Trabajadores Socialistas (PTS) é a organização irmã da LER-QI na Argentina, e também faz parte da Fração Trotskista - Quarta Internacional

[1Referência à intervenção anterior realizada por este ’ Nota da tradução.

[2Processo semi-insurrecional com centro na cidade argentina de Córdoba, em 1969, quando houve enfrentamento militar entre os operários e as forças armadas do Estado, com derrota parcial destas últimas ’ Nota da tradução.

[3Se refere à crise argentina de 2001, quando a mobilização massiva da classe média confluiu com os movimentos de desempregados nas ruas, derrubando o presidente Fernando De la Rúa e mais quatro sucessores em menos de duas semanas - Nota da tradução.

[4Figuras públicas do PO argentino.

[5Figuras públicas do PTS.

[6Sindicalista bastante conhecido na vanguarda operária argentina.

[7No final da Segunda Guerra Mundial, Mao, fiel a sua política frente-populista do bloco das quatro classes, estava capitulando em seu programa de reforma agrária radical para não incomodar seus aliados contra o invasor japonês, os generais de Chiang Kai-shek, que por sua vez eram grandes latifundiários. Isso estava alterando o “equilíbrio estratégico” em sentido contrário a Mao, já que esses latifundiários lhe “agradeciam” avançando sobre seu território para liquidá-lo. Apenas no outono de 1946 Mao permitiu aos camponeses tomar a terra dos generais “aliados” e isso impulsionou a ofensiva estratégica que lhe permitiu entrar em Pequim em janeiro de 1949.

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