Sexta 19 de Abril de 2024

Nacional

Um crescimento econômico baseado no aumento da exploração e da opressão da classe trabalhadora

05 Jul 2004   |   comentários

Para garantir a transferência de riqueza aos capitalistas imperialistas através da remessa de lucros e de juros para o exterior e ao mesmo tempo garantir seus próprios lucros, a burguesia brasileira e o governo Lula lançam mão do aumento da exploração e da opressão da classe trabalhadora e do povo pobre.

O dinheiro dos lucros e dos juros sai do suor da classe trabalhadora nas fábricas, através da expropriação do resultado do nosso trabalho em troca de salários miseráveis e através do pagamento dos impostos pagos pela população.

Lula, que prometeu em sua campanha criar 10 milhões de empregos, há um ano e meio de governo deu de presente para o país em torno de 1 milhão de novos desempregados. Segundo o IBGE, a taxa de desemprego do país tem girado em torno de 12 a 13% da população economicamente ativa (a chamada PEA). Isso significa mais de 2,5 milhões de desempregados apenas nas seis principais regiões metropolitanas do país. Além dos desempregados, o IBGE tem registrado em 2003 e 2004 uma média de 12 a 13% de trabalhadores com emprego precário, que significa qualquer tipo de trabalho informal, sem carteira assinada, que chega a menos de um salário mínimo de renda mensal. Ou seja, pelos dados oficiais, que diminuem os números com certeza mais escandalosos ainda, 26% da população estão desempregados ou em subempregos. Ao analisar mais de perto esses dados, vemos que o desemprego é inversamente proporcional à idade, chegando a atingir a absurda taxa de 50% entre os mais jovens, sendo que 44% do desemprego total está concentrado na faixa de 16 a 24 anos, que nem mesmo chegam a entrar no mercado de trabalho. Segundo o Dieese, que utiliza uma metodologia de cálculo mais realista que o IBGE, em abril de 2004, o desemprego em São Paulo chegou a atingir o recorde de 20,7% da PEA, que significa cerca de 2 milhões de desempregados.

Os patrões utilizam o enorme exército de desempregados como chantagem para reduzir os salários, aumentar a intensidade do trabalho e a jornada de trabalho daqueles que ainda estão empregados. Entre os meses de maio e abril deste ano, o total de horas trabalhadas na jornada média semanal subiu de 43 horas para 44 horas e a proporção de trabalhadores com jornada superior a 44 horas semanais aumentou de 40,1% para 46,3%. O rendimento médio real, que já vinha caindo ao longo de todo o ano de 2003, em maio de 2004 caiu mais 0,7% em relação a abril e 1,4% em relação a maio de 2003 (dados extraídos do IBGE e do Dieese).

Como se não bastasse o aumento da exploração do trabalho, o capitalismo também sangra os trabalhadores através de impostos cada vez mais altos. Essa sangria chega ao absurdo de abocanhar 25% da renda das famílias brasileiras que ganham até R$ 400,00 por mês, ou seja, R$ 100,00! (dados extraídos do IBPT).

Mesmo que a economia cresça os 3,5% ou 4% esperados pelo governo, isso não reverterá em nada as péssimas condições de vida da maioria da população. É que os capitalista, quando vêm alguma retomada do crescimento económico, ao invés de contratar, utilizam os bancos de horas acumuladas em tempos de recessão e preferem aumentar a exploração daqueles que já estão trabalhando até o limite de suas forças. As empresas ligadas às exportações são justamente as que têm maior grau de investimento tecnológico para garantir sua competitividade no mercado internacional e por isso mesmo são as que geram menos empregos.

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