Sábado 20 de Abril de 2024

Movimento Operário

CONGRESSO DA APEOESP

Um congresso de costas para os problemas dos professores

06 Dec 2010   |   comentários

O XXIII Congresso da APEOESP está se realizando em Serra Negra (SP) e conta com mais de 2 mil delegados de todo o estado. Sua composição é de 63% para a chapa 1 (ArtSind, Trabalho e CTB) e 37% para o conjunto das oposições (PSTU, PSOL etc.).

Desde o inicio a chapa 1 impôs como centro do debate a alteração do estatuto, burocratizando a entidade e dando mais controle ao setor majoritário. Para se ter idéia, o tempo dedicado a plano de lutas foi de 1 hora e 30 minutos, enquanto o de estatuto foi de 3 horas. Um escândalo! Entre as resoluções, aumento do mandato das subsedes de 1,5 ano para 3 anos, aumento dos membros da executiva, fim da autonomia das subsedes e assembleias em local fechado para "alguns temas".

Esses ataques não são despropositados. A chapa 1 sabe que com a chegada da crise econômica os ataques desferidos serão ainda mais pesados e que o futuro governo Dilma não conta com a mesma credibilidade que Lula tem. Logo, em um cenário futuro de maior polarização terá que ser ainda mais governista, e para isso precisa ter um controle ainda mais ferrenho da máquina e do sindicato.

Enquanto isso cerca de 20 mil professores, da categoria O, podem perder o emprego no fim do ano, com o fim de seus contratos ultra-precarizados. A essa situação a chapa 1 dá as costas, se finge de morta. Suas únicas preocupações foram: aumentar seu controle sobre o aparato e defender com unhas e dentes o atual governo Lula e o futuro governo Dilma.

Essa postura de defender o governo federal já foi um dos elementos que levaram à derrota da greve desse ano. Essa postura, se não for superada, levará a novas derrotas. Vale lembrar que a política educacional do governo Serra está ancorada e referenciada nas políticas federais. Por exemplo, agora o Ministério da Educação está impondo um exame nacional de certificação dos professores, e no estado de São Paulo essa política se concretiza nas provas dos OFAs e provas de mérito. Por isso a chapa 1 não pode lutar até o fim contra as políticas do PSDB no estado, pois teria que lutar contra o PT.

Debater e tirar ações contra os ataques da direita, então, nem pensar. Nenhuma palavra sobre a ocupação e militarização dos morros e favelas do Rio, nenhuma citação sobre o “rodeio das gordas”, os ataques contra homossexuais, as declarações contra os nordestinos. Nada vezes nada.

Infelizmente as oposições, apesar de seu peso relativo, presas a sua lógica de disputar por dentro foram incapazes de ser uma verdadeira alternativa. O plano de luta apresentado pelas oposições fala em assembléia para março, quando as demissões já podem ter sido implementadas.

É preciso romper coma lógica de aparato, presente no conjunto das correntes de oposição. De nossa parte propomos que o centro da luta no próximo período seja unir o conjunto da categoria independente de qual letra esteja enquadrado em uma forte e decidida luta pela efetivação de todos os professores sem a necessidade de concurso público. Esse é o primeiro passo para defendermos a escola pública gratuita, laica, de qualidade e voltada para os interesses dos trabalhadores. É nessa perspectiva que atuamos na categoria, e nessa perspectiva vamos dar nossos esforços

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