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Movimento Operário

PUBLICADO NO SITE DO MST

Trabalhadores rurais são reprimidos pela patronal e pela polícia no interior de SP*

18 Feb 2010   |   comentários

Os trabalhadores rurais da Usina Campestre, localizada na cidade de Penápolis no interior de SP, foram brutalmente reprimidos pela polícia militar e por seguranças da empresa, na última terça feira (22/12), por realizarem um protesto onde reivindicavam o pagamento de salários atrasados. A empresa, que durante todo o ano atrasou os pagamentos e conhecidamente não garante as mínimas condições de trabalho, acionou a tropa de choque que por sua vez agiu de maneira truculenta, reprimindo os trabalhadores com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Diante dessa truculência os funcionários responderam destruindo a portaria da empresa e queimando pneus numa clara demonstração de que não vão aceitar mais as manobras dessa patronal que não respeita os mínimos direitos trabalhistas.

Só no ano passado foram 14 usinas paulistas autuadas por haver irregularidades trabalhistas. Alojamentos e transportes em péssimo estado, falta de banheiros para os funcionários, salários atrasados e falta de equipamentos de seguranças são problemas “comumente” encontrados nas usinas daqueles que o presidente Lula chamou de heróis. E mesmo com todos essas irregularidade os usineiros seguem recebendo créditos e incentivos fiscais dos governos federal e estadual.

A usina Campestre, que pertence a grupo empresarial Companhia açucareira de Penápolis e quem comandou a repressão de ontem contra os trabalhadores, não é diferente das demais usinas. Desde 2002 há denuncias de irregularidade trabalhistas na empresa. Inclusive durante o mês de agosto desse ano os trabalhadores entraram em greve para garantir que a empresa fornecesse diariamente o preço da cana (como é garantido por Lei) que pode interferir nos salários dos trabalhadores e que era negada pela campestre. Durante esse episódio a empresa também acionou a polícia para reprimir os trabalhadores que exerciam seu direito legitimo de greve. Nesse época um relatório feito pela pastoral do migrante em conjunto com os próprios trabalhadores apontou as seguintes irregularidades na usina campestre [1]:

1- Os trabalhadores vieram sem registro

2- Em ônibus clandestino - passando fome

3-Tiveram que pagar as suas passagens e comidas na viagem

4-Chegaram dia 19 de Abril trabalharam 15 dias sem registro e depois ficaram com as carteira retidas na empresa, alguns até hoje

5-Muito deles ficaram dormindo no chão por um bom tempo só quando houve uma ameaça de denuncia arrumaram algumas cama, sendo algumas velhas e quebradas e a empresa está cobrando.

6-Pagam aluguel até das geladeiras velha caindo os pedaços

7-Pagam o Aluguel da casa que a o gato alugou, a luz, água, comida, gás.

8-As casas são velhas os banheiros sem luz e higiene, tem que tomar banho frio e no escuro. (temos foto de uma casa que foi visitada)

9-A empresa não fornece o preço da cana de manhã, só depois de cortada, ninguém fica sabendo realmente quanto cortou naquele dia, e durante o dia tem três preços diferente.

Os donos do grupo Companhia açucareira de Penápolis (do qual faz parte a usina campestre), além de não pagarem os trabalhadores e não respeitarem a legislação trabalhista também estão sendo indiciados pela Polícia federal por fazerem parte de um grande esquema de sonegação de impostos e fraudes na previdência [2]. Estima-se que o esquema chegou a sonegar 2 bilhões de reais nos últimos cinco anos. Ou seja, enquanto povo trabalha quase 170 dias do ano apenas para pagar tributos, essa patronal usineira repressora lucra como nunca através da ultra exploração que sofrem os trabalhadores e da sonegação fiscal. Agora também se soma à longa ficha suja dessa patronal anti operária os crimes de formação de quadrilha, falsificação de duplicatas, emissão de notas frias e falsidade ideológica.

Nós da LER-QI repudiamos a ação repressora dessa patronal criminosa, assim como a ação da PM, uma instituição que não tem outra função que não reprimir os trabalhadores, enquanto os ricos criminosos seguem impunes.

Também nos solidarizamos e saudamos os combativos trabalhadores da usina campestre que formaram uma unidade entre si e lançaram mão de combativos métodos de luta para não aceitar mais um ataque desses gângster patronais. Chamamos a todas as organizações estudantis, sindicais, políticas e de direitos humanos a se solidarizar com a luta dos trabalhadores rurais da usina campestre.

*Este artigo elaborado por nós da LER-QI, foi publicado no site do MST em 3 de janeiro de 2010:http://www.mst.org.br/node/8900

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