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Trabalhadores e estudantes mobilizados em todo o Chile

03 Jul 2013 | Na última semana de junho, a luta estudantil contra a educação de mercado, uma das heranças do governo de Pinochet, que a direita e a Concertação conservaram e aprofundaram, deu um grande passo adiante: uma paralisação de setores dos trabalhadores, que marcharam junto com os estudantes colocando 150 mil pessoas nas ruas em todo o Chile. A unidade operária-estudantil abre um passo nas ruas, fortalecendo a luta estudantil, intensificando os processos de luta de classes que tem debilitado o governo e o regime, afetando o debate presidencial.   |   comentários

Na última semana de junho, a luta estudantil contra a educação de mercado, uma das heranças do governo de Pinochet, que a direita e a Concertação conservaram e aprofundaram, deu um grande passo adiante: uma paralisação de setores dos trabalhadores, que marcharam junto com os estudantes colocando 150 mil pessoas nas ruas em todo o Chile.

Trabalhadores e estudantes mobilizados em todo o Chile

Recentemente se somaram novos colégios e universidades ocupadas, como edifícios públicos. Soma-se à luta das semanas anteriores , onde mais de 100 colégios e Universidades foram ocupadas ou estão paralisadas. Um setor de vanguarda do movimento estudantil, com o alto apoio que se expressa nestes, já havia se posto em movimento. Nas ocupações, organizaram-se sob a democracia direta, com assembleia onde se discute tudo, realizando mesas de debate político, de marxismo, organizado as mobilizações.

Em 26 de junho se iniciou uma jornada de 15 horas e em todo Chile se mobilizaram trabalhadores e estudantes:

As 7 horas da manha, paralisações de rua, barricadas, concentrações de operários e estudantes se somaram nas principais cidades do pais.

As 8 horas começou a paralisação portuária. Paralisaram e bloquearam os acessos aos lugares de trabalho, mesmo aos trabalhadores subcontratados do cobre. Paralisaram também os professores.

Entre as 11 e as 13 horas, começaram as mobilizações: 100.000 em Santiago, mais de 10.000 em Valparaíso, quase 20.000 em Concepção.
 
Nas mobilizações se viam as colunas de estudantes, e com elas as de trabalhadores: a União de Trabalhadores Portuários (que recentemente realizou uma greve de 22 dias), A Confederação de Trabalhadores do Cobre (CTC), o Sindicato dos Trabalhadores do Cobre (SITECO), o Colégio de Professores, a Associação Nacional de Funcionários (ANEF), trabalhadores do setor privado como o transporte coletivo de Valparaiso, trabalhadores da tenda La Polar, as zonas da CUT, a Confederação de Empregados Particulares do Chile (CEPCH) e muitos outros. A CUT aderiu as mobilizações.

A CTC declarou: "Estamos aqui porque o cobre nos pertence e queremos recupera-lo para que os filhos e os jovens chilenos possam receber uma educação publica, de qualidade e gratuita, para que as comunidades mineiras tenham recursos para se desenvolver e para que os trabalhadores e nossas famílias tenhamos uma saude digna". A CEPCH por sua vez afirma que "é o momento em que os trabalhadores devem se ligar as mobilizações estudantis, e não somente em apoio, mas sim somar as demandas operarias. Porque acreditamos que se deve modificar o código trabalhista, acreditamos que a relação entre trabalhador e empregados é escandalosa". SINTECO por sua parte dizia que "sabemos que somos trabalhadores de um setor estratégico da economia nacional, e devido a nossa experiência e história de luta, temos um poder tremendo e uma capacidade de mobilização efetiva e contundente, pelo que colocamos nossas forças a disposição de todo o povo, com o único objetivo de ir avançando na concretização das demandas mais sentidas da sociedade chilena, como é a educação gratuita".

A partir das 19 horas, realizou-se novas concentrações em alguns pontos de Santiago. A resposta do Governo seguiu sendo a de criminalização, tratando de "delinquentes e extremistas" os estudantes e trabalhadores; seguiu sendo a repressão, com mais de 100 detidos somente em Santiago.

O que se segue?

A intransigência do governo e sua repressão, alimenta ainda mais a luta estudantil, que agora se une aos trabalhadores. A mobilização estudantil, com suas paralisações e ocupações continua. Nem as eleições conseguiram desvia-la. Inclusive, muitos dos colégios ocupados são locais de votação, os partidos do regime passaram a semana discutindo o que fazer, até ordenar finalmente a desocupação. Da juventude participará menos de 10% nas eleições primárias. O rechaço à direita e à Concertação, assim como a todas as instituições herdadas da ditadura, é estendido e crescente. Para 11 de julho a CUT convocou uma paralisação nacional. Outra jornada de luta operaria e estudantil se prepara.
 
Um triunfo da luta estudantil fortalecerá a entrada da classe trabalhadora. E para seu triunfo, necessita da luta dos trabalhadores. A jornada de 26 é um ponto de apoio para avançar nessa politica. Para conquistar suas demandas, o movimento estudantil não só deve enfrentar o governo e todo o regime, como vencer seus próprios obstáculos.
 
2011 deixou uma lição: seu caminho de luta deve ser redobrado até impor suas demandas. Contudo as direções oficiais burocráticas como a Confederação de Estudantes do Chile(CONFECH), a esquerda autonoma, Federação de Estudantes Libertários(FEL), União Nacional Estudantil, Juventudes comunistas, assim como os coletivos populistas, estão impondo um balanço derrotista e possibilista: que 2011 já se foi, e agora temos que mobilizar para pressionar os candidatos mantendo as demandas, buscar "conquistas concretas", e "acumular forças". Faz falta uma politica para vencer.

A intervenção da agrupação combativa revolucionária (ACR)

A ACR, impulsionada pelo Partido dos Ttrabalhadores Revolucionários -Classe contra Classe (PTR-CcC) junto a companheiros independentes, nas semanas vem chamando a agrupar-se com os estudantes de vanguarda que saíram novamente a lutar para fortalecer sua luta e preparar-se para conquistar suas demandas. Assembleias de estudantes mobilizados em Valparaiso, Antofagasta e Santiago com mais de 400 estudantes se reunindo. Chamaram a campanha "vamos para a ocupação", para retomar o caminho de 2011 e arrancar suas demandas do governo. Para por de pé organismos a altura do que a luta exige. Também, para mostrar um caminho que atraia aqueles setores de estudantes que ainda não se somaram a luta.
 
Os dias prévios à jornada de 26, nas assembleias estiveram trabalhadores portuários, da indústria, mineiros, da saúde pública, e outros. É preciso seguir a luta nas ocupações, as paralisações nas ruas, pela unidade operaria-estudantil e contra a educação de mercado, parte da luta contra toda herança da ditadura conservadora aprofundada pela direita e a Concertação.

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