Quinta 25 de Abril de 2024

Movimento Operário

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Todo apoio à greve dos trabalhadores da Embraer

09 Nov 2014   |   comentários

Pela primeira vez desde sua privatização, em 1994, os trabalhadores da Embraer de São José dos Campos fazem greve por tempo indeterminado, desde o último dia 05/11. Os quase 13 mil trabalhadores reivindicam aumento salarial de 10%, contra a proposta da empresa e da FIESP de 7,4%; congelamento dos descontos do plano de saúde; estabilidade no emprego e o não desconto dos dias (...)

Pela primeira vez desde sua privatização, em 1994, os trabalhadores da Embraer de São José dos Campos fazem greve por tempo indeterminado, desde o último dia 05/11. Os quase 13 mil trabalhadores reivindicam aumento salarial de 10%, contra a proposta da empresa e da FIESP de 7,4%; congelamento dos descontos do plano de saúde; estabilidade no emprego e o não desconto dos dias parados.

Em comunicado no sábado, 08/11, a empresa e a FIESP reafirmam o mesmo índice de reajuste já concedido e apontam a levar o caso para dissídio para o Tribunal Regional do Trabalho (em Campinas). Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, filiado à CSP-Conlutas, chama nova assembleia na frente da empresa para segunda-feira, 10/11.

Lucros e contratos

No acumulado do ano a Embraer já soma lucro de R$ 554,2 milhões, com a entrega de 126 aeronaves, contra 124 no mesmo período do ano passado.

Só com o governo brasileiro, a Embraer fechou esse ano um contrato para a produção em série de um cargueiro (KC-390) destinado à FAB, negócio estimado em R$ 7,2 bilhões. O próprio presidente da Embraer afirmou: “(O KC-390) é o maior avião já desenvolvido pela Embraer. É um passo adiante para nossa companhia”. Além de ter fechado acordo com a sueca Saab para o projeto F-X2 também para as Forças Aéreas Brasileiras.

Além destes e inúmeros outros contratos firmados este ano, em maio a empresa anunciou a criação de um fundo de investimentos para o setor aeroespacial em parceria com o BNDES, com patrimônio inicial de R$ 131,3 milhões para fortalecer a cadeia produtiva do setor. Onde só o BNDES e a Finep (ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação) entraram com 40 milhões de reais cada um.

Salário

A proposta da empresa e da FIESP, de 7,4% de aumento, representa miseráveis 0,83% de aumento real, descontado a acumulado da inflação. O sindicato e os trabalhadores pedem 3,43% de aumento real, chegando aos 10%.

A tendência da economia é que a disputa pelo salário se torne cada vez mais dura e as empresas tentarão que impor cada vez menos aumento real de salário. É preciso preparar o movimento operário para enfrentar grandes lutas em defesa do salário e do poder de compra dos trabalhadores. Avançar para um programa que defenda o reajuste automático dos salários de acordo com o aumento da inflação se tornará chave para nossa classe.

Emprego

Após o contrato firmado com o governo brasileiro de fabricação do novo cargueiro, o presidente da Embraer, Frederico Curado, afirmou que “esse contrato vai nos permitir não só sustentar como ampliar nossa base de emprego e será fundamental para solidificar nossa base tecnológica”. É preciso se fazer cumprir, pela força da mobilização dos trabalhadores.

Após a reeleição, o governo Dilma já está anunciando aos poucos seus pacotes de ajustes. Corte de direitos, inclusive no seguro-desemprego, no auxílio-doença, entre outro, já estão a caminho. Por isso, a luta pela defesa do emprego se tornará pedra de toque na indústria.

Conhecemos bem a Embraer da crise de 2008/2009, quando demitiu de uma só vez 4.270 trabalhadores. O nível de emprego jamais voltou aos patamares de 2007/2008.

Agora, com essa greve, os trabalhadores da Embraer podem se preparar para defender o emprego frente a futuros novos ataques patronais.

Cercar a greve da Embraer de solidariedade

A greve dos operários da Embraer precisa vencer. Nos solidarizamos com os operários em greve e entendemos que defender o salário agora colocará o movimento operário em melhores condições para enfrentar o endurecimento das patronais e do governo no próximo ano.

Fortalecer a greve com os métodos de luta operária, construir a solidariedade nos locais de trabalho e nos sindicatos, colocarão os trabalhadores em melhores condições para derrotar a empresa e a FIESP.

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