Sexta 19 de Abril de 2024

Juventude

Luta nas Universidades Privadas

Tauany Barbosa conta sobre a luta na Fama contra o fechamento do período matutino

23 Feb 2015 | Mal começou o ano e estudantes e professores já sentiram os ataques que vem ocorrendo por parte do governo na educação. Na faculdade Fama/Uniesp, em Mauá em São Paulo, isso se comprovou para os estudantes dos cursos de Serviço Social e Nutrição.   |   comentários

Tauany Barbosa declara "Nos deparamos com a transferência compulsória dos alunos do período da manhã para o noturno, uma semana antes de começar as aulas".

Tauany Barbosa estudante de Serviço Social e coordenadora do Centro Acadêmico de Serviço Social (CASS Dandara), conta: “Nos deparamos com a transferência compulsória dos alunos do período da manhã para o noturno, uma semana antes de começar as aulas. A direção da faculdade apenas fez um comunicado formal para os alunos do período matutino avisando que eles teriam que mudar pra noite, com justificativas confusas para os alunos, que são majoritariamente negros e trabalhadores, que não tiveram opção de escolha: ou aceitariam essa imposição ou desistiam dos seus cursos pela questão do trabalho ou pelo estágio obrigatório”.

Sobre a Faculdade Fama Tauany explicou que “sempre foi uma faculdade que se destacava das outras faculdades privadas do ABC por sua metodologia de ensino ser diferente, com relativa qualidade, apesar de sempre ter sido uma faculdade privada não tinha a lógica central de formar somente a partir das necessidades do mercado, sempre teve um viés crítico dentro de seus cursos de humanas, principalmente no curso de Serviço Social. Depois que a rede Uniesp comprou a faculdade de Mauá no segundo semestre de 2012 as mudanças e a precarização do ensino ficaram evidentes, a mais evidente foi o aumento das mensalidades que subiram mais de 150% (!), além de professores que foram demitidos”. Complementou “A faculdade oferecia uma bolsa de 100% bancada pela prefeitura que foi cortada e os alunos foram automaticamente obrigados a entrar no financiamento estudantil (FIES), com a mediação de que a Uniesp pagasse os financiamentos dos alunos que tinham esse vinculo com as bolsas que eram oferecidas pela prefeitura. Porém para que a faculdade bancasse a permanência desses estudantes esses tinham que cumprir uma serie de regras rigidas, e a própria instituição cada dia mais dificultava essas regras para que os estudantes perdessem o beneficio”.

Frente ao fechamento do período matutino Tauany denunciou “É por causa dos cortes do governo que para eles não seria mais lucrativo ter o período do matutino na faculdade. Nas ultimas semanas o Centro Acadêmico Dandara de Serviço Social da Fama que construo a gestão, se posicionou juntamente com os estudantes, pois queremos saber pra onde foi o dinheiro que vem sendo aplicado na instituição desde 2012, além de também saber o destino do dinheiro dos estudantes que pagam integralmente as mensalidades e não se reverte na infraestrutura e tão pouco nas condições de trabalho dos trabalhadores dessa instituição, desde os professores até os terceirizados”.

Após a reunião que ocorreu nesta sexta-feira, 20 de Fevereiro, com a direção para esclarecimentos sobre estes ataques. Os estudantes que aceitaram essa imposição, sem comprovações da crise financeira da instituição. Tauany contou que na reunião “Os estudantes indignados questionavam os valores absurdos gastos na propaganda da universidade em horário nobre na rede Globo enquanto diziam não ter dinheiro para manter os estudantes em seus respectivos cursos. Não aceitamos essas mentiras! Exigimos junto a dezenas de estudantes a abertura dos livros caixas”.

A organização dos estudantes se fortaleceu muito a partir dos chamados e denúncias do Centro Acadêmico. Tauany relatou sobre a Assembléia: “Depois nós junto a dezenas de estudantes realizamos nossa primeira Assembleia ainda antes do ínicio das aulas para começarmos esse ano já com luta e organização. Aprovamos a luta contra o fechamento das turmas da manhã e a superlotação do período noturno, a luta por permanência para todos, começando pela rematrícula e a exigência da abertura dos livros de contabilidade. Foi um passo decisivo para a organização e resistência dos estudantes. Tiramos algumas ações para os próximos dias, a mais importe foi a proposta de chamar um ato na frente da faculdade Fama dia 23/02, inicio das aulas, para mobilizar e informar todos os estudantes que não sabem o que está acontecendo, e trazer visibilidade pra luta”.

Tauany, como parte da gestão Dandara no CASS declarou: “Se existe alguma crise na Fama os estudantes, professores e funcionários não tem culpa nenhuma, a qualidade do ensino e os empregos não devem ser atacados! Deveriam mexer nos lucros do grupo Uniesp que na Fama e em outras instituições lucra milhões com a cobrança das mensalidades! Para barrar os cortes de verbas por parte do governo Dilma e Alckmin, que atacam a educação e varias outras áreas que afetam diretamente a vida dos trabalhadores e da juventude, quem deve pagar pela crise são os capitalistas, seus políticos e burocratas! Nenhum corte na educação e nas áreas sociais! Nenhum ataque aos direitos dos trabalhadores!

Por último concluiu: “As medidas de luta contra os ataques da direção da Fama e do governo que o C.A de Serviço Social está tomando nesse momento estão a serviço de uma luta maior, que visa ir no sentido de resolver de maneira estrutural o problema da educação superior no pais, ligada a necessidade de acabar com o “mercado da educação” que suga os salários de milhares de jovens trabalhadores e impede outros milhares de estudar. Para isso é essencial à luta pela estatização de todas as universidades privadas e o fim do vestibular, para que a juventude realmente comesse a ter acesso a esse direito básico que é a educação”.

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