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URUGUAI

Tabaré Vázquez veta lei que despenaliza o aborto

29 Nov 2008   |   comentários

No começo de novembro o Senado uruguaio havia aprovado a Lei da Saúde Sexual e Reprodutiva, onde um dos artigos permitia a interrupção da gravidez até as doze primeiras semanas de gestação. Necessitando apenas da sanção de Tabaré Vázquez para transformar-se em lei, o projeto foi vetado pelo presidente (e médico!) com o apoio da Ministra da Saúde, Maria Muñoz, e com a bênção da Igreja Católica. 60% da população que já havia se manifestado favorável à despenalização do aborto não significou nada diante da opinião pessoal do presidente, que não concorda “nem filosoficamente, e nem biologicamente” com o direito ao aborto.

Há algum tempo atrás, o próprio presidente já havia anunciado que vetaria qualquer medida que pudesse caminhar para a descriminalização total do aborto no país. Ironicamente essa foi uma das poucas promessas que cumpriu. Também é importante ressaltar que a contradição se torna ainda maior pelo fato de que foram deputados e senadores da própria Frente Ampla, coalizão dirigida pelo presidente, que impulsionaram o projeto de lei. No dia 20 de novembro, na Assembléia Geral, o Parlamento do Uruguai tinha sua última possibilidade de conseguir impedir o veto do presidente, caso conseguissem maioria em três quintos da Assembléia, mas foram derrotados.

A tragédia que está inserido esse episódio é a tragédia das 6 mil mulheres que morrem todos os anos por conta de abortos clandestinos, apenas na América Latina e no Caribe, enquanto sabemos que uma simples cirurgia poderia evitar tantas mortes. O “progressismo” latino-americano está portanto manchado com o sangue dessas mulheres, que não podem contar com assistência médica necessária para fazer um aborto em condições seguras e de higiene nos hospitais públicos, pagando com suas próprias vidas. Tabaré conta com uma equipe eficiente para manter esse cenário de terror para as mulheres em nosso continente: Rafael Corrêa no Equador, Fernando Lugo no Paraguai, Lula no Brasil, além das presidentes Michele Bachelet do Chile e Cristina Kirchner da Argentina, todos os que perpetuam essa violência contra as mulheres, nos privando de decidir sobre nossos próprios corpos e relegando dessa maneira as piores situações para as mulheres trabalhadoras e pobres.

É preciso criar um forte movimento de mulheres, que ao lado da classe trabalhadora e confiando em suas próprias forças, lute para garantir os nossos direitos! Mais nenhuma mulher morta por abortos clandestinos!

Diana Assunção é integrante do Núcleo Pão e Rosas

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