Quinta 18 de Abril de 2024

Movimento Operário

UMA NOVA CORRENTE PARA UMA NOVA SITUAÇÃO

Surge a corrente PROFESSORES PELA BASE

21 Mar 2011   |   comentários

Após um intenso período de debates entre professores de varias regiões do estado de SP, que a partir da intervenção comum na última greve, bem como no CONCLAT, avançaram em uma compreensão comum dos fenômenos da luta de classe em geral e de nossa categoria em especial, depreendeu-se a necessidade de organizar uma corrente político/sindical para intervir na categoria de professores. Assim surge PELA BASE!

Retornando ao método da tradição revolucionária, tentamos tirar as lições da derrota da greve do ano passado. Os que hoje compõem nosso agrupamento foram os primeiros a realizar um debate duro sobre o encaminhamento e desfecho dessa luta. As organizações que intervirão na greve, incluído aí a Direção do Sindicato e as correntes da Oposição, não tiveram uma analise correta da situação do governo Serra naquele momento, viram fraqueza onde havia fortaleza. Em segundo lugar, o conjunto das oposições foi incapaz de se firmar como real alternativa à política, conscientemente implementada pela ArtiSind, de transformar nossa greve em palanque para Dilma e desgaste eleitoral para Serra.

Para enfrentar a resistência tucana e o entrave demagógico da burocracia sindical, teria sido imprescindível ter dado fim à política do governo de “dividir para conquistar”, que separa os professores em efetivos e temporários e impõe negociação salarial separada com cada categoria do funcionalismo público. Ao pautar prioritariamente a efetivação de todos os professores sem a necessidade de concurso, nós teríamos unificado TODA a categoria na luta por melhores condições de trabalho. Ao mesmo tempo, ao reeditarmos a greve histórica unificada de 80 dias do funcionalismo público paulista em 89, teríamos colocado a corda no pescoço do governo Serra. Unificar a classe trabalhadora é o primeiro passo para a vitória.

Como parte do balanço feito acima, também se insere a necessidade de reavaliar o trabalho de base realizado. Numa conjuntura de crescimento econômico e o aumento do consumo, pela via do credito, que amenizam o peso do rebaixamento salarial sentido no dia a dia pouco poderíamos ter feito. Mas a despolitização, desmoralização e desorganização esses sim, poderiam e deveriam ser combatidos com ênfase. O trabalho de base ainda é pouco orgânico e quase que se limita a sindicalismo que na melhor das hipóteses é lutista. Pouco se faz para avançar o nível de consciência classista e socialista dos professores. Essa baixa formação da vanguarda ajudou muito para que a Artisind manobrasse a categoria, convencendo-os que o que de fato mudaria a calamidade da educação no estado era votar em Dilma para presidência e em menor escala em Mercadante para governador.

Mudar os rumos na campanha educacional e salarial

Estamos diante da data base da categoria, entretanto com ainda mais um problema: o ataque do Plano de Carreira do Governo em forma de Cavalo de Tróia. O Governo tem realizado “consultas” sobre o novo Plano de Carreira e, esse “engodo democrático” tem feito com que uma parte da categoria deposite suas esperanças na necessidade de apresentar um plano que possa salvar e valorizar do magistério. Nós combatemos essa visão mostrando que: em primeiro lugar, essa consulta aparece justamente no momento da data base, com isso o governo desvia o foco de nossa Campanha para as reuniões intermináveis nos gabinetes; em segundo lugar, o Governo, tem usado esses planos para atacar os trabalhadores, assim foi no Metro e na SABESP. E agora, é a vez do ataque aos professores. Sendo assim, achamos que o mais correto é rejeitar de conjunto esse verdadeiro Cavalo de Troia e organizarmos nossas demandas próprias aprendendo com os erros da derrota fragorosa sofrida no ano passado.

Agora, com a nova campanha educacional e salarial, passa de novo o trailer do filme do ano passado. Da burocracia sindical petista não esperamos nada, mas, infelizmente, mesmo a Oposição Alternativa, tendo o PSTU a frente, não tirou as lições da derrota da greve. Seguem apresentando uma pauta com centro quase exclusivo no aumento de salário, mantendo o método de mobilização pelas instâncias internas do Sindicato e a luta dos professores isolada do resto do funcionalismo.
Nosso balanço de 2010 nos coloca numa perspectiva oposta. Defendemos que as reivindicações salariais estejam no bojo de um conjunto de bandeiras que não sejam simplesmente figurativas. Não somos uma categoria como outra qualquer, nossa responsabilidade social nos obriga a lutar para alem das questões salariais. É preciso por de pé uma forte campanha em defesa da educação publica, gratuita, laica e a serviço dos trabalhadores e do povo pobre. É necessário também, termos em nosso rol de reivindicações as questões de gênero, já que nossa categoria é majoritariamente composta por mulheres. Por exemplo, a reivindicação de creche nas escolas para todas as professoras (os), funcionárias (os) e estudantes não entram na pauta. Outra necessidade imperiosa é a defesa da saúde dos professores e do conjunto da população.

Eleições da APEOESP – duas formas de organizar a oposição

Nosso sindicato terá eleições em junho próximo. Além da eleição estadual, serão renovadas todas as sub-sedes. Isso tem provocado um grande debate na vanguarda da oposição sobre qual seria o melhor método para se conformar uma chapa. A posição amplamente majoritária tem sido a conformação de reuniões sucessivas para fechar “acordos” entre todas as forças. Infelizmente essa tem sido a posição do PSTU e da Alternativa. Nós temos defendido reiteradamente que esse método esconde as diferenças entre os diversos setores e não ajuda a categoria a avançar em sua consciência e luta. Contrapomos esse método com a realização de uma convenção da oposição onde se o balanço da greve do ano passado, tirando lições desse processo. Desse modo, poderíamos chegar a um programa político que fosse produto de um debate democrático entre todos e, por último, como conseqüência disso, se votaria os nomes e a cabeça de chapa por votação aberta. Infelizmente, novamente os camaradas da oposição são contrários à implementação dessa prática política. Nós, pelo oposto, a partir da Zona Norte de SP, onde começamos a realizar uma muito importante experiência militante numa região dirigida pela Articulação, realizaremos um amplo processo de debate e deliberação.

Pelegos a beira de um ataque de nervos

A subsede norte é a tumba da ArtiSind. Justamente por isso, as reuniões eram explanações sobre leis e normas com pouquíssimo peso da oposição. O dia 15 de março marcou o fim dessa tradição. Os professores de PELA BASE realizaram uma importante luta por questões democráticas denunciaram as manobras organizativas ao longo de toda reunião. Fizemos um balanço da greve derrotada - exigindo a unidade entre efetivos e temporários e também com o funcionalismo na luta contra o governo -, resgatamos o exemplo do Sintusp e apresentamos a necessidade de se preparar para o novo plano de carreira. Nossa prática obteve resposta, tanto a burocracia teve um ataque de nervos, quanto um setor de professores que mesmo não fazendo faz parte de nossa corrente teve acordo com nossa atuação e ajudou a implementá-la. Os revolucionários devem intervir nos Sindicatos para adiantar a experiência das massas com suas direções e avançar em um programa de independência de classe como instrumento para uma vanguarda consciente. Com esse espírito, é que começamos uma experiência muito importante em professores e, é a serviço disso que nos colocamos.

Artigos relacionados: Movimento Operário









  • Não há comentários para este artigo