Sexta 29 de Março de 2024

Nacional

Sintusp entra na Conlutas para lutar por um Pólo Antiburocrático nacional

10 Oct 2004   |   comentários

Os planos que o governo Lula e o PT têm de aumento da exploração dos trabalhadores e a retirada de nossos direitos e conquistas, e a postura da CUT de apoio e defesa integral às reformas de Lula e do PT, como sendo algo benéfico, impõem a necessidade de unificação e coordenação dos trabalhadores brasileiros para derrotar esses ataques.

A Conlutas ’ Coordenação Nacional de Lutas ’ que se criou a partir da proposta de barrar a reforma sindical é um importante instrumento neste momento, no qual diversos sindicatos que estão contra a política do governo Lula e do PT se unem para encaminhar as lutas.

Os trabalhadores da USP saíram de uma greve de 65 dias, na qual importantes elementos de radicalização e politização de uma relevante vanguarda estiveram presentes, determinando os rumos da luta nesse período.

Após o término da greve, mais precisamente na assembléia de balanço da greve, propusemos que os trabalhadores da USP iniciassem o processo de discussão de “qual deveria ser a posição do Sintusp frente aos ataques do governo Lula e a postura governista da CUT” . Foi aprovada a publicação de um jornal especial de 10 mil exemplares sobre as reformas e como enfrentá-las, além de diversos boletins com a discussão e a convocação para dois debates, nos quais debateram representantes de distintas posições e os trabalhadores presentes, na sua ampla maioria justamente os que foram a vanguarda na greve ’ os piqueteiros que se enfrentaram com as medidas mais duras adotadas pela reitoria contra a greve, como a ameaça de uso da força policial, e os mesmos que aprovaram as consignas mais avançadas, como a retirada da PM dos campi da USP e a Abertura da Contabilidade da USP, Unesp e Unicamp.

Em assembléia trabalhadores da USP aprovam a entrada do Sintusp na Conlutas

Assim, democraticamente os trabalhadores da USP puderam se posicionar e decidir em Assembléia Geral da Categoria, no dia 29 de setembro, a entrada do Sintusp na Conlutas para defender a proposta de lutar para que a Conlutas se transforme num Pólo Antiburocrático Nacional, ou seja, de luta antigovernamental, contra as reformas universitária, sindical e trabalhista e para combater o arrocho salarial e o desemprego, com um programa dos trabalhadores de saída para a crise que parta, entre outros pontos, da exigência de reajuste mensal de salários de acordo com o aumento do índice do custo de vida (para que não tenhamos mais que nos submeter a lutar apenas por reajustes anuais, enquanto o custo de vida sobe constantemente) e da luta contra as demissões e o desemprego.

Aprovou-se também que os trabalhadores da USP e seu sindicato, na Conlutas, deve defender e batalhar para que este Pólo Antiburocrático funcione democraticamente, ou seja, que a participação não esteja restrita aos dirigentes sindicais ’ para que não se transforme em mais uma instância de dirigentes sindicais ’, mas que haja uma efetiva participação dos trabalhadores de base, com poder de decisão. Conseqüentemente, para garantir que os trabalhadores de base do Sintusp tenham papel ativo e dirigente na Conlutas, foram eleitos 10 representantes, entre trabalhadores de base e diretores do sindicato, como representantes responsáveis em defender, na Conlutas, as posições aprovadas na Assembléia.

Para a implementação do programa político votado, a assembléia considerou e deliberou duas necessidades urgentes: a primeira é lutar pela preparação de uma Greve Geral dos trabalhadores para barrar as reformas e os ataques do governo Lula e do PT; a Segunda é que o Sintusp lutará pelo rompimento dos sindicatos e da CUT com o governo Lula e o PT.

A Conlutas deve funcionar com democracia direta para que as bases tenham poder de decisão

A partir deste exemplo do Sintusp, podemos analisar como se deve dar a participação dos sindicatos e trabalhadores na Conlutas. Pensamos, como foi aprovado pelos trabalhadores combativos do Sintusp, que a forma mais eficaz, sem contar também que é a mais democrática e antiburocrática, é a mais ampla democracia direta das bases, onde os trabalhadores tenham o poder de discutir e decidir tudo, não permitindo que os dirigentes sindicais imponham suas posições por cima dos interesses das bases.

Por exemplo, nos meses de novembro e dezembro acontecerão os Encontros Estaduais da Conlutas, nos quais estará sendo discutida a sua organização , o seu caráter (Coordenação, Central Sindical, Pólo Antiburocrático etc.), entre outros pontos. Como foi aprovado pelos trabalhadores da USP, defendemos que nas bases das sindicatos que compõem a Conlutas se realize o maior número possível de reuniões por local de trabalho e assembléias, nas quais os trabalhadores possam discutir todas as questões dos Encontros, para, a partir dessas discussões sejam eleitos representantes responsáveis em levar as decisões dos trabalhadores aos Encontros estaduais e ao nacional, em janeiro, em Porto Alegre.

Assim, cada Encontro estadual (e o nacional), formado por esses representantes eleitos pelas bases, tomará deliberações sobre os temas em pauta respeitando as decisões dos trabalhadores em seus sindicatos e local de trabalho, garantindo um funcionamento democrático em que todas as posições podem ser debatidas e se cumpra as deliberações da maioria dos trabalhadores de base.

Dessa forma, entendemos, a Conlutas se constituirá num Pólo Anti-burocrático nacional e antigovernista, aparecendo como um exemplo que atraia os trabalhadores dos sindicatos que estão sob o domínio dos burocratas da CUT e das demais centrais sindicais, fortalecendo a formação de frações combativas nestes sindicatos, para defender que os sindicatos e a CUT rompam com o governo e o PT e assuma um programa que defenda os interesses dos trabalhadores, expulsando os burocratas dos sindicatos.

Não podemos permitir que se reproduza na Conlutas o processo que ocorreu na CUT, onde a participação e o poder de decisão dos trabalhadores foi substituído pelo controle burocrático dos dirigentes sindicais e das correntes políticas reformistas.

Uma das condições básicas e essenciais para a concretização da Conlutas como um verdadeiro pólo antiburocrático, além de um programa classista ’ em defesa dos interesses dos trabalhadores e do povo pobre ’ é a democracia direta, pois os próprios trabalhadores devem tomar os destinos da sua vida em suas próprias mãos, evitando que novos burocratas sindicais venham a trair a vontade da classe trabalhadora.

Artigos relacionados: Nacional , Movimento Operário









  • Não há comentários para este artigo