MOVIMENTO OPERÁRIO
Sindicatos e patrões unidos pelo bem dos trabalhadores?
06 Mar 2015 | Centrais sindicais e entidades industriais se juntam em Manifesto endereçado ao governo por mudança na política econômica em relação ao setor. A “defesa do emprego” seria o ponto nodal dos “interesses comuns” do chamado “Manifesto da Coalização Capital-Trabalho para a Competitividade e o Desenvolvimento”. As burocracias sindicais escolhem caminhar de braços dados com as patronais em lugar da luta contra os ajustes e em defesa do emprego.
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Por: Leo Andrade
O Manifesto será lançado este mês e está em processo de elaboração e de busca de adesão de novas assinaturas. O jornal O Estado de São Paulo (05/03) teve acesso ao texto e divulgou os eixos de exigências dos signatários.
Os quatro eixos mais importantes de cobrança do Manifesto são os juros altos; o câmbio valorizado; a carga tributária e a cumulatividade dos impostos. Nada menos operário que essa política. A plataforma do texto deixa claro que se trata de uma política do setor industrial, patronal, para aumentar seus lucros e sua competitividade no mercado. A única possibilidade de que estas plataformas fossem rumo aos interesses dos trabalhadores seria a exigência do fim do imposto descontado na renda dos trabalhadores, taxação das grandes fortunas e dos lucros empresariais, além do aumento salarial automático de acordo com a inflação mensal.
O texto se quer exige a retirada das MPs 664 e 665, que tem como alvo o ataque aos direitos trabalhistas e previdenciários. Tudo o que o texto consegue dizer sobre os direitos dos trabalhadores é “Precisamos equilibrar as contas públicas pela racionalização e transparência das despesas, preservando os direitos sociais e trabalhistas”, ou seja, não diz nada.
A justificativa das centrais sindicais é de que a indústria está afundando no país e de que estaríamos no mesmo barco, trabalhadores e patrões, então não adiantaria cada um tentar se salvar sozinho, como explica o presidente da Força Sindical, Miguel Torres. Ou seja, estamos afundando juntos, salvemos então por via dos interesses patronais.
Do que se trata é que o chamado Manifesto de Coalização Capital-Trabalho, é, na realidade, um Manifesto do capital assinado também por entidades representativas dos trabalhadores. Uma plataforma industrial aplaudida pelas maiores centrais sindicais do país.
Assinam o Manifesto, além de várias entidades industriais, CUT, Força Sindical, UGT, CTB, além dos mais importantes sindicatos do país, como o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo.
A via da queda de braços das centrais sindicais com o governo foi até agora, e seguirá sendo, a de negociar e pressionar pelas alturas em detrimento da mobilização massiva dos trabalhadores. Dialogam com parlamentares, Eduardo Cunha (PMDB, presidente da Câmara), Renan Calheiros (PMDB, presidente do Senado) e companhia, e agora lançam mão de uma coalização com os algozes dos trabalhadores, seus patrões. Essa política não barrará qualquer ataque e ainda deixa a avenida aberta para a oposição de direita para canalizar o descontentamento dos trabalhadores e de amplas parcelas populares com o novo governo Dilma.
Só a mobilização dos trabalhadores, em um plano de luta nacional, com greves e paralisações, seguindo o exemplo dos professores do Paraná, poderá defender realmente os direitos trabalhistas e o emprego. A tarefa é nacionalizar a greve do Paraná para barrar a oposição de direita e ao mesmo tempo golpear o governo derrotando os ajustes. Nem em defesa do governo, nem com a oposição direitista.
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