Quinta 28 de Março de 2024

Movimento Operário

MOVIMENTO OPERÁRIO

Sindicatos e patrões unidos pelo bem dos trabalhadores?

06 Mar 2015 | Centrais sindicais e entidades industriais se juntam em Manifesto endereçado ao governo por mudança na política econômica em relação ao setor. A “defesa do emprego” seria o ponto nodal dos “interesses comuns” do chamado “Manifesto da Coalização Capital-Trabalho para a Competitividade e o Desenvolvimento”. As burocracias sindicais escolhem caminhar de braços dados com as patronais em lugar da luta contra os ajustes e em defesa do emprego.   |   comentários

Centrais sindicais e entidades industriais se juntam em Manifesto endereçado ao governo por mudança na política econômica em relação ao setor. As burocracias sindicais escolhem caminhar de braços dados com as patronais em lugar da luta contra os ajustes e em defesa do emprego.

O Manifesto será lançado este mês e está em processo de elaboração e de busca de adesão de novas assinaturas. O jornal O Estado de São Paulo (05/03) teve acesso ao texto e divulgou os eixos de exigências dos signatários.

Os quatro eixos mais importantes de cobrança do Manifesto são os juros altos; o câmbio valorizado; a carga tributária e a cumulatividade dos impostos. Nada menos operário que essa política. A plataforma do texto deixa claro que se trata de uma política do setor industrial, patronal, para aumentar seus lucros e sua competitividade no mercado. A única possibilidade de que estas plataformas fossem rumo aos interesses dos trabalhadores seria a exigência do fim do imposto descontado na renda dos trabalhadores, taxação das grandes fortunas e dos lucros empresariais, além do aumento salarial automático de acordo com a inflação mensal.

O texto se quer exige a retirada das MPs 664 e 665, que tem como alvo o ataque aos direitos trabalhistas e previdenciários. Tudo o que o texto consegue dizer sobre os direitos dos trabalhadores é “Precisamos equilibrar as contas públicas pela racionalização e transparência das despesas, preservando os direitos sociais e trabalhistas”, ou seja, não diz nada.

A justificativa das centrais sindicais é de que a indústria está afundando no país e de que estaríamos no mesmo barco, trabalhadores e patrões, então não adiantaria cada um tentar se salvar sozinho, como explica o presidente da Força Sindical, Miguel Torres. Ou seja, estamos afundando juntos, salvemos então por via dos interesses patronais.

Do que se trata é que o chamado Manifesto de Coalização Capital-Trabalho, é, na realidade, um Manifesto do capital assinado também por entidades representativas dos trabalhadores. Uma plataforma industrial aplaudida pelas maiores centrais sindicais do país.

Assinam o Manifesto, além de várias entidades industriais, CUT, Força Sindical, UGT, CTB, além dos mais importantes sindicatos do país, como o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo.

A via da queda de braços das centrais sindicais com o governo foi até agora, e seguirá sendo, a de negociar e pressionar pelas alturas em detrimento da mobilização massiva dos trabalhadores. Dialogam com parlamentares, Eduardo Cunha (PMDB, presidente da Câmara), Renan Calheiros (PMDB, presidente do Senado) e companhia, e agora lançam mão de uma coalização com os algozes dos trabalhadores, seus patrões. Essa política não barrará qualquer ataque e ainda deixa a avenida aberta para a oposição de direita para canalizar o descontentamento dos trabalhadores e de amplas parcelas populares com o novo governo Dilma.

Só a mobilização dos trabalhadores, em um plano de luta nacional, com greves e paralisações, seguindo o exemplo dos professores do Paraná, poderá defender realmente os direitos trabalhistas e o emprego. A tarefa é nacionalizar a greve do Paraná para barrar a oposição de direita e ao mesmo tempo golpear o governo derrotando os ajustes. Nem em defesa do governo, nem com a oposição direitista.

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