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Rubén Matu, de Lear: “Estamos forjando novas tradições no movimento operário”

09 Dec 2014 | “Lear, escuta, sua luta é nossa luta”. Com esse grito ensurdecedor de todo o estádio começou um dos momentos mais emocionantes do ato, após serem apresentados por Claudio Dellecarbonara como os “trabalhadores indomáveis de Lear”.   |   comentários

Rubén Matu, delegado dos trabalhadores de Lear, subiu ao palco junto a uma delegação de trabalhadores da fábrica, dentro da qual está presente Silvio Fanti, assim como trabalhadores demitidos, José Montes, María Victoria Moyano, Edgardo Moyano e trabalhadores de montadoras de diferentes fábricas do país.

Rubén Matu, delegado dos trabalhadores de Lear, subiu ao palco junto a uma delegação de trabalhadores da fábrica, dentro da qual está presente Silvio Fanti, assim como trabalhadores demitidos, José Montes, María Victoria Moyano, Edgardo Moyano e trabalhadores de montadoras de diferentes fábricas do país.

“Já fizemos mais de 6 meses nesta luta histórica enfrentando a multinacional, o sindicato de Pignanelli e seus capangas cúmplices da empresa, o Ministério do Trabalho, a justiça, o governo federal e seu aparato repressivo”. Assim começou Rubén Matu seu discurso.

“Alguns dizem que nossa luta é sindical, mas é uma luta categoricamente política, os fatos demonstram. Até o Cronista Comercial, jornal capitalista, anunciou que o de Lear é o conflito mais importante do ano. Desde o início essa luta foi política, porque as demissões foram ilegais. Lear nunca apresentou o Procedimento Preventivo de Crise, o Ministério olhou de lado, deixando de autuar esta empresa abutre. Nunca intimaram a empresa a dar marcha ré com as demissões, mas os abutres de Lear não só contam com o Ministério, têm um firme aliado que é o SMATA, um dos sindicatos que mais colaborou com a última ditadura e hoje é porta-voz da empresa e um dos sindicatos mais estimados pelo governo.”

“O SMATA meteu gangsters na fábrica, no Congresso Nacional. Também perseguem na Gestamp, na VW Pacheco, na VW Córdoba, na Honda, com Bocha Puddu em 2009, onde o expulsaram por defender os contratados. Mas o SMATA pagou o preço da sua traição. São milhões os que os identificam como amigos e colaboradores das multinacionais que exploram os trabalhadores. Eles dizem que onde está a esquerda há demissões, mas é mentira. Onde eles estão, tem demissões sem luta, onde estamos nós, onde está o PTS, há resistência.”

“Vai acabar a burocracia sindical!”, ovacionou o estádio.

Rubén Matu seguiu: “Durante estes 6 meses quiseram liquidar a luta com repressão, mas aqui seguimos de pé, e aqui estão nossos companheiros lutando até o final”.
“Vamos voltar!”, cantava todo o Argentinos Juniors.

"Eles deixaram muitos feridos, detidos, batendo em trabalhadores, estudantes, jornalistas, em Vicky Moyano, em Christian Castillo, em Nicolás del Cano. Mas nós ganhamos o direito de protestar e a Gendarmeria teve que abandonar a Panamericana, (rodovia mais importante da Argentina, ligando toda a zona industrial em Buenos Aires) por ordem de Arroyo Salgado, que é a mesma que nos enviou a repressão. Tivemos grandes vitórias políticas durante o conflito, freamos o secretário de segurança Sergio Berni, o "carancho" Torales, policial que forjou atropelamento para incriminar manifestantes, não está mais na Panamericana. Também conseguimos que o kirchnerismo se dividisse, mas há algo mais importante ainda: freamos as demissões na Zona Norte, o principal cordão industrial do país, a principal concentração operária.”

“Muitos dos que estão aqui hoje nos acompanharam em nossas jornadas de luta. Também colaboraram com o fundo de luta para que não nos quebrassem pela fome. Nós estamos de pé, mostrando a todos trabalhadores que se saímos a lutar podemos enfrentá-los. Vão encontrar uma firme resistência onde os trabalhadores estejam organizados e dispostos a continuar na luta até o fim. Esta não é uma declaração de comprometimento nem uma frase bonita para um discurso.”

“Por isso os indomáveis de Lear queremos fazer a vocês uma proposta. Façamos de conta que isso é uma grande assembleia de trabalhadores e ratifiquemos o que votamos com os companheiros ontem na assembleia: realizar uma jornada nacional com fechamentos de rua em todo o país, fechando a Panamericana, nesta quinta-feira, com a consigna "por um Natal sem famílias na rua", e pela readmissão já de nossos companheiros. Propomos a vocês que todos os que estiverem de acordo por favor levantem a mão. (Mãos levantadas em todo o estádio).”

“Agora, companheiros, que o governo e a empresa nos esperem na Panamericana.”

“Estamos orgulhosos da grande luta que estamos à frente. Estamos orgulhosos de forjar novas tradições no movimento operário. Acreditamos na organização independente dos trabalhadores, da nossa classe. Confiamos na unidade e na força dos trabalhadores. Com trabalhadores dispostos a lutar até o fim, que não têm medo da burocracia e de suas gangues, que se sentem parte da classe trabalhadora, com dirigentes duros mais testados na luta de classes, que não se encolhem frente aos ataques. Aqui estão os que poderiam ser os próximos delegados sindicais, que aguentam a perseguição da polícia, esses são os operários de Lear que se formam nesta tradição que impulsiona nosso partido, o PTS; e estou orgulhoso de militar neste partido.”

“Por último, queremos fazer uma grande homenagem a uma companheira incansável que vem lutando há 38 anos: Elia Espen. Ela nos deu a honra de nos entregar seu lenço à comissão de mulheres e aos demitidos de Lear, agora queremos lhe honrar entregando o lenço com todas as nossas assinaturas.”

Logo depois, outra homenagem a um grande lutador de Donnelley e do PTS que sofreu recentemente um acidente: Marcelo "Pollo" Espósito.

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