Sexta 19 de Abril de 2024

Juventude

Romper com a UNE e com a UBES e se unificar num grande pólo antiburocrático e pró-operário

10 Sep 2004   |   comentários

A grande debilidade que enfrentamos nas lutas estudantis ao longo de 2004 é que ainda não conseguimos colocar de pé nenhum organismo que seja capaz de unificar todos os estudantes mobilizados. A UNE e a UBES, entidades nacionais do movimento estudantil, deveriam ter o papel de unificar a nível nacional todos os processos de luta que estão em curso, porém, completamente controladas pela UJS e pelo PT, não passam de braços do governo dentro do movimento, e tentam barrar a cada passo nossa mobilização.

Ao contrario da CUT, que ainda controla e dirige a esmagadora maioria do movimento operário (apesar do descontentamento que sua política governista já está gerando), as entidades estudantis UNE e UBES há alguns anos, não só não contam com o respaldo dos estudantes, mas são rechaçadas por um importante setor dos estudantes que se mobilizam em todo o país. Frente a essa situação, os estudantes de Salvador e de Florianópolis, que foram capazes de conquistar a simpatia dos trabalhadores na sua luta contra o aumento das tarifas, os estudantes universitários da Bahia que protagonizaram e protagonizam importantes mobilizações e greves contra as políticas do PFL e do PT, os estudantes da UNESP, USP e UNICAMP, os da PUC/SP, os estudantes de Manaus e do Pará, enfim, todos os estudantes que se mobilizam nos quatro quantos do país, necessitam urgentemente de um organismo que possa unificar nacionalmente suas lutas e suas demandas. Para isso devemos romper com a UNE e com a UBES e colocar de pé um grande pólo nacional antiburocrático e pró-operário, que unifique a luta dos universitários e secundaristas, resgatando as melhores tradições do movimento estudantil brasileiro e da própria UNE, hoje pisoteadas pela política da UJS e do PT.

A esquerda petista e o P-SOL (cuja ala majoritária até pouco tempo fazia parte da esquerda petista), no inicio do governo Lula afirmava que este era um governo de disputa, que o movimento de massas deveria disputá-lo por dentro e por fora. Agora essas correntes, se colocam como oposição ao governo e algumas como aquelas que integram o P-SOL romperam organizativamente com o PT e com o governo, porém na prática continuam atuando na UNE e no movimento de massas como sempre atuaram, disputando cargos e realizando uma oposição de palavra à UJS. Basta! Esses setores devem romper com a UNE e colocar todos os CAs e DCEs que dirigem a serviço da construção de um pólo antiburocrático nacional que unifique o movimento estudantil na luta contra o governo Lula e a sua reforma universitária. O próprio PSTU permanece nesta entidade e não trava uma batalha para que todos os setores do movimento estudantil integrem a Conlute, debilitando esse organismo que pode ter um grande potencial para a reorganização do movimento estudantil, à condição de que os CAs e DCEs que o integrem travem uma grande luta contra a burocracia estudantil e pela auto-organização dos que lutam.

Transformar a Conlute num pólo nacional que unifique universitários e secundaristas

Hoje já existe um Coordenação de lutas Estudantis, na qual participam centenas de entidades estudantis, entre CAs, DCEs e comitês contra a reforma universitária. Essa coordenação foi formada a partir do Encontro Contra a Reforma Universitária, realizado no Rio de Janeiro, ao qual compareceram mais de 1200 estudantes, e se propõe a unificar as nossas lutas a nível nacional. Não concordamos com a política do principal partido que hoje impulsiona a Conlute, o PSTU, pois ela impede que a Conlute se transforme de fato num grande pólo de reorganização antiburocrática do movimento estudantil e não contribui para a formação de CAs e os DCEs militantes e pró-operários, que não se restrinjam às suas diretorias, mas que ao contrario, lutem para impulsionar e unificar a nova vanguarda estudantil que começa a surgir. Porém, não somos sectários e apostamos na unidade de todos os setores do movimento estudantil que estiverem dispostos a lutar contra as medidas do governo Lula de ataque às universidades e à juventude. Chamamos todos os estudantes, universitários e secundaristas, mesmo que não concordarem conosco que este é o momento de romper com a UNE e a UBES, a lutarem junto conosco dentro da Conlute, para que esta se transforme num pólo militante, antiburocrático e pró-operário que seja capaz de lutar em todo o país contra a burocracia estudantil, impulsionando a auto-organização do movimento.

Por DCEs e CAs militantes

Devemos romper com a tradição da UNE e da UBES nas últimas décadas, onde as entidades nacionais, as executivas de curso, os CAs e os DCEs se resumem às suas diretorias, utilizando os estudantes apenas como “massa de manobra” para a política impotente e oportunista da burocracia estudantil.

Lutaremos na Conlute para revolucionar o movimento estudantil transformando, CAs e DCEs, em organismos vivos, que sejam capazes de expressar politicamente a nova vanguarda estudantil que começa a se formar. Assim, lutaremos para que os organismos estudantis que integram a Conlute se espelhem e se apóiem nos exemplos mais avançados de unidade operário-estudantil, como foi a luta dos estudantes da PUC e de outras universidade e escolas para apoiar a ocupação da Fábrica Flakepet e para defender os piquetes de greve dos funcionários da USP frente a ameaça da PM. Também lutaremos para que a Conlute se espelhe nos estudantes de Salvador, que se auto-organizaram para lutar contra o aumento da tarifa. Ao contrario da UNE e da UBES a Conlute pode se tornar um pólo nacional que multiplique estes exemplos por todo o país. Para nós da Comuna e da JRS multiplicar estes exemplos é o caminho para colocar de pé um novo movimento estudantil, anti-capitalista, anti-burocrático e pró-operário.

A Conlute deve lutar para colocar a universidade a serviço dos trabalhadores

A defesa da universidade pública contra os ataques do governo Lula é uma luta democrática fundamental que os estudantes devem levar adiante no próximo período. Porém, para levar essa luta até o fim, os estudantes não podem se limitar a defesa da atual universidade, pois sabemos o quão excludente e elitista ela é. A principal força que tem hoje o governo Lula para aplicar seus planos é a ilusão que milhões de trabalhadores ainda tem nesse governo. O ministro Tarso Genro e o PT, querem apresentar a reforma universitária, que aplica em consonância com os planos do BID e do Banco Mundial, como um ataque aos privilégios de um pequeno setor e como uma medida que visa ampliar o acesso a universidade para os setores da juventude que hoje são excluídos.

A Conlute deve lutar dentro do movimento estudantil por um programa claro, que parta da defesa da universidade contra os ataques do governo federal, mas que não se restrinja a luta contra a reforma. Devemos ligar a luta contra a reforma com a luta para colocar a universidade e o conhecimento nela produzido a serviço dos trabalhadores e de suas lutas. Para isso devemos lutar pelo fim do vestibular e pela estatização das universidades particulares sob controle da comunidade universitária. Devemos lutar para revolucionar a estrutura de poder das universidades impondo a expulsão da burocracia acadêmica e uma gestão tripartite, com maioria estudantil, onde estejam representadas as organizações operárias e populares.

Longe de ser uma proposta utópica, esta é a única saída para a crise cultural, política e económica da universidade hoje. O capitalismo hoje necessita de autómatos que trabalhem, mas que não pensem. Frente a essa situação é utópica a criação de uma universidade “autónoma” , voltada para o desenvolvimento do capitalismo nacional, como defende a esquerda petista, a partir do plano nacional de educação. Temos que seguir o exemplo dos estudantes bolivianos da Universidade Técnica de Oruro, que a poucos dias expulsaram a burocracia, impuseram um governo revolucionário tripartite com maioria estudantil, onde participa a COB e a COD (centrais sindicais) e as “juntas vecinales” , e agora lutam por uma verdadeira revolução universitária que se estenda por toda a Bolívia.

Convocar um encontro nacional de delgados de base que organize uma greve geral estudantil para derrotar a reforma universitária.

A partir da mobilização crescente dos estudantes universitários, principalmente nas universidades do norte e do nordeste, a Conlute deve lutar em todos os espaços, a começar pela plenária nacional do dia 12, para convocar um encontro nacional de delgados de base, que unifique os secundaristas de Salvador com os de Florianópolis, que unifique os estudantes das universidades baianas com os estudantes das universidades paulistas; que unifique a luta pelo passe livre coma luta contra a reforma universitária. Esse encontro deveria ter como principal tarefa organizar uma greve geral estudantil que barre o projeto de reforma universitária que esta sendo aplicado pelo governo Lula. Nessa luta, poderemos contar como apoio de professores e funcionários que estão em greve em várias universidades do país e que estarão dispostos a unificar suas forças com os estudantes.

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