Quinta 25 de Abril de 2024

Movimento Operário

NOVA CARREIRA E O “PROADE” NA USP

Reitoria quer legalizar demissões “silenciosas” e o assédio moral

11 Aug 2011   |   comentários

Depois da greve de 2010, em que os trabalhadores da USP enfrentaram o projeto privatista e elitista da reitoria, Rodas mudou sua tática para avançar no projeto estratégico de adaptar a universidade às necessidades do mercado. Durante o ano vem combinando medidas como a reformulação e tentativa de fechamento de cursos a ataques mais diretos aos funcionários como o limite de 77% do orçamento para folha de pagamento e a demissão de 270 trabalhadores. Agora, a reitoria tenta anestesiar os ânimos apresentando ataques profundos travestidos de conquistas parciais como a aprovação do novo plano de carreira que elevou o piso salarial de todos os níveis na USP. Rodas implementa na USP a política de Geraldo Alckimin para o estado de SP quando anunciou que faria reajustes diferenciados para o funcionalismo, atrelando futuros reajustes ao “mérito”. Naquele momento estas medidas cumpriam ao mesmo tempo o papel de dividir as categorias do funcionalismo e de responder preventivamente ao possível aprofundamento da crise política que se abriu em SP, bastião histórico do PSDB, com a debandada de importantes figuras que migraram para o PSD de Kassab, entre eles Guilherme Affif Domingos, responsável pelas Universidades Estaduais paulistas na Secretaria de Desenvolvimento – tudo isso somada à péssima relação entre o governo e as categorias do funcionalismo.

A nova medida “complementar” à carreira na USP, o PROADE (Programa de Acompanhamento e Desenvolvimento Funcional), visa avaliar periodicamente os funcionários de acordo com critérios de produtividade e da “agregação de valor à instituição”, indicando a demissão dos trabalhadores “pouco produtivos” ou que não se adequem aos critérios de “competência técnica e comportamental”. No melhor estilo capitalista com os chamados ajustes fiscais, o PROADE legaliza uma ofensiva de novas demissões, instituindo o assédio moral das chefias e dividindo os trabalhadores que competem entre si para ascender individualmente na carreira e/ou manter seu emprego tornando a precarização das condições de vida e de trabalho escancaradas pela terceirização uma ameaça concreta dos trabalhadores efetivos, que por vezes, consideravam-se imunes graças à sua relativa estabilidade.

Várias unidades já iniciaram o corte de trabalhadores de maneira silenciosa. A COSEAS, unidade famosa pelo altíssimo índice de doenças ocupacionais vem avançando ainda mais na precarização das condições de trabalho que hoje impõem um ritmo alucinante de trabalho dos “bandejões” demitindo trabalhadores como a técnica de nutrição Amanda Janaina. Em resposta os trabalhadores começaram a se organizar a partir de reuniões por local de trabalho, organizadas junto ao Sinutsp, exigindo a revogação imediata do PROADE e o fim das demissões. Nesta semana, cansados de toda esta situação os trabalhadores paralisaram espontaneamente suas atividades em solidariedade a uma das companheiras.

Desde o Sintusp viemos discutindo nos locais de trabalho, assembléias e atividades do sindicato um plano de luta para derrotar o PROADE, porque somente a mais ampla auto-organização dos trabalhadores, utilizando-se dos seus métodos de luta, será capaz de impedir o avanço destes ataques. Devemos, também, exigir o fim do assédio moral nos restaurantes e todos os locais de trabalho, o fim da perseguição aos ativistas e dirigentes sindicais, a reintegração de Claudionor Brandão, a efetivação de todos os trabalhadores terceirizados sem necessidade de concurso público e nenhuma demissão. Estas reivindicações são parte da necessária luta para derrubar esta estrutura de poder que mantém uma camarilha privilegiada de burocratas decidindo os rumos da universidade.

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