Terça 23 de Abril de 2024

Movimento Operário

TRABALHADORES ENFRENTAM A BUROCRACIA SINDICAL GOVERNISTA

Rebelião dos trabalhadores dos Correios contra o governo é traída pela burocracia sindical

26 Sep 2009   |   comentários

A greve dos correios teve inicio no dia 16/09, fruto de uma rebelião da base que impós uma greve forte e combativa depois da provocação do governo que oferecia 4,5%, frente à reivindicação de 41,03% de perdas salariais dos últimos anos. O governo Lula continuou com a política de completo desprezo por essa categoria superexplorada que vem travando importantes combates nos últimos anos. Apresentou uma proposta que valeria por dois anos (!) de apenas 9% de aumento e 100 reais de aumento do piso em janeiro. O objetivo era garantir que não haja greve em meio às eleições certamente conturbadas de 2010.

A CTB, ligada ao PCdoB, e a CUT não conseguiram fazer a categoria engolir o acordo por dois anos e foi obrigada a, em alguns estados como São Paulo, votar uma contraproposta de 300,00 de aumento do piso e acordo válido por 1 ano. Nesse momento, foram poucos estados onde a burocracia conseguiu impor o fim da greve, sendo que em São Paulo houve uma verdadeira rebelião da base contra os burocratas que ameaçaram os trabalhadores de todas as maneiras.

Mas a traição vinha sendo orquestrada. Ao mesmo tempo em que ia quebrando a greve em alguns estados, o governo, em acordo com a burocracia sindical, mandou a greve para o Tribunal Superior do Trabalho. Como não poderia deixar de ser, este organismo a serviço da burguesia não poderia dar uma saída favorável aos trabalhadores e apenas tratou de ameaçá-los com corte de ponto a partir de julgar a greve “abusiva” . Era o que a burocracia precisava para ir direto com a faca no pescoço da vanguarda que mantinha a greve.

Em São Paulo, organizaram uma assembléia absurda. O advogado do sindicato falou durante quase uma hora de “todos os riscos” para os trabalhadores e a necessidade de encerrar a greve. A raiva da maioria era tanta que os sindicalistas foram obrigados a, pela primeira vez, abrir uma fala para a oposição. Geraldinho, da Conlutas e do PSTU, defendeu a continuidade da greve. A cada manobra que tentavam impor, já antes da votação, os burocratas eram atingidos por garrafas, papéis e marmitas jogadas pelos trabalhadores que já se adiantavam à traição. Apesar da burocracia ter colocado todo o peso na assembléia, a maioria novamente votou pela continuidade da greve, mas os burocratas disseram que havia ganhado o fim da greve e encerraram a assembléia. A categoria se revoltou completamente e foi pra cima do carro de som e dos burocratas, que ficaram rodeados e escoltados por bate-paus contratados que não conseguiam conter a fúria dos trabalhadores frente a tamanha traição e tomaram várias surras dos trabalhadores.
Essa traição brutal da burocracia coloca uma vez mais aberta a impotência da esquerda que está na categoria (PSTU, PCO) para dar uma resposta e uma direção a estes trabalhadores que mais uma vez demonstram sua combatividade e se enfrentam com os burocratas.

O PSTU, que via Conlutas é a oposição mais forte em São Paulo, aceitava passivo o fato de que os burocratas não os deixavam falar nas assembléias, sem recorrer aos trabalhadores que seguramente os apoiariam nessa luta. Mesmo nos momentos em que se expressava um amplo rechaço, não tomavam nenhuma iniciativa e em algumas assembléias sequer materiais distribuíam. Enfim, são uma oposição adaptada que não consegue ser uma alternativa real à combatividade da vanguarda dos Correios. Inclusive, na última assembléia, frente à fúria com a traição, separava seus militantes do enfrentamento.
O PCO, um dia antes da greve dizia: “os únicos a defender a realização da greve para o próximo dia 15 são os elementos da cúpula do Bando dos Quatro (PT-PCdoB-PSTU-Psol) (...) O PSTU/Conlutas são os ”˜grevista”™, ”˜lutadores”™ que dão a versão esquerdista para a proposta totalmente direitista (o PCdoB é o maior defensor) e favorável à ECT (que não cansa de repetir que o último dia de negociação é dia 14) de que dia 15 ou é greve (que ele sabe perfeitamente se acontecer será fraquíssima) ou aceitação da proposta.” . Mais uma vez mostram-se como uma seita oportunista descolada da base ao dizer que a greve seria fraca, impedem a greve nos setores onde tem relativo peso como oposição (Minas Gerais e Espírito Santo) e se mantém como totalmente inorgânicos em São Paulo e com grande rechaço na vanguarda. Tanta denúncia contra o “Bando dos Quatro” é para encobrir que o PCO se consolida como o fura-greve oficial dos Correios. Por sua vez, o MNN, mesmo tendo um militante na categoria, nada mais fazia do que distribuir seus pequenos cartazes nas assembléias sem nenhum setor organizado para atuar e sem nenhuma proposta de como avançar a luta!
É necessário uma corrente de trabalhadores dos Correios que seja capaz de superar a traição da burocracia e a impotência da esquerda, preparando-se para os próximos combates com organização, programa e estratégia para enfrentar a direção da empresa, o governo e os burocratas sindicais do PCdoB e do PT/CUT.

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