Sexta 19 de Abril de 2024

Internacional

SESSÃO ARGENTINA DA FRAÇÃO TROTSKISTA QUARTA INTERNACIONAL

Realizou-se o XIV Congresso do PTS

26 Jun 2014   |   comentários

Entre os dias 20 e 22/6 realizou-se o XIV Congresso do PTS. Em relação ao congresso anterior, em abril de 2013, o PTS cresceu 40% em sua militância, fruto da intervenção política mais ampla nos principais fenômenos da luta de classes no país, o que permitiu o aprofundamento do trabalho no movimento operário e da inserção do partido na indústria

Entre os dias 20 e 22/6 realizou-se o XIV Congresso do PTS. Em relação ao congresso anterior, em abril de 2013, o PTS cresceu 40% em sua militância, fruto da intervenção política mais ampla nos principais fenômenos da luta de classes no país, o que permitiu o aprofundamento do trabalho no movimento operário e da inserção do partido na indústria, que se expressou politicamente nos mais de 1.200.000 votos conquistados pela Frente de Esquerda e dos Trabalhadores – frente eleitoral anticapitalista e de independência de classe dos trabalhadores formados por partidos trotskistas (PTS-PO-IS) – nas eleições de outubro. Produto do peso específico conquistado pelo PTS na vida política nacional, em meio aos maiores ajustes antioperários desde a década de ’90 aplicados pelo governo Kirchner, à inflação galopante e os ataques orquestrados pela patronal contra a vanguarda operária com a crise da indústria, este congresso é o mais importante da história do PTS. Participaram do mesmo mais de trezentos delegados de todo o país, entre os quais se encontram dirigentes operários de importantes metalúrgicas, da indústria da alimentação, gráficas e engenhos açucareiros, junto com professores, trabalhadores municipais, e estudantes secundaristas, técnicos e universitários.

Dentre as distintas discussões e resoluções que enriqueceram o congresso, algumas ressaltam pela importância que têm na dinamização em nova escala a atuação do PTS. Politicamente, a Argentina se encontra em meio a uma nova crise da dívida externa: o juiz da Corte Suprema dos EUA, Thomas Griesa, sentenciou o pagamento imediato de uma dívida de 1,3 bilhão de dólares, correspondente a uma parte dos títulos não pagos pelo governo argentino a especuladores norteamericanos em 2001. A resposta do governo kirchnerista (que vem buscando baratear os custos de empréstimo internacional, pagando “religiosamente” suas dívidas com o Clube de Paris e o FMI), com apoio da oposição patronal, é de ganhar tempo para negociar a forma de pagamento, submetendo o país a um novo ciclo de endividamento, em benefício da burguesia financeira internacional. Desde as bancadas do PTS na FIT se rechaçou qualquer tipo de pagamento ou negociação com os chamados “fundos abutres”, e contra o desígnio dos partidos do regime burguês de dar continuidade à entrega do país nestes pactos de colonização. No Congresso do PTS, se ratificou o rechaço e se votou uma "campanha nacional pelo não pagamento da dívida externa" e a exigência de uma "consulta popular vinculante para que seja o povo que decida", um plebiscito que se apoie na ampla mobilização nacional contra a opressão imperialista. Nos fundamentos da resolução se coloca que “a extorsão não vem apenas dos ‘fundos abutres’, mas da mecânica do conjunto da dívida externa. Não defendemos o não pagamento como uma medida isolada, mas como parte de um programa integral de soberania nacional contra o imperialismo”.

Votou-se também no congresso o desafio de colocar em marcha a partir do próximo mês de setembro um diário digital multimídia, inspirado na experiência do diário digital da esquerda autônoma do Estado Espanhol, “Publico.es”, que chega a competir com as plataformas digitais dos meios burgueses em acessos. Como dissemos, a Frente de Esquerda e dos Trabalhadores – da qual faz parte o PTS – conquistou mais de um milhão de votos; tendo em vista que as páginas da esquerda chegam apenas a um pequeno setor de militantes ativos, o congresso do PTS discutiu estar em condições de assumir a responsabilidade de alcançar novos setores de trabalhadores e de jovens muito além do espectro deste eleitorado que se expressou em outubro de 2013, numa comunicação interativa, política e ideologicamente, que permita que os trabalhadores conscientes e os votantes na esquerda não se informem apenas pelos monopólios midiáticos patronais ou ligados ao governo Kirchner. Esta política está ligada à produção quinzenal de uma tiragem massiva do LVO (La Verdad Obrera, periódico do PTS), para distribuição nas fábricas e locais de trabalho.
Finalmente, destacamos a votação de uma campanha contra as demissões e suspensões na fábrica de autopeças Lear Corporation e na gráfica Donnelley, ambas de capital norteamericano, colocando que "não vamos aceitar que estes ’capitais abutres’, que ganham milhões de dólares em todo o mundo, golpeiem os trabalhadores combativos e antiburocráticos, e por isso a esquerda se soma a sua luta, dentro de nossa defesa de apoio integral a todas as lutas operárias e populares que enfrentam a ofensiva do capital, como Cerâmica Neuquén e Paty". Esta campanha está vinculada a uma perspectiva de conjunto de defesa da vanguarda operária, das comissões internas das fábricas e corpos de delegados classistas e antiburocráticos, contra a perseguição e os ataques patronais em toda a Zona Norte de Buenos Aires, principal zona industrial do país, e também contra os deputados de esquerda agrupados na FIT. São diversos os exemplos desta campanha persecutória de setores organizados da vanguarda operária, na mira das patronais e da burocracia sindical. Depois da grande luta contra as demissões na fábrica Gestamp, em que a burocracia sindical se encontrava ao lado da empresa atacando os grevistas e patrocinando sua repressão e demissão, Ricardo Pignanelli, burocrata sindical metalúrgico ligado ao governo, disse estar “preocupado, não só pelos delegados que não respondem ao sindicato em Volkswagen, Lear e Gestamp, mas também pelas comissões internas da zona onde está a esquerda”, chegando a convocar uma reunião da confederação dos sindicatos da indústria para debater “a infiltração da esquerda nas fábricas”. Junto a isso, em função da intervenção de independência de classes e de denúncia às instituições do regime burguês por parte dos deputados de esquerda, desenvolve-se uma perseguição aos deputados da Frente de Esquerda em Mendoza, Salta e Córdoba, com companheiros sendo indiciados judicialmente por combaterem o ajuste e as políticas antipopulares.

Para barrar esta “santa aliança” reacionária do governo, das patronais e da burocracia sindical contra o ativismo operário que emerge e se desenvolve desde a histórica paralisação nacional do 10 de abril e a Frente de Esquerda, é necessário desenvolver a política de coordenação do sindicalismo de base, da vanguarda operária combativa e da esquerda, envolvidas no Encontro Sindical Combativo de Atlanta, realizando um Encontro Nacional massivo e unitário com a participação de todas as correntes que se reivindicam classistas e combativas (como o Partido Obrero, que ainda não se somou a esta iniciativa), em defesa dos lutadores.

Estas discussões e resoluções são expressão da vontade de dar um novo salto na construção de um partido revolucionário, que tenha maior inserção no movimento operário e em amplos setores da juventude argentina, com projeção superestrutural (como a bancada de deputados trotskistas do PTS na FIT). Estas posições em distintas frentes da luta de classes estão colocadas a serviço de desenvolver uma verdadeira alternativa política dos trabalhadores, na perspectiva da construção de um partido revolucionário na Argentina como parte da reconstrução do partido mundial da revolução social, a IV Internacional.

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