Quinta 25 de Abril de 2024

Movimento Operário

ELEIÇÕES SINDICAIS

Que chapa precisam os metroviários para avançar em suas lutas?

17 Jul 2013   |   comentários

Nós, do Metroviários pela Base, defendemos que o sindicato deve ser independente dos patrões, dos governos, dos partidos burgueses e da burocracia sindical. Por isso, defendemos um sindicato que não alimente nenhuma confiança no TRT e na justiça dos patrões. Sempre atuamos buscando ligar a luta da categoria à população usuária do Metrô, como fizemos na luta contra o aumento das passagens, que foram o estopim das mobilizações de junho deste ano. Defendemos um sindicato que lute pela aliança com os terceirizados, como fizemos apoiando decisivamente a luta dos trabalhadores da Façon pelo pagamento correto de seus salários e direitos. Defendemos um sindicato democrático, que atue desde a base, organizando reuniões setoriais, elegendo delegados sindicais que realmente representem a base e não sejam meros agentes das políticas do sindicato, como buscam fazer nossos cipistas e delegados sindicais.

Essas são algumas de nossas principais ideias. Consideramos que a gestão passada do sindicato, ligada à CTB e à CUT, não representava essas posições e que a atual diretoria representou um avanço parcial nesses pontos. Porém, temos críticas à atual diretoria, pois achamos que são inconsequentes em levar até o final essas ideias fundamentais. Ainda assim, achamos que nossas posições deveriam ser discutidas democraticamente numa convenção unificada dos lutadores da categoria, onde cada setor defendesse suas ideias.

Atual diretoria do sindicato dos metroviários “veta” o Metroviários pela Base na chapa!

A atual diretoria do sindicato lançou um material onde chama os metroviários a participarem da escolha dos candidatos que representarão as áreas na sua chapa (“Material da chapa da atual diretoria do sindicato”). Deixa claro nesse material que a chapa será composta pelo “campo” da atual diretoria (que é composta pelo PSTU, PSOL e independentes organizados no PAN), e se daria contra as “chapas de oposição”, por um lado a CTB/”Unidade e Luta” e a CUT/”Atitude Metroviária” e por outro lado, do Metroviários pela Base (MpB). O argumento pelo qual dizem não fazer chapa com a CTB e a CUT é de que são setores que atrelam os sindicatos ao governo e defendem as privatizações. Por outro lado, alegam não aceitar a presença do MpB na chapa porque nós seríamos um setor que faz críticas destrutivas e quer dividir a categoria, pois supostamente nos colocamos contra os seguranças. Queremos discutir justamente com esses argumentos utilizados pela atual diretoria do sindicato para dividir os lutadores nessas eleições.

Em primeiro lugar, nós do MpB concordamos integralmente com os motivos pelos quais a diretoria diz não aceitar uma chapa com CTB e CUT, e são os motivos pelos quais nós também não faríamos chapa com esses setores governistas e burocráticos. Nós fomos linha de frente em combater essas centrais pelegas e traidoras quando se colocaram contrários, por exemplo, a que a categoria apoiasse e participasse do movimento protagonizado pela juventude que tomou as ruas no mês de junho deste ano, pois queriam preservar o governo de Haddad do PT. Agora essas mesmas centrais querem se aproveitar, junto com Paulinho da Força, dessa “onda” de manifestações para tentar ganhar projeção eleitoral.

Porém, não aceitamos que digam que nossas críticas são destrutivas. É notório que temos críticas sim, mas não são destrutivas, muito pelo contrário. Toda a categoria sabe que os Metroviários pela Base estiveram, desde sua recente existência, na construção de todas as campanhas salariais, assembléias, manifestações, paralisações e no dia-a-dia da construção de setorias e reuniões na base. Não deixamos de colocar nossas opiniões, mas nunca desrespeitando os fóruns da categoria e sempre buscando atuar em comum com a própria diretoria do sindicato nos pontos que concordamos. Na campanha salarial, por exemplo, nós construímos diversas propostas levadas à frente pelo sindicato, como o colete e a petição on-line contra o aumento das passagens. Propostas que o sindicato reivindica até hoje, então muito nos espanta que agora digam que fazemos apenas críticas destrutivas. Se a diretoria do sindicato considera que para ser “construtivo” não pode haver críticas, então não podemos concordar que esse sindicato esteja “nas mãos dos metroviários” como diziam em sua campanha nas eleições passadas, o que pressuporia sim que as críticas fossem debatidas fraternalmente. O que nós consideramos destrutivo é que membros da ala majoritária da diretoria tentem encobrir sua impotência em mobilizar a categoria chamando companheiros da nossa agrupação, que sempre construiu as mobilizações, de “pelegos” ou “traidores” alegando que votamos contra a paralisação do dia 11 de julho.

Por outro lado, a atual diretoria afirma que não podemos participar da escolha dos nomes nas áreas para compor a chapa por causa da nossa posição sobre os seguranças. Nesse material esclarecemos nossa posição sobre a questão da segurança no Metrô, livre de confusões.

Chamamos a que a atual diretoria reflita sobre ela e nos responda: qual é o desacordo que não permite que façamos uma chapa comum para o sindicato?

Colocamos essas questões para que a diretoria do sindicato assuma posição honesta perante a categoria e declare seus verdadeiros motivos para vetar um setor reconhecidamente combativo da categoria,cometendo o grave erro de dividir os lutadores e abrindo espaço para que as centrais pelegas, burocráticas e governistas voltem a controlar nosso sindicato. Diferente do material da chapa da diretoria, que não discute propostas nem programa e impõe um “veto” divisionista, nós queremos em primeiro lugar debater nossas idéias e nossas propostas.

Verdades e mentiras de nossa opinião sobre a segurança do Metrô!

Em 2011 participamos do 10º Congresso dos Metroviários com uma tese que tratava, no marco da discussão da conjuntura nacional e estadual e de propostas para o conjunto do Congresso, sobre a segurança do Metrô. Nessa tese defendíamos o fim da Lei Federal nº 6.149, de 2-12-1974. Acontece que essa Lei, que confere poder de polícia ao corpo de segurança do Metrô, é a mesma que cria o próprio corpo de segurança. Isso deu margem para que muitos setores pensassem que nossa tese defendia o fim da segurança, o que é uma mentira. Nós nunca defendemos o fim da segurança do Metrô, a discussão era somente sobre o poder de polícia. Desde então nossa posição sobre a segurança tem sido propositalmente confundida e caluniada. De um lado, a CTB e a CUT, que querem aparecer como os defensores da segurança, igualam as posições da atual diretoria às que supostamente seriam nossas. Por outro lado, a atual diretoria se defende das acusações, mas reproduz as calúnias de que nós seríamos contra a segurança do Metrô. Na verdade, ambos buscam somente se localizar para ganhar os votos da segurança nas próximas eleições do sindicato, sem se preocupar realmente com as condições de trabalho do próprio corpo de segurança.

Nós, pelo contrário, queremos discutir as causas de fundo dos problemas da segurança do Metrô. Reivindicamos a luta exemplar do corpo de segurança em 1988 contra a substituição dos seguranças pela Polícia Militar, que mostra que os seguranças do Metrô não são o mesmo que policiais e não querem cumprir o mesmo papel. Sabemos que a empresa, ainda mais nos últimos anos com o crescimento vertiginoso do número de usuários sem investimento condizente por parte do governo, tem uma política de buscar resolver os problemas sociais com violência.

Paremos para pensar. Se o Metrô não fosse tão superlotado, os assediadores teriam essa facilidade para cometer violência sexual contra as mulheres nos vagões? Se os usuários não andassem espremidos como em uma lata de sardinhas, teriam tantos motivos para ficarem nervosos e causarem agressões físicas uns contra os outros? Se o transporte público não fosse tão caro e precário, os usuários teriam motivos para se enfrentarem contidianamente contra os funcionários? Se existe uma coisa que ficou clara nas mobilizações que mudaram o país no mês de junho, foi que a população e os trabalhadores dos transportes devem estar do mesmo lado, lutando juntos contra os governos, que são um inimigo comum, por um transporte de qualidade, com melhores condições de trabalho. Somente a política deste mesmo governo é que coloca um se enfrentando contra o outro cotidianamente. Não podemos aceitar isso! Nem naturalizar que a justa revolta dos usuários dos transportes seja respondida com violência!

Nesse sentido, não podemos concordar com setores da categoria que defendem que o corpo de segurança deveria ter acesso à “armamento não letal”, à treinamento para “controle de distúrbios” ou que deveriam ter “respaldo” da empresa para usar de violência contra os usuários. Quem defende isso, faz o jogo da empresa e do governo, pois isso afasta a categoria e o corpo de segurança da população e faz com que os usuários vejam os metroviários como inimigos. Ao mesmo tempo, os que defendem isso, reforçam a estratégia da empresa de transformar o corpo de segurança cada vez mais em policiais, inclusive expondo os trabalhadores a riscos, como é o caso da famigerada (e absurda!) estratégia do “bonde”.

Para nós, essa visão é alimentada por uma herança deixada pela antiga diretoria da CTB e da CUT, que a atual diretoria acaba reproduzindo. Essa herança é a doença do corporativismo, que faz com que a categoria se veja como uma coisa separada da população, e não como parte da classe trabalhadora. A CTB e a CUT, por exemplo, quando estavam na diretoria do sindicato, chamavam as torcidas organizadas, e até mesmo os manifestantes dos atos contra o aumento das passagens de “vândalos”, justificando a política da empresa de repressão aos usuários e exposição dos funcionários a risco. Infelizmente, a atual diretoria não combate essa visão corporativa, mas muitas vezes se adapta a ela, só pra não perder votos.

Nós, pelo contrário, somos a favor de uma segurança que se coloque contra a política do governo do Estado e da empresa de utilizá-los como intrumentos de contenção e repressão frente às contradições e conflitos que resultam da baixa qualidade e dos altos preços do metrô. Uma segurança que se negue a reprimir a população usuária ou que protesta por melhores serviços públicos e se dedique a cuidar da integridade física da população e dos metroviários. Porém, para que isso mude de verdade, é preciso mudar o treinamento que hoje é oferecido pelo Metrô para a segurança, que está a serviço dessa política de repressão (ainda que massarada com um discurso “humanitário”). Por isso defendemos que o sindicato, a partir de um debate que represente os interesses do conjunto da categoria e da população e em discussão com o corpo de segurança, deve sim ter poder de decisão sobre como serão ministrados os treinamentos para a segurança. Por outro lado, precisamos combater a política da empresa, que divide os metroviários em “famílias”. Para isso, os seguranças deveriam, sem deixar de ter sua função específica de seguranças, fazer parte da gerência de operações, participando do quadro das estações, inseridos no mesmo plano de carreira, podendo prestar concursos internos para funções operativas, conformando uma equipe que trabalhasse de forma integrada.

Sabemos que o problema da segurança no Metrô, assim como o problema de condições de trabalho para todos os metroviários e os problemas de precarização dos transportes públicos, tem todos a mesma raiz. Esses problemas só vão se resolver com uma luta unificada entre metroviários e usuários por uma transporte público, gratuito, estatal e de qualidade. Chamamos todos os metroviários a somar forças nessa luta! Essa é a posição do Metroviários pela Base sobre a segurança do Metrô e achamos que essas posições devem ser debatidas na convenção da chapa da atual diretoria do sindicato!

Construamos a mobilização nacional do dia 06/08 e a paralisação nacional do dia 30/08!

Nós, do Metroviários pela Base, defendemos que nossa categoria, junto à classe trabalhadora, entre na mobilização nacional que a juventude protagonizou a partir de junho com suas próprias demandas e métodos. Para isso, o sindicato não pode repetir o que fez no dia 11 de julho, de propor uma paralisação sem nenhuma construção na base. Por isso estamso passando um abaixo-assinado exigindo que o sindicato chame uma assembléia da categoria e organize reuniões na base para organizar desde já os dias 06 e 30 de agosto como dias de mobilização e paralisação em que os metroviários tenham uma política independente da burocracia sindical pelega! Entre em contato conosco e passe o abaixo-assinado em sua área!

LEIA TAMBÉM: POR QUE OS METROVIÁRIOS NÃO PARALISARAM EM 11 DE JULHO?

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