Sexta 19 de Abril de 2024

Movimento Operário

10 DIAS DE GREVE NA VOLKS

Quais serão os próximos passos?

15 Jan 2015   |   comentários

A gigante Volkswagen do Brasil completou, hoje, 10 dias de greve.

A gigante Volkswagen do Brasil completou, hoje, 10 dias de greve. Numa assembléia um pouco mais vazia que as últimas, com cerca de 500 trabalhadores, o sindicato apresentou os resultados das primeiras negociações entre trabalhadores, governo e empresa.

Ontem, o presidente do sindicato, Rafael Marques, o presidente da confederação Nacional dos Metalúrgicos, José Lopez Feijó, e o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Bigodinho, reuniram-se com o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Miguel Rosseto, para entregar a ele a pauta de reivindicação do sindicato.

Com três pontos principais, a pauta reivindica a criação do PPE (Programa de Proteção ao Emprego), a criação de um programa nacional para a renovação da frota de caminhões e a ampliação do crédito para a indústria automotiva. O sindicato informou na assembléia que a pauta foi entregue e que o ministro se comprometeu a fazer chegar às mãos de Dilma. Afirmou que o sindicato segue confiante no governo e que, além disso, tem a esperança de que o governo do Estado de São Paulo também seja simpático à pauta dos metalúrgicos. Assim, entregou as reivindicações ao secretário-adjunto de Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo.

A estratégia do sindicato é clara! Negociar por cima dos trabalhadores e fazer com que todos depositem confiança no governo federal; esse mesmo governo que começou o ano com diversos ataques aos trabalhadores. Nas palavras de Rafael Marques frente a centenas de trabalhadores da Volks, “o governo prospera e precisa manter a política de crédito de Guido Mantega”.

Por outro lado o sindicato sentou com a empresa para, segundo ele, “retomar as negociações” que foram encerradas com as demissões. A Volks falou em alto e bom tom que não reverterá as demissões e de acordo com o sindicato “rezou um terço” para explicar os motivos de cada uma. O sindicato quer resolver o impasse e readmitir “nem que seja uma parte” ou, ainda melhor, reabrir o processo de PDV e que os trabalhadores saiam de maneira voluntária da fábrica.

Opa! Ma não foi justamente essa a proposta rechaçada por ampla maioria no final do ano passado? Pois é, mas agora o sindicato joga nas costas dos trabalhadores a culpa pela greve de hoje, afirma que se tivessem aceitado o acordo a empresa não poderia impor as 800 demissões. Lembrando, é claro, que o PDV, estipulado em 2100 trabalhadores, não tinha nada de voluntário, já que a empresa tinha um número bem resolvido de gente que deveria pedir as contas. Portanto, o sindicato encerra a assembléia dizendo: demissões não, PDV sim! E agora restaria firmar acordo coma empresa e aguardar os voluntários!

Dessa maneira a luta da Volks vai sendo decidida, com sindicato, governo e patronal buscando, cada um, defender o seu lado, colocando os trabalhadores na encruzilhada de ter que voltar atrás e aceitar o ataque do PDV. Dessa forma, os trabalhadores vão aprendendo de acordo com a cartilha dos últimos anos, a enfrentarem as crises sem lutar!

É necessário que toda a categoria metalúrgica mostre já sua força independente dos governos, patrões e burocracia sindical. A unidade dos metalúrgicos do ABC é a possibilidade real de colocar a Volks contra a parede, reverter demissões e ajudar o conjunto dos trabalhadores a enfrentar ataques futuros. Não existe acordo possível com um governo de patrões. Qualquer acordo nesse sentido será para postergar as demissões em massa que o governo já sabe que terão que acontecer e, por isso, sua primeira medida de ajuste é aumentar o tempo para que o trabalhador tenha direito ao seguro desemprego (antes eram 6 meses de carteira assinada e agora 18 meses!!!). Poderemos ver, nos próximos meses, demissões a conta gotas para evitar novas greves e assim ir readequando a produção.

Triunfar na greve da Volks é o caminho para disciplinar as patronais que tanto lucraram e querem seguir lucrando, mas para isso os trabalhadores terão que encontrar saídas por fora dos acordos entre sindicato, patrão e governo!

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