Quinta 25 de Abril de 2024

Nacional

Professores pela Base e Juventude às Ruas no Encontro Nacional de Educação

15 Aug 2014   |   comentários

Nós, das agrupações Professores pela Base e Juventude às Ruas, levamos a todos os setores que ali se reuniam o debate sobre a necessidade de lutarmos contra a precarização da Educação. Mas não desvinculamos a organização de professores e de estudantes da urgência em se forjar uma nova política.

Entre os dias 8 e 10 de agosto, ocorreu o Encontro Nacional de Educação na cidade do Rio de Janeiro, que reuniu estudantes, professores, sindicatos e organizações de várias regiões do país. Foi realizado num momento em que acontece a maior e mais dura greve da USP, junto à Unesp e à Unicamp, que lutam contra o 0% de aumento declarado pelo Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp), e em defesa da educação e da saúde pública – expressa na primeira greve do Hospital Universitário depois de 19 anos sem conseguirem se mobilizar.

Nós, das agrupações Professores pela Base e Juventude às Ruas, levamos a todos os setores que ali se reuniam o debate sobre a necessidade de lutarmos contra a precarização da Educação. Mas não desvinculamos a organização de professores e de estudantes da urgência em se forjar uma nova política. Em meio ao cenário eleitoral aberto, que impõe o seu calendário inclusive às organizações da esquerda, defendemos nos grupos de discussão a importância de levantar uma campanha para que todos os políticos ganhem o mesmo que um professor da rede pública, e para que todos os professores ganhem no mínimo o salário do DIEESE.

Mas acima de tudo atuamos nesse espaço com a perspectiva de que este servisse para promover ações em defesa das lutas concretas da educação, dentre as quais a greve das universidades estaduais paulistas é a mais importante hoje. Nesse sentido, debatemos sobre a necessidade de que o encontro se colocasse a tarefa de organizar uma grande campanha de apoio às estaduais, que se materializasse numa orientação a ativistas e entidades para que contribuíssem para o fundo de greve dos trabalhadores, e a construir atos pela educação pública no dia 14 de agosto, dia em que ocorreu uma manifestação chamada pela greve para fortalecer sua luta.

Isto porque, na USP, vemos um cenário difícil, que necessita de todo o apoio para vencer: o reitor Marco Antonio Zago se mostrou o setor mais intransigente do Cruesp, sempre postergando as negociações na busca de enfraquecer do movimento. Pior ainda: em julho, anunciou o corte de ponto dos grevistas, querendo acabar com a greve pela via da fome e da falta de sustento, e usou da força policial para desmontar os piquetes dos trabalhadores. Porém, estes, resgatando o ensinamento dos garis do RJ, gritaram “Não tem arrego, você tira o meu salário e eu tiro o seu sossego!”, com sua expressão mais contundente no fechamento total da universidade no dia 7 de agosto. Uma greve heroica, que além de colocar suas forças para a readmissão dos 42 metroviários, arrancou a liberdade do aluno e funcionário da USP, Fabio Hideki, preso em uma das manifestações contra os gastos na Copa.
Interviemos ressaltando esse grande exemplo: a greve, sobretudo na USP, se mantém firme pela total organização a partir da base dos trabalhadores para controlar o seu movimento e determinar os seus rumos, o que a torna real e forte – exemplo de democracia operária e de determinação contra os métodos da reitoria e do governo para derrotá-la. E ressaltamos também o papel dos estudantes no apoio ativo à greve, concretizado a partir dos companheiros da Juventude às Ruas: dormem no acampamento junto aos trabalhadores, cozinham e cuidam dos filhos deles, garantindo que pais e mães possam atuar mais plenamente na greve, participando de reuniões, assembleias e atos. Mesmo com muito menos braços e pernas do que o conjunto da esquerda, a Juventude às Ruas pôde concretizar a aliança operária-estudantil vivamente.

Frente a esse cenário, era fundamental que o Encontro se colocasse nessa perspectiva de contribuir para que essa greve triunfe, e que não seja derrotada pela fome. Com nossas forças ali, conseguimos colocar esse debate e arrecadar R$ 1200 para o fundo de greve dos trabalhadores da USP! Mas precisam de muito mais. Infelizmente, o que vimos foi um encontro disperso, em que não se tirou nenhuma resolução, e não concretizou a orientação a esse apoio ativo – e que teria esse potencial. Voltado essencialmente a debater o programa de financiamento da educação, resumiu-se a encaminhar um manifesto, não preparando os jovens e trabalhadores para organizarem uma luta séria, nem contra a farsa do PNE aprovado pelo governo Dilma, que favorece os grandes monopólios da educação, nem para a luta de classes, o que passa hoje por garantir a vitória do movimento da USP, Unesp e Unicamp, uma vez que com essa vitória todos os trabalhadores e estudantes saímos fortalecidos para levar nossa luta adiante.

Voltamos a fazer o chamado para que as entidades de todo o país encampem o apoio ativo à greve nas suas bases, discutindo com os trabalhadores o uso de uma parte de suas finanças para aportar para o fundo de greve, e convocar manifestações nacionais

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