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Primeiros comentários sobre a greve na França

09 Nov 2007   |   comentários

A greve de outubro foi muito forte no transporte terrestre. O centro foi o ataque de Sarkozy contra os “regimes especiais” de aposentadoria. O êxito da convocatória dos sindicatos ficou evidente nos transportes, visto que circularam apenas 5% dos trajetos do país, e a direção da companhia ferroviária SNCF reconheceu que quase 3/4 dos seus trabalhadores (73,5%) se somaram à paralisação. Esta porcentagem é mais alta que a da greve de 1995, que teve a adesão de 67%.

O mais significativo é que houve numerosas assembléias de ferroviários, impulsionadas em grande medida pelos SUD-Rail e FO, nas quais se votava a continuidade da greve, contra a posição da direção majoritária da CGT. Assim, a greve prosseguiu durante o dia seguinte. Marcharam em Paris 25.000 pessoas, fundamentalmente da CGT - ferroviários, metró, coletivos e eletricidade. Em toda a França se realizaram manifestações. Também houve greves de solidariedade em setores não diretamente afetados pelos regimes especiais, como correios, Telecom, agências públicas de emprego e da educação.

Apesar da insistência do ministro do Trabalho Xavier Bertrand em que a reforma “será progressiva” o governo não está disposto a ceder nada essencial. O porta-voz do Executivo, Laurent Wauquiez, se pronunciara com termos claros: “não podemos ceder” no aumento do período de contribuição que dá direito a uma pensão completa desses trabalhadores, que com a reforma deve passar de 37,5 anos para 40 anos. Bernard Thibault, secretário-geral da CGT, chamou o governo a abrir “negociações reais” . Seguramente haverá uma série de reuniões do governo com as cúpulas sindicais. É significativo que esta greve na França tenha ocorrido junto com a greve dos maquinistas na Alemanha, o primeiro conflito que mostra uma nítida ruptura com a política de moderação salarial dos últimos anos. Um verdadeiro ponto de inflexão para o principal país da Europa.

Traduzido por Clarissa Lemos

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