Sexta 29 de Março de 2024

Nacional

PRIMEIRO APAGÃO DE LULA

Povo arcará com os prejuízos

15 Nov 2009   |   comentários

O último apagão (10/11) tem sido tratado como problema técnico, meteorológico ou político. Porém, nada se fala do simples fato de que um serviço essencial como a energia elétrica foi interrompido por horas, atingindo 18 estados, milhares de cidades e deixando às escuras e na insegurança completa cerca de 50 milhões de pessoas. Hospitais tiveram seus serviços de urgência interrompidos, mortes ocorreram, além dos prejuízos que a população sofreu em suas casas, falta de transporte e segurança.

O serviço de energia elétrica é considerado pela Constituição com essencial, não podendo deixar de ser oferecido à população. A imprensa só divulga os prejuízos que as empresas tiveram. A população não existe. Isso demonstra que ess sociedade de classe toma partido dos dominantes e relega os dominados à absoluta indigência. Pouco importam as mortes, as perdas dos trabalhadores e do povo pobre. Quando a culpa é do governo e das empresas não se ouve nenhum paladino da democracia falar em “garantia do serviço essencial” [1]. Agora, quando são os trabalhadores desses serviços públicos que organizam suas greves, o cerco é total, e não faltam palavras ocas em nome dos “interesses da população” . Esses mesmos, que se calam diante deste apagão (o mesmo fizeram com o apagão de FHC), se lançam como feras contra as lutas operárias, investem brandindo a famigerada Lei de Greve (na realidade antigreve), exigindo punição aos grevistas, impondo que os serviços funcionem 100%, investindo operativos policiais de guerra, tudo mentirosamente em nome “da população” .

Dois pesos e duas medidas? Não, assim funciona uma sociedade dividida entre a classe dominante ’ os capitalistas, os exploradores ’ e as classes exploradas e oprimidas ’ os trabalhadores e o povo pobre. Não se ouviu nem viu qualquer palavra falada ou escrita exigindo a punição dos responsáveis por deixar milhões de pessoas sem luz, com aparelhos domésticos danificados, sem atendimento médico e até mortes. Toda a discussão desvia-se dos interesses diretos dos trabalhadores e do povo pobre para temas técnicos e políticos, como se não existisse o povo real. Obviamente, não se precisa ser especialista em física para enxergar que este apagão (e os próximos) se deve ao descaso do governo Lula (em continuidade ao que começou FHC) com os serviços essenciais à população, entregando concessões a empresas privadas (que só visam lucro), cortando recursos do orçamento das empresas públicas para garantir o superávit primário (pagamento dos juros da dívida aos especuladores nacionais e internacionais), deixando para segundo ou terceiro plano a manutenção das linhas de transmissão, dos reservatórios e de todo o sistema. Isso é o que está por trás dos cortes de energia e de água, dos altos pedágios nas estradas e das tragédias em obras públicas, como vimos nessa semana no Rodoanel, mais uma vez demonstrando que tanto Lula como Serra seguem o mesmo rumo: privilegiam os negócios e lucros dos capitalistas, privatizam, entregam os serviços essenciais e nem sequer cumprem seus deveres de fiscalização desses serviços e obras. Quem paga, como sempre, são os trabalhadores e o povo, com prejuízos materiais e vidas.

Devemos exigir que os sindicatos dos eletricitários, a CUT e as demais centrais sindicais, as organizações de trabalhadores e moradores atingidos pelo apagão, constituam uma comissão independente de apuração para chegar às conclusões das causas e responsabilidades deste apagão, os custos para os trabalhadores e o povo pobre, de modo a não deixar impunes os verdadeiros responsáveis: governo e administradores das empresas do setor elétrico. Em qualquer país democrático o ministro da Energia, os diretores de Itaipu, Furnas e do sistema de regulação do setor elétrico estariam sumariamente demitidos e sujeitos a investigação para apuração de responsabilidades. Aqui, mesmo sob o governo de Lula e do PT, eles ficarão impunes, pois nenhuma investigação comandada pelos responsáveis diretos por esse crime social levará a resultados esperados democráticos.

[1Não é de hoje que falta manutenção adequada às torres das linhas de transmissão que ligam Foz do Iguaçu, no Paraná, à subestação de Tijuco Preto, em Mogi das Cruzes. Na verdade, a impressão que se tem, ao ler os documentos oficiais (do Tribunal de Contas da União, do Operador Nacional do Sistema, Controladoria Geral da União e do Ministério do Planejamento), é que as torres do sistema de transmissão de Itaipu nunca pararam em pé direito. Há anos, uma verdadeira novela se desenrola em torno do seu reforço. Onde procurar as causas do apagão ’ 1 e 2. 12/11/2009. http://portalexame.abril.com.br/blogs/esquerdadireitaecentro

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